O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, marca a luta contra o machismo, pelos direitos das mulheres e pelo fim das desigualdades de gênero. A origem da data é discutida: a conhecida versão – de que a data seria uma homenagem às centenas de operárias que morreram queimadas em uma fábrica têxtil de Nova York (EUA) em 1857, por reivindicarem a redução da jornada de trabalho e o direito à licença-maternidade – é questionada. Alguns pesquisadores afirmam que o dia tem uma origem socialista e teria sido fixado a partir de uma greve iniciada em fevereiro de 1917, na Rússia, organizada por tecelãs e costureiras de Petrogrado e que seria um dos estopins para a Revolução Russa. Mais de um século depois, a luta continua. Alunas da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) formaram recentemente o Coletivo Feminista e trouxeram para o espaço escolar a discussão sobre o lugar da mulher na sociedade.
“O machismo é muito presente na vida de uma mulher. Acontece na família, no grupo de trabalho na escola, no esporte. Está em todas as coisas, desde um comentário de um desconhecido até de um pai protetor”, destaca Ana Luiza Hygino, aluna do 2º ano do Ensino Médio, da habilitação de Biotecnologia. Lorena Souza, também aluna do 2º ano de Biotecnologia, diz que sente medo ao andar nas ruas de noite. “Homens mexem e falam coisas desagradáveis. São momentos constrangedores. Não é porque uso short curto ou uma roupa decotada. Simplesmente passo por isso porque sou uma mulher”, afirmou a jovem. E completa: “Nessas horas, percebo a importância do feminismo. A importância de juntas lutarmos e não somente pela igualdade de gênero”.
Para Thamyres Santos, aluna do 2º ano de Análises Clínicas, o machismo existe também no ambiente escolar, assim como em toda a sociedade. Como combater? “Temos que mostrar de alguma forma que machismo não acontece só com caras estranhos nas ruas. Muitos de nossos amigos também são machistas. Tem diferença entre paquera e assédio”, exemplifica. “O tema tem que ser sempre abordado nas escolas desde cedo. A minha roupa e o que eu faço não definem quem eu sou. Falta respeito e conscientização”, garante Gabriele Galdino, aluna do 2º ano de Gerência em Saúde.
Como estratégia para combater condutas machistas especificamente dentro da EPSJV, o coletivo já espalhou cartazes com frases como: ‘Eu não mereço ser estuprada’ e ‘Não quero o seu elogio, mas sim o seu respeito’. “No coletivo, unimos as meninas e trocamos experiências para que tenhamos voz e para que a Escola escute nossa voz. Mesmo que lá fora tenha opressão, aqui dentro queremos nos sentir acolhidas”, ressalta Ana Luiza.
A ideia de construir coletivos surgiu há alguns anos com os alunos do Grêmio da EPSJV, que viram a necessidade de criar espaços em que pudessem dialogar e trazer questões polêmicas da sociedade. A proposta é que os alunos transformem essas reuniões em encontros frequentes para que as discussões permaneçam em foco no cotidiano escolar e que novas ações de conscientização — grupo de estudos, peças teatrais e oficinas — sejam pensadas coletivamente. Além do feminista, ainda existem na EPSJV os coletivos de Negros e Negras e LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).
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