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Do humor de Antonio Fagundes aos desafios estruturais, Novembro Azul deve caminhar para ações integrais e preventivas

Um vídeo bem-humorado, protagonizado pelo ator Antônio Fagundes e publicado pelo canal Porta dos Fundos, chamou atenção para o início do Novembro Azul, campanha global de promoção da saúde de homens cisgêneros e de pessoas trans e travestis com características biológicas associadas ao masculino. A peça de comédia ajudou a incentivar o debate sobre o assunto entre a população, em especial sobre o câncer de próstata. Mas, cada vez mais, o Novembro Azul se associa ao cuidado geral com o bem-estar desses grupos.

No mês passado, o Ministério da Saúde divulgou nota técnica com recomendações para as gestões estaduais e municipais de todo o país. Entre os pontos abordados, está a disseminação em larga escala de informações sobre a importância de buscar as unidades de saúde para cuidados de rotina, independentemente da idade.

O documento também indica a necessidade de fortalecimento de ações educativas e de comunicação para esses grupos, com foco em autocuidado, prevenção dos tipos de câncer mais prevalentes e outras doenças crônicas não transmissíveis. Além disso, a pasta ressalta a necessidade de dar instrumentos de apoio ao trabalho das equipes de saúde.

Renata Maciel, chefe da Divisão de Detecção Precoce do Instituto Nacional do Câncer (Inca), afirma que essa globalidade precisa abranger a população e o Sistema Único de Saúde (SUS).

“A nota técnica fala da importância de que o homem cuide de sua saúde de forma integral. Ela orienta que os homens estejam sempre atentos à sua saúde, que o sistema de saúde sempre esteja organizado para que os homens consigam acessar e cuidar da sua saúde de forma geral. Então, não apenas olhar para os sintomas do câncer de câncer de próstata, mas para as diversas doenças que podem acometer essa população”, destaca.

Desafios

A atenção preventiva, cotidiana e global tem potencial de impactar, inclusive, na diminuição dos casos de câncer de próstata, doença que costuma ser o principal foco das campanhas. Segundo câncer mais incidente entre homens cisgêneros e pessoas trans e travestis com características biológicas associadas ao masculino, ele fica atrás apenas dos tumores de pele não melanoma.

Entre 2023-2025, o Inca estima que o Brasil registrará mais de 71 mil novos casos por ano. O melhor caminho para tentar conter esse cenário é o diagnóstico precoce, mas os exames de rastreamento não são recomendados para pessoas que não apresentam sintomas.

Renata Maciel reforça a importância dos cuidados gerais para o combate ao câncer de próstata.

“É importante ter em mente a necessidade de acessar o serviço de saúde, fazer os exames de investigação diagnóstica mediante alguma necessidade clínica que apareça. Se o homem perceber algum sintoma relacionado ao sistema urinário - seja dificuldade de urinar, demora em começar e terminar o jato urinário, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite ou até mesmo sangue na urina - deve ser investigado. A partir daí, o profissional de saúde vai indicar os exames, que devem ser feitos para que esse tratamento possa ser iniciado o mais rápido possível”, explica.

O rastreamento de rotina é indicado caso a caso e deve levar em consideração o histórico de câncer na família e fatores que englobam idade e presença de sobrepeso e obesidade. Para chegar ao diagnóstico são necessários exames de toque e de antígeno prostático específico, além de biópsia.

Edição: Rodrigo Durão Coelho
Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Por: Juliana Passos e Nara Lacerda, do Brasil de Fato

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Repórter SUS