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Estudantes do PEJA e Proeja participam de Feira da Ciência, Cultura e Arte

Com programação variada, os trabalhos simbolizaram a conclusão do primeiro semestre de 2012.
Viviane Tavares - EPSJV/Fiocruz | 03/07/2012 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

De 25 a 29 de junho, os estudantes do Programa de Educação de Jovens e Adultos (Peja) e do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação Jovens e Adultos (Proeja) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) participaram de uma atividade que simbolizou a culminância do primeiro semestre do ano, a Feira de Ciência, Cultura e Arte. As apresentações foram realizadas no Espaço Casa Viva, em Manguinhos, e na EPSJV.

Na variada programação que contava com poesia, apresentação musical, exposição, roda de diálogo, peça teatral e até uma revista, a Seja Manguinhos, os estudantes do PEJA dos Polo I e II, realizados na Vila Turismo, em Manguinhos e na EPSJV, respectivamente, e do Proeja também realizado na Escola Politécnica compartilharam o conhecimento adquirido de forma multidisciplinar. A coordenadora do PEJA do Polo II, Karine Bastos, explicou que este tipo de atividade possibilita a integração entre as disciplinas, os alunos, os professores e as turmas. "Esta edição ainda tem algo especial porque conseguimos integrar ainda mais as turmas do Polo I, Polo II e Proeja. De alunos a professores, estão todos muito envolvidos nos processos. Afinal, um projeto como este só faz sentido se for coletivo", refletiu.

Com motivos e sonhos diferentes, mas com o mesmo objetivo de ter uma formação mais completa, os estudantes de ambos os programas acumulam, em sua maioria, uma rotina dupla, de dia no trabalhado e à noite na escola. "Precisamos sempre pensar em algo para estimulá-los, por isso que o propósito da feira também tem um caráter artístico, além do acadêmico. Com atividades desta natureza conseguimos evitar a evasão escolar por ser mais prazeroso discutir determinados assuntos", explicou Karine.

O estudante do Polo I e motoboy, Robson Alves Segal, contou que a forma de avaliação diferenciada e os eventos promovidos pela escola facilitam o aprendizado e estimulam a dedicação. "Parei de estudar ainda na 5ª série e depois de 15 anos resolvi voltar para sala de aula para terminar os estudos. No início estava meio receoso se conseguiria acompanhar, mas o método de ensino daqui é muito diferente do que eu tinha tido como experiência", lembrou Robson. O estudante apresentou durante o evento desde artesanato a artigos sobre direitos humanos. "Uma das coisas que mais surpreendeu foi como o professor interagia com os alunos. Uma vez um professor falou dentro de sala que ele passava e recebia conhecimento, que ele também aprendia com a gente", contou.

De acordo com a coordenação dos programas, a promoção da Feira de Arte e Cultura é uma forma de discutir assuntos que, embora não estejam na grade curricular oficial, podem e devem ser discutidos entre os alunos. Exemplo disso foi a participação da representante da ONG Astra, Bárbara Aires, que fez parte de uma roda de diálogo sobre gênero e sexualidade organizada pelas turmas do Ensino Médio II do Pólo II no primeiro dia do evento. "Acho muito importante ações como esta, principalmente para discutir assuntos que ainda nãos são discutidos por professores e alunos. Desta forma, podemos falar sobre os preconceitos, os tabus e as lutas de diferentes movimentos de maneira aberta e sem o peso de uma sala de aula", explicou a travesti, que luta pelos direitos humanos e cidadania GLBT.

Provando que assuntos densos podem ser tratados de diferentes maneiras para facilitar o aprendizado, a costureira Leila Maria da Silva e aluna do Ensino Médio do Polo II teve sua participação marcada nas atividades com a publicação do poema ‘Instante', no caderno Criações Poéticas inspiradas na Arte Modernista, desenvolvido pela turma do Ensino Medio II do Polo II e um artigo sobre violência contra mulher para a revista Seja Manguinhos. Leila disse que agora está mais interessada em política e que correr atrás de seu sonho de ser escritora. "Quando tinha 15 anos meu irmão foi confundido com um fugitivo de Ilha Grande e foi preso injustamente. Tive que abandonar tudo porque tomei frente desta batalha e passei a ser seguida e ameaçada por policiais. Com isso, parei de estudar e de escrever", contou Leila, que adorava escrever poesias e crônicas por influência do pai que era compositor. "Voltei a estudar para realizar meu sonho e também estimular minha filha que tinha parado os estudos. Agora estou realizada duplamente porque nós duas voltamos a estudar e nos formaremos juntas", comentou a aluna.

Determinada em seguir a profissão acadêmica, a estudante Claudia Gomes, do Proeja, quer se formar em radiologia e continuar se dedicando a pesquisas na área da saúde. "Abri mão de diferentes projetos na minha vida, como me dedicar a concurso público, para cursar radiologia. Todo tempo que sobra é nisso que dedico", contou. Já focada em seu futuro, Claudia, que hoje éinspetora de um curso preparatório, apresentou um o artigo sobre ‘Saúde Pública no Brasil' na Revista Seja Manguinhos e participou da atividade organizada pela turma do Proeja‘Drogas: legalização, punição ou ...?'.

Durante os três dias de feira, cerca de 30 trabalhos foram apresentados com temas variados como Polimapa da Dengue, exposição Chiquinha Gonzaga e Censura na Política, teatro com a peça Los heróes del Planeta, blog Seja Manguinhos , além de vídeos, documentários e apresentações musicais.

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