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Ana Paula Evangelista

Florianópolis será a primeira zona livre de agrotóxicos no Brasil

A capital catarinense será o primeiro município brasileiro a banir agrotóxicos de seu território. Uma lei aprovada na Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito, no dia 09 de outubro tornará crime punível com multa armazenar e aplicar qualquer tipo de pesticida na Ilha de Santa Catarina. Nesse podcast vamos ouvir o vereador responsável pela iniciativa Marcos José de Abreu e também a especialista Fran Paula, engenheira agrônoma e educadora da FASE Mato Grosso.

Depois de mais de um ano e meio de tramitação a lei de zona livre de agrotóxicos foi aprovada por unanimidade na Câmara Municipal dos vereadores presentes e torna crime aplicar e armazenar pesticidas na região insular da capital catarinense, definindo como zona livre de agrotóxicos a produção agrícola, pecuária, extrativista e as práticas de manejo dos recursos naturais no município.

A lei atinge uma área de 424 quilômetros quadrados e cobre 97,3% do território de Florianópolis. Em outubro de 2020, a cidade será totalmente isenta da aplicação e do armazenamento de agrotóxicos.

Antes de ser votado em plenário, o PL 17538/2018, que institui e define a zona livre, foi aprovado duas vezes pela Comissão de Constituição e Justiça, além de mais cinco comissões. A redação final do projeto de lei foi sancionado pelo prefeito, Gean Loureiro, eleito pelo MDB, mas agora sem partido. A lei é do vereador Marcos José de Abreu (PSOL), conhecido como Marquito.

Infringir a lei terá um preço e o prefeito tem 180 dias para definir o valor das penalidades e quais órgãos serão responsáveis pela fiscalização. A ideia é que verba arrecadada pelas multas será totalmente revertida para as pastas de Saúde e Meio Ambiente.

A  iniciativa vai além das medidas punitivas. A prefