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Programa de Educação de Jovens e Adultos promove evento sobre a Economia Solidária

Encontro do dia 17 de maio contou com feira, apresentação musical e debate.
Viviane Tavares - EPSJV/Fiocruz | 24/05/2012 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46
"A economia solidária foi inventada por operários, nos primórdios do capitalismo industrial, como resposta à pobreza e ao desemprego resultantes da difusão desregulamentada das máquinas-ferramenta e do motor a vapor, no início do século XIX. As cooperativas eram tentativas por parte de trabalhadores de recuperar trabalho e autonomia econômica, aproveitando as novas forças produtivas. Sua estruturação obedecia aos valores básicos do movimento operário de igualdade e democracia, sintetizados na ideologia do socialismo". As palavras de Paul Singer sobre a economia solidária mostram que ela teve origem na articulação dos trabalhadores para o fortalecimento da classe e contra o desrespeito da lógica capitalista do trabalho. Para reforçar a reflexão que já faz parte do projeto político-pedagógico do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) da ESPJV/Fiocruz, a escola abriu espaço no dia 17 de maio para que alunos e convidados tivessem a oportunidade de aprofundar a reflexão sobre o assunto com o evento que teve como tema "Trabalho na Perspectiva da Economia Solidária".

 

Durante todo o dia, a EPSJV recebeu a feira de potencialidades de economia solidária com trabalhadores do Festival de Economia Solidária de Manguinhos e do Centro de Referência de Mulheres da Maré (CRMM). No total, foram quase 20 artesãos que expuseram seus trabalhos com técnicas variadas. Margarida Maria, artesã do CRMM, explicou que esta foi uma das formas encontradas de conseguir uma fonte de renda e ainda trabalhar o lado psicológico e promover a solidariedade. "Procurei o grupo quando fui demitida de um emprego há dois anos. Lá pude encontrar muito mais que uma forma de ganhar a vida, aprendi como ser solidária e como é importante estar consciente dos problemas vividos por tantos trabalhadores", comentou a artesã, que tem como especialidade a técnica do fuxico.

No final do dia, o evento contou com a apresentação do grupo Música na Calçada, da Casa Viva, além do debate que levava o nome do evento. O ‘Trabalho na Perspectiva da Economia Solidária' reuniu o coordenador do Programa de Desenvolvimento Campus Mata Atlântica, Robson Patrocínio e as artesãs e representantes do Festival de Economia Solidária de Manguinhos e do CRMM, Juliana Oliveira e Jaciara Braz, respectivamente. 

O debate trouxe reflexões importantes sobre a alienação do trabalho, democratização dos meios de comunicação como instrumento de visibilidade das experiências de economia solidária, além da interação do trabalho-escola. De acordo com uma das coordenadoras do programa, Michele Oliveira, este assunto é de grande relevância a todos os alunos do PEJA que além de estudantes, em sua maioria, também estão inseridos no mercado de trabalho. "Aproveitamos o tema para que os alunos pudessem refletir sobre o modelo de sociedade em que estamos inseridos levantando temas como a exploração do trabalho, supressão dos direitos trabalhistas, precarização do trabalho, concentração de renda, além de, em contraposição, dar visibilidade às experiências de trabalho que seguem princípios cooperativos, decisões coletivas e distribuição de renda justa e solidária", explicou. 

Esta não é a primeira vez que a coordenação do PEJA promove atividades com o tema. No último semestre, os alunos puderam visitar um assentamento de trabalhadores do campo, no município de Piraí, no Rio de Janeiro. Lá, conheceram mais sobre a produção coletiva de sabonetes caseiros e horta comunitária. Ainda no mesmo período, foi promovido um debate na escola sobre produção de alimentos, no qual a economia solidária também foi apontada como fomento de distribuição justa da terra, do alimento e da renda. 

Economia Solidária em pauta 

De 11 a 13 de junho, acontecerá no Rio de Janeiro o V Encontro Latinoamericano e Caribenho de Economia Solidária e Comércio Justo. O evento tem como objetivo discutir o fortalecimento das redes da América Latina e Caribe, por meio do diálogo de experiências que visam à interação em prol da justiça social e ambiental e da democracia participativa. Confira aqui a programação do evento.