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EPSJV promove oficina sobre o papel dos técnicos na geração e uso das informações e registros em saúde

Iniciativa faz parte de ciclo de oficinas e é realizada com a cooperação da Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (RETS) e de suas sub-redes, além do apoio da Organização Pan-Americana da Saúde, do Centro de Relações Internacionais da Fiocruz e da VideoSaúde
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 15/12/2022 13h49 - Atualizado em 15/12/2022 14h02

Como parte do plano de trabalho como Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Educação de Técnicos de Saúde, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) promoveu, no dia 12 de dezembro, o quarto evento do Ciclo de Oficinas ‘A formação e o trabalho dos técnicos em saúde no mundo pós-Covid’. A iniciativa é realizada em cooperação com a Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (RETS), a Rede Ibero-Americana de Educação de Técnicos em Saúde (RIETS) e a Rede de Escolas Técnicas de Saúde da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (RETS-CPLP). O evento conta também com apoio do Centro de Relações Internacionais (Cris/Fiocruz) e da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz.

Tendo como tema o papel dos técnicos na geração e uso das informações e registros em saúde que compõem os sistemas de informação em saúde de seus países, o evento contou com a presença de Isabel Duré, consultora em Políticas e Gestão de Recursos Humanos de Saúde da Organização Pan-americana da Saúde (Opas/OMS); Alicia Madalena Ferreira, da Escola de Ciências Econômicas e Administração da Universidade da República (FCEA/Udelar) do Uruguai; e Bianca Leandro, professora-pesquisadora da EPSJV.

Ao abrir o evento, o mediador do encontro, Sebastián Tobar, assessor Cris/Fiocruz, deu boas-vindas a todos e agradeceu a presença dos convidados. 

Em seguida foi a vez de Carlos Eduardo Batistella, coordenador de Cooperação Internacional da Escola Politécnica. Em sua fala, ele destacou que o objetivo da oficina é promover a discussão de alguns aspectos teóricos e práticos sobre o tema das informações e registros em saúde, a partir das apresentações de nossos convidados. “Nossa intenção é avaliar de que forma o trabalho dos técnicos em saúde está relacionado a esse tema e em que medida a formação desses trabalhadores tem contribuído para melhorar a relação desses trabalhadores com os sistemas de informação em saúde”, ressaltou Batistella.

Ainda segundo ele, a capacidade de enfrentamento das emergências sanitárias aumenta fortemente em países que possuem sistemas de informações bem estruturados. Além disso, ele lembrou que durante a pandemia de Covid-19, a necessidade de se trabalhar com dados precisos e em tempo oportuno ficou ainda mais clara. “A definição de protocolos e estratégias adequadas para o enfrentamento de emergências sanitárias depende muito da produção dessas evidências científicas”, afirmou. E acrescentou: “É fundamental que os trabalhadores da saúde de todos os níveis compreendam o papel dos sistemas de informação em saúde e sejam formados para contribuir na construção de instrumentos para captação correta dos dados e para processamento da informação”.

Informação e registros em saúde: o papel dos técnicos

“Nós estamos em um momento em que o volume de informações aumentou. Cada vez temos mais dados e cada vez temos mais dificuldade em processar esses dados”, disse Isabel Duré, ao iniciar a sua apresentação. Segundo ela, é preciso considerar os sistemas de informação como sistemas abertos e complexos, porque isso permite que se possa compreender melhor os problemas de saúde. "Pensar nos sistemas de informação de maneira aberta, vê-los em suas totalidades e com seus limites. É importante reconhecer que esses sistemas fazem parte de outros subsistemas, pensar nos vínculos desses sistemas e como podemos utilizá-los com uma fluidez maior e assim, logicamente, teremos uma melhor qualidade dos dados”, garantiu.

Isabel destacou ainda a necessidade de formação e capacitação de trabalhadores para atuarem nesses sistemas de informação. “Hoje, todos os trabalhadores da saúde são fornecedores e usuários desses sistemas. Não há ninguém que não utilize ou não gere um dado. Então, nós acreditamos que deva haver um desenvolvimento de uma estratégia de formação e capacitação”, afirmou, explicando: “Trabalhadores de todos os níveis devem poder receber uma capacitação mínima e os técnicos devem ter as competências para poder trabalhar com essa dimensão de dados”.

Sobre o contexto Uruguaio, Alicia Madalena Ferreira falou que é indispensável que haja uma formação de técnicos e licenciados com conhecimentos específicos em sistemas de informação em saúde. “Esses trabalhadores são independentes e dedicam seu tempo a isso. Essa não é função do médico, o tempo dele não é para codificar e melhorar os sistemas. Essa tarefa tem que ser de alguém que esteja, exclusivamente, dedicado a isso, como acontece no Uruguai”, contou.

Além disso, Alicia destacou a necessidade de integrar esses técnicos e licenciados em equipes multidisciplinares, que desenvolvem, implementam e geram esses sistemas de informação em saúde, com objetivo de melhorar a qualidade dos registros e, com isso, dos resultados. “Porém, é preciso que haja atualização contínua e formas de fortalecer a formação desses profissionais, com ferramentas tecnológicas atuais para acompanhar as mudanças desses sistemas de informação”, criticou.

Por fim, Bianca Leandro ressaltou que qualquer tipo de informação sempre vai ser uma representação limitada de um evento, porque, segundo ela, nenhuma informação dá conta do todo. “Na área da saúde, a gente precisa pensar em como agregar o máximo de informações possíveis para reduzir a incerteza da ação, porque quando a gente fala de saúde, a gente fala de vidas”, disse, acrescentando que a informação em saúde não se produz e não se processa fora de um contexto ou ambiente mediado por atores, organizações e tecnologias.

Para Bianca, mesmo tendo informações que se considere acertadas, não necessariamente elas serão demandas. Ela explica: “Porque a área das informações e registros em saúde é permeada por valores, intenções, particularidades e visões de mundo distintos. Isso permeia o uso e processamento dos dados”.

Sobre alguns desafios, Bianca elencou que é preciso reconhecer as informações e registros em saúde como estruturantes nos sistemas de saúde e não, apenas, como aspectos instrumentais. “Pode ter um viés administrativo, mas também é um componente do cuidado em saúde”, afirmou, concluindo: “Temos ainda que reconhecer o profissional técnico como protagonista no processo de produção dos dados, articulando a reflexão conjunta entre formação e o trabalho”.

Assista o webinário completo

Veja as apresentações:

Apresentação de Isabel Duré

Apresentação de Alícia Ferreira

Apresentação de Bianca Leandro