A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) realizou, de 23 a 25 de fevereiro, no formato remoto, o 4º Seminário da Pós-Graduação. O evento teve como objetivos debater coletivamente as ações do programa ao longo de 2020, conforme as metas e indicadores construídos em anos anteriores; elaborar um diagnóstico das necessidades de aprimoramento e definir um planejamento necessário para alcançar novas metas propostas. "O nosso seminário é uma tarefa anual, na qual temos um momento para avaliar e fazer um diagnóstico de como trabalhamos até hoje, da necessidade de aprimorar o programa e definir os novos caminhos para frente”, ressaltou a coordenadora da pós-graduação da EPSJV, Marcela Pronko. O encontro reuniu a equipe da pós-graduação e a direção da Escola. Atualmente, o programa conta com três turmas do Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde em andamento.

Para a diretora da Escola Politécnica, Anakeila Stauffer, os processos de avaliação e de planejamento mostram que a Escola tem conseguido realizar um trabalho coletivo no programa. “É muito bom ver que a gente tem reafirmado isso nesses últimos quatro anos. Se formos olhar o nosso PPI [Projeto Político Institucional], que fizemos em 2018, a gente colocou algumas ações estratégicas e, apesar da conjuntura adversa, a gente conseguiu desenvolver”, destacou.

A diretora citou duas ações indicadas no PPI, como a “retomada do projeto de formação docente na área de educação profissional em saúde em âmbito nacional, especialmente articulado com as unidades regionais da Fiocruz e com universidades estaduais e federais sediadas em vários estados; e a expansão de projeto descentralizado de Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde em âmbito nacional e articulado com as unidades regionais da Fiocruz e universidades estaduais e federais em diversos estados”. E contrapôs: “Embora a articulação para fora da Escola tenha sido dificultada por conta da conjuntura dos últimos anos e, por conta disso, não conseguimos desenvolver algumas ações, por mais que tenhamos tentado várias articulações, por outro lado conseguimos consolidar diversas ações internas”. Dentre elas, Anakeila destacou o próprio seminário da pós-graduação, a oferta das disciplinas de verão e inverno, o seminário discente e a reativação do Centro de Estudos.

Por fim, a diretora apontou duas tarefas importantes para o próximo ano, como fortalecer a relação entre o ensino e a pesquisa no interior da EPSJV, fazendo com que a Escola possa ser o verdadeiro foco de pesquisa; e voltar a realizar a formação docente em nível de Especialização. “Tivemos várias experiências profícuas anteriores, que nos deram inúmeros desafios. E essa riqueza de experiências pode contribuir com a formação dos nossos próprios docentes. Além disso, pode ajudar a reforçar o nosso diálogo sobre a formação de professores, no momento em que essa tem sido devorada pelas instituições privadas, pelo ensino a distância cada vez mais fragmentado e banalizado. ao Escola oferecer uma formação docente consistente pode ser uma importante estratégia de luta”, afirmou Anakeila.

Balanço das ações de 2020

Em um balanço das atividades realizadas em 2020, Marcela lembrou que, ainda no início do ano, foi constituída a turma 2020 com 18 estudantes, foram ofertadas duas disciplinas eletivas no formato Curso de Verão e, em fevereiro, foi realizado o 3º Seminário da Pós-graduação. 

No planejamento para 2020, uma das metas era aumentar a produção bibliográfica e técnica de docentes e discentes. Para apoiar essa meta, foram realizadas duas ações especificas – em relação aos docentes, foi instituído um planejamento anual com indicação de disciplinas que o professor pretendia ministrar, orientações que estava desenvolvendo, produção técnica e bibliográfica que estava prevista, dentre outros. Em relação aos discentes, estava prevista uma oferta regular de disciplinas ou atividades voltadas para a preparação de produção textual, incentivo à produção conjunta com os docentes, participação em grupo de pesquisas e a continuidade do seminário discente. “A gente cumpriu a maior parte do planejamento de maneira rigorosa. Em 2020 tivemos um crescimento tanto da produção técnica quanto bibliográfica dos docentes, de uma maneira mais equilibrada, que era um dos elementos que a gente estava pretendendo”, avaliou, acrescentando que outras ações como a oferta de disciplinas ou atividades não puderam ser desenvolvidas de maneira completa, em grande medida pela pandemia da Covid-19.

No planejamento também estavam diversas ações que visavam fortalecer a organicidade do mestrado. Por exemplo, em julho de 2020, a EPSJV criou o Centro de Estudos da Pós-Graduação em Educação Profissional em Saúde, como um espaço de troca de conhecimento entre docentes, discentes e egressos, aberto à comunidade escolar. 

Com a suspensão das atividades presenciais em março de 2020, Marcela contou que, imediatamente, houve uma reorganização para que as atividades da equipe continuassem em formato remoto, com reuniões semanais para coordenação do trabalho. “A primeira medida que tomamos foi a garantia de realização de bancas e defesas no formato remoto. Em seguida, já realizamos o colegiado e implantamos reuniões mensais com os alunos, que foram essenciais para o acolhimento, principalmente, da turma de 2020 que só teve uma semana de aula presencial”, apontou.

