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Parcerias entre EPSJV e outras instituições de ensino fortalecem a iniciação científica no país

Na 24ª edição da Semana do Provoc, que aconteceu de 6 a 10 de maio, jovens cientistas apresentaram seus trabalhos desenvolvidos no programa
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 14/05/2019 15h56 - Atualizado em 01/07/2022 09h44
Celso Cândido apresenta seu trabalho na Semana do Provoc

O país acaba de receber uma nova leva de jovens cientistas. Nesse caso, jovens mesmo: são estudantes de ensino médio que concluíram sua participação no Programa de Vocação Científica (Provoc), uma espécie de ‘estágio’ em que o aluno acompanha e contribui, de perto, com o trabalho de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz nas mais diversas áreas. Na 24ª edição da Semana do Provoc, que aconteceu entre 6 e 10 de maio, estudantes dos períodos 2017-2019 e 2018-2020 da etapa Avançado do Programa exibiram pôsteres ou fizeram apresentações orais para uma banca examinadora composta por pesquisadores da própria Fiocruz e de outras instituições de ensino e pesquisa do Rio de Janeiro. Nesta etapa, foram 35, que se somam aos mais de 2 mil estudantes, de escolas públicas e privadas, que já passaram pelo Programa, coordenado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). “O excelente desempenho de nossos estudantes é fruto de parcerias que acreditam no potencial destes jovens e na missão do nosso Programa. Destaco o papel formativo realizado pelos orientadores e por nossas escolas parceiras. Sem eles esse trabalho praticado com tanto comprometimento e afeto não seria possível”, comemora Cristiane Braga, coordenadora geral do Provoc e coordenadora pedagógica da etapa ‘Avançado’.

Em destaque no debate político em função do contingenciamento orçamentário que sofreu – e que tem provocado reações do campo educacional – o Colégio Pedro II é um dos grandes parceiros da EPSJV/Fiocruz nesses projetos de iniciação científica. Tendo ingressado no Provoc em 2017, Thiago Pereira, estudante do campus Engenho Novo da escola, apresentou uma pesquisa sobre ‘Análise morfológica e morfométrica de espécimes de Fasciola hepatica’ de duas cidades do Rio Grande do Sul (Alegrete e Bagé) e duas de Minas Gerais (Itajubá e Campo Belo). Segundo Thiago, Fasciola hepática é um verme que causa danos à saúde dos bovinos e dos pequenos ruminantes, como perda de peso, diminuição da fertilidade, queda na produção e na qualidade do leite, atraso no crescimento e condenação de carcaça. “O estudo avaliou as características físicas, como tamanho e largura, bem como a forma como esse verme se comporta no corpo do hospedeiro”, explicou o jovem. O objetivo do trabalho era verificar se há diferenças entre as amostras dos vermes nas diferentes localidades: “Numa mesma região, tínhamos vermes que estavam no fígado de boi e de ovelha. Concluímos que as diferenças de tamanho podem estar relacionadas com o local de origem. Na parte da morfologia, usamos três técnicas de microscopia para ver a parte externa, interna e os óvulos, mas não achamos disparidades”.

Hoje estudante de Biologia na Universidade Federal Fluminense (UFF), Thiago ressaltou que o Provoc teve um papel fundamental não somente na hora da escolha de um curso, mas também na vida pessoal. “O Programa me ajudou com a questão da responsabilidade. Ter prazos de entrega, estar lá para fazer o meu trabalho... Tudo isso ajudou muito no meu crescimento como ser humano”, relatou.

Ser uma aluna de ensino médio em contato com uma rotina real de trabalho me fez ter a certeza de que minha vocação se encontra na ciência. Ao longo da minha caminhada, aprendi muito sobre o trabalho em equipe e o comprometimento que os profissionais da saúde têm com o dia a dia de trabalho. 

Ana Luiza Souza de Abreu - aluna do Colégio Pedro II, que ingressou no Provoc em 2017

Aluna do campus Duque de Caxias que ingressou no Provoc em 2017, Ana Luiza Souza de Abreu falou sobre a pesquisa ‘Identificação de helmintos em fezes de Hydrochoerus hydrochaeris Linnaeus’. “Meu estudo consistiu na identificação de ovos de vermes em fezes de capivaras, com o objetivo de estabelecer sua diversidade parasitária intestinal. É possível que alguns destes parasitos sejam causadores de doenças em humanos, o que torna importante o conhecimento a respeito da diversidade parasitária de capivaras, considerando que essa carne é bastante consumida em alguns lugares do país”, explica. Ana Luiza, que atualmente cursa Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), afirma que o Provoc a despertou para o interesse pela ciência: “Ser uma aluna de ensino médio em contato com uma rotina real de trabalho me fez ter a certeza de que minha vocação se encontra na ciência. Ao longo da minha caminhada, aprendi muito sobre o trabalho em equipe e o comprometimento que os profissionais da saúde têm com o dia a dia de trabalho”.

Mas nem só de biologia vivem os jovens cientistas do Provoc. Celso Cândido era aluno do Centro de Estudo e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), uma organização não-governamental que atua num dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro, quando ingresso no Provoc, em 2017. Hoje ele cursa Ciências Sociais na Uerj. Na semana do Provoc deste ano, Celso apresentou um trabalho que explica a importância da música para a promoção da saúde em ambientes populares. “A expressão musical constitui-se herança cultural que, tradicionalmente, a faz aliada de atos sociais espontâneos a favor do bem-estar e do senso de pertencimento de indivíduos e grupos sociais”, defende. Segundo ele, a música é um elemento que pertence a diversas culturas e pode servir para fins de entretenimento, religiosos, entre outras finalidades. “Ela pode ser pensada a partir da construção teórica da promoção da saúde, e cabe à saúde pública estimular estratégias e recursos em prol de uma educação adequada, aproveitando e redirecionando uma participação comunitária para promover uma melhor qualidade de vida”, orienta.

Para o jovem, participar do Provoc contribuiu para uma nova perspectiva de vida, novos olhares sobre o mundo da educação, da saúde e das artes. “O Programa teve uma grande importância para mim tanto academicamente quanto como cidadão. A coordenação me ajudou em momentos que eu pensei em desistir. A Fiocruz está tão perto geograficamente das comunidades a sua volta, mas o seu conhecimento ainda está muito distante. E o Provoc quebrou essa barreira”, comemora Celso, que agora vai dar continuidade a essa pesquisa na universidade.

Iniciação científica na educação básica

O Programa de Vocação Científica foi criado em 1986 pela Fiocruz e, desde então, é coordenado pela EPSJV/Fiocruz. O programa, que reúne jovens de 14 a 18 anos, é dividido em duas etapas: ‘Iniciação’ e ‘Avançado’. Na etapa ‘Iniciação’, cuja duração é de um ano, os alunos se familiarizam com as principais técnicas e objetos de pesquisa de Ciência e Tecnologia em Saúde. Na etapa ‘Avançado’, com duração de dois anos, o estudante desenvolve um subprojeto de pesquisa com o seu orientador, passando por todas as etapas de execução de um projeto de pesquisa em Ciência e Tecnologia em Saúde.

Desde 2011, a EPSJV/Fiocruz, por meio de uma parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), concede bolsas a esses alunos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (Pibic-EM).

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