Agosto Dourado é o mês da conscientização sobre a importância e o incentivo ao aleitamento materno. Além de todos os benefícios para o bebê, dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que, a cada mês de amamentação, o risco de câncer de ovário diminui em 2%. Em comparação com as mulheres que nunca amamentaram, as mães que amamentam têm 11% menos chance de desenvolver o câncer de endométrio.
“Segundo estudos, a cada doze meses de amamentação, a mulher tem 4,3% menos risco de desenvolver o câncer de mama. Além disso, o leite materno previne diabetes tipo 2, reduz o risco de anemia e diminui sangramento no pós-parto”, afirma Louise Munier, consultora de amamentação para gestantes e puérperas e Conselheira Fiscal na Diretoria da Associação de Doulas do Estado do Rio de Janeiro (ADoulasRJ).
O motivo para isso é que a amamentação retarda a ovulação e, consequentemente, diminui o nível de hormônios no organismo da mulher. Quanto maior o número de ovulações, maior é o risco de mutações pelos altos níveis de estrogênio e, logo, de células cancerígenas.
Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, na Austrália, por exemplo, realizado com 493 mães diagnosticadas com câncer de ovário e 472 mulheres saudáveis e com filhos, mostrou que quanto maior o tempo de amamentação, maiores os benefícios para as mães. Aquelas que amamentaram os filhos por aproximadamente três anos diminuíram em 91% as chances de desenvolver câncer de ovário. Na mesma linha, aquelas que amamentaram por 13 meses tiveram 63% menos chances de desenvolver a doença.
Para as crianças, os benefícios também são ricos. O leite materno é o único alimento que o bebê precisa até os seis meses de vida, não sendo necessário nenhuma complementação, nem mesmo água.
“O leite materno tem todos os nutrientes que o bebê necessita, facilita a digestão, reduz cólicas, previne anemias, evita diarreia e fortalece o sistema imunológico do bebê, por ser rico em anticorpos produzidos pela mãe. O leite materno é a forma natural de defesa para o bebê, protegendo a criança contra problemas como asma, pneumonia, gripes e problemas intestinais e ajuda a evitar doenças graves no início da vida do recém nascido”, afirma Munier.
De acordo com a especialista, o leite materno contém uma gordura importante conhecida como DHA, sigla em inglês para docosahexaenóico, que é capaz de estimular o desenvolvimento cognitivo das crianças.
A substância é do mesmo tipo do ômega-3, encontrado em peixes que vivem em águas profundas e na gema do ovo. Devido à sua importância na amamentação, o DHA é conhecido como vitamina para o cérebro: “Participa da formação dos neurônios e favorece a memória, o aprendizado e a atenção do bebe”, afirma Munier.
Munier também lembra que o aleitamento materno “é financeiramente mais barato, porque é algo que já está ali produzido naturalmente pelo organismo materno, e comparar o custo e o benefício do leite materno é financeiramente mais viável”.
Para reforçar a relevância da amamentação, a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Henrietta Fore, e o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, publicaram uma carta, na semana passada, relembrando os compromissos da OMS para assegurar um ambiente favorável ao aleitamento no mundo todo.
Entre as missões está assegurar a implementação do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno, que foi criado ainda em 1981 para regulamentar a venda e propaganda de produtos que substituem o leite materno, a fim de proteger mães e filhos de marketing abusivo e informações falsas.
Um outro ponto levantado é a garantia que as mães sejam atendidas e acompanhadas por profissionais que tenham recursos e informações sobre a importância do aleitamento e que possam dar, por exemplo, aconselhamento em amamentação.
Segundo Fore e Ghebreyesus, a amamentação, quando feita até os dois anos de idade ou mais da criança, oferece uma “uma poderosa linha de defesa contra todas as formas de desnutrição infantil, incluindo desnutrição aguda e obesidade” e até mesmo “atua como a primeira vacina dos bebês, protegendo-os contra muitas doenças infantis comuns”. Por isso, a importância de se garantir a implementação de tais compromissos da OMS.
Edição: Rebeca Cavalcante
Por: Ana Paula Evangelista