Marcela contou que, em maio de 2020, foi realizada uma pesquisa com os discentes sobre a situação da pandemia. Na ocasião, foram verificadas as condições de acesso à internet por parte dos estudantes para implantação do ensino remoto. “Oferecemos também atividades extracurriculares, que foram muito bem sucedidas, como o Colóquio e a implantação do Centro de Estudos”, disse.

Já no segundo semestre de 2020, a pós-graduação deu início ao ensino remoto emergencial. Na mesma época, foi realizado o 3º Seminário Discente, a partir de um trabalho articulado dos estudantes das turmas de 2019 e 2020, que contou com três encontros online. “Organizamos ainda as disciplinas de verão com a oferta de duas eletivas e também a oferta curricular para o primeiro semestre de 2021", sinalizou Marcela, acrescentando que, ao longo desse período, a pós-graduação desenvolveu atividades permanentes de assistência estudantil, que foram desde a distribuição das bolsas de alimentação que a EPSJV garante aos estudantes que já frequentavam o bandejão, passando pela seleção para concessão de novas bolsas e a participação no edital de inclusão digital para acesso aos tablets e chips que garantiram a conectividade de alguns discentes. O edital foi lançado pela Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz.

Novos desafios

Ao fim do seminário ficaram definidas algumas metas de curto, médio e longo prazo. Como meta de curto prazo foi sinalizada a necessidade de dar maior organicidade à pesquisa no Programa de Pós-graduação, em articulação com a própria pesquisa na Escola. Para meta de médio prazo foi destacada a necessidade de revisitar o campo que caracteriza o programa, ou seja, se ‘Educação Profissional em Saúde’ ainda define ou se há necessidade de ampliação do escopo do programa, dentre outros aspectos E, por fim, como meta de longo prazo, que seja feito um redimensionamento ou redefinição do programa. “Em relação a ações concretas, por exemplo, temos a proposta de produzir um estudo sobre as dissertações já defendidas e a criação de uma terceira linha de pesquisa que será avaliada mais pra frente”, completou, explicando que todas as metas que foram discutidas serão compiladas pela equipe da pós-graduação para que sejam apresentadas em uma próxima reunião.

A pós-graduação na EPSJV

O Programa de Pós-graduação da EPSJV reúne os cursos de Especialização e Mestrado Profissional, que são baseados em conteúdos e reflexões da área de Trabalho, Educação e Saúde, com focos nas políticas sociais de educação e saúde. Em 2004, a EPSJV ofertou o primeiro curso do programa – Especialização em Educação Profissional em Saúde -, que foi realizado até 2009, com 131 concluintes. A formação visou proporcionar aos discentes a compreensão histórica sobre o campo das políticas de trabalho, educação e desenvolvimento científico-tecnológico em saúde, a fim de potencializar práticas transformadoras que contribuam para a consolidação do direito à Saúde. Em 2011, foi realizada mais uma turma do curso de Especialização para cinco Países Africanos de Língua Portuguesa (Palops), como parte do Plano de Trabalho da Rede de Escolas Técnicas de Saúde da CPLP, cuja secretaria executiva está sediada na EPSJV. Na ocasião, foram formados 28 professores e dirigentes de instituições públicas de formação de técnicos em saúde nos países de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe.

Entre 2010 e 2015, a EPSJV ofertou duas turmas nacionais do Curso de Especialização em Trabalho, Educação e Movimentos Sociais (TEMS), financiadas pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e com o apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Dando continuidade ao processo de formação dos educadores que atuam na Educação do Campo em áreas de Reforma Agrária, o curso procurou consolidar a reflexão e a pesquisa acerca dos problemas relativos à educação no país, focando, por meio do método e da teoria crítica, as relações que permeiam o campo da educação e o modo como essas questões se relacionam sistematicamente com a totalidade dos demais determinantes sociais. Ao todo, foram formados 75 alunos militantes, dirigentes e responsáveis pela educação e formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Destinado a profissionais graduados, que atuavam ou pretendiam atuar como docentes na Educação Profissional em Saúde e cujas áreas de formação eram afins aos cursos técnicos de nível médio em saúde, a EPSJV ofereceu, em 2013, o Curso de Especialização em Docência em Educação Profissional em Saúde. Em 2016, a Escola Politécnica promoveu a formação para 28 docentes da área da saúde do Centro Universitário Regional (Cenur) - Litoral Norte, da Universidade da República do Uruguai (Udelar).

Mestrado Profissional

Já o Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde foi criado em 2008, buscando o aprofundamento do conhecimento técnico e acadêmico, possibilitando a formação de docentes para o ensino superior e para a pós-graduação, bem como o desenvolvimento de habilidades para realizar pesquisas e desenvolver processos, produtos e metodologias nas áreas de Saúde, Trabalho e Educação.

Além das turmas regulares, a EPSJV passou a oferecer a partir de 2014, o Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde da Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS), tendo como público-alvo, os trabalhadores das Escolas Técnicas do SUS (ETSUS). A iniciativa, finalizada em 2019, foi fruto de uma cooperação entre a Escola Politécnica e o Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Gestão da Educação na Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (Deges/Sgtes).