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Banco Central

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  • 10/07/2025 16h51 Entrevista

    O Brasil descumpriu sua meta central de inflação: com alarde e apelos à "responsabilidade fiscal" do governo, a notícia está estampada em todos os jornais desde que dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), anunciados em 10 de julho, mostraram uma alta de 0,24% nos preços em junho. A conclusão se baseia no cálculo da inflação dos últimos 12 meses, que, somada, teria ultrapassado a meta de 3% ao ano e a margem de tolerância de 1,5%, definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Essa é a novidade, que acaba de sair do forno. Já o que não tem nada de novo é a prática de se definir política econômica a partir de concepções e ferramentas que, apesar de terem se tornado hegemônicas, estão longe de serem as únicas. O aumento da taxa de juros para controlar a inflação e a própria existência de uma meta são, como explica Marina Gouvêa nesta entrevista, exemplos de medidas que, ao contrário do que a leitura da maior parte da imprensa possa fazer parecer, estão longe de ser consensuais ou inquestionáveis entre as diferentes correntes do pensamento econômico. Esta entrevista aconteceu no final de 2024, como parte da apuração de uma pequena matéria sobre a história, o papel e as controvérsias relacionadas ao Banco Central, publicada na edição 97 da Revista Poli. Naquele momento – nem tão distante assim – o pomo da discórdia entre a instituição e o governo, a taxa Selic, estava em 12,5%, suficiente para colocar o Brasil em segundo lugar no ranking dos juros mais altos do mundo. Agora, o BC tem outro presidente, indicado pelo governo atual e aprovado pelo Senado, mas a escalada dos juros não parou: acaba de ser anunciado um outro aumento da taxa, que chega a 15%. E o anúncio do descumprimento da meta da inflação tende a piorar esse cenário. Nesta entrevista, além de explicar termos técnicos que costumam passar ao largo da maioria da população, Marina Gouvêa, economista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresenta as diferentes teorias do pensamento econômico, situa as divergências em torno da taxa de juros como parte das disputas entre blocos de poder na sociedade e analisa os impactos políticos das concepções econômicas que se tornaram hegemônicas sobre os trabalhadores e as democracias.