Maíra Mathias
No mundo
O fenômeno brasileiro se conecta com outras ‘ligas’ de empresários que fundam entidades mundo afora para influenciar governos e opinião pública. É o caso da recém-criada Aliança pela Transformação da Saúde (originalmente Health Transformation Alliance) que desde fevereiro deste ano une corporações gigantes como Coca-Cola, Shell, Intel, IBM e American Express com a meta comum de mudar a assistência à saúde nos Estados Unidos. Guardadas as enormes diferenças entre as realidades brasileira e americana, a fórmula empresarial se repete.
Uma segunda alma para o SUS?

"A gente tem um corpo em busca de uma alma e uma alma em busca de um corpo”, sentenciou Francisco Balestrin em uma noite de setembro. O assunto da entrevista não era religião nem magia, mas a recente investida de entidades compostas ou patrocinadas por empresários na apresentação de propostas de ‘fortalecimento’ do Sistema Único de Saúde (SUS). A tese defendida pelo presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) – primeira a se lançar na empreitada – é a de que os setores público e privado precisam construir uma rede integrada de cuidados contínuos.
Leia mais
Guinada biomédica?

Há menos de cinco meses, Brasília foi palco de uma grande mobilização de trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS). Milhares de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias partiram de todos os cantos do país para protestar contra uma medida tomada de cima para baixo, sem discussão com entidades de classe, controle social e academia. Se depender do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) a história vai se repetir. E, desta vez, as mudanças propostas serão maiores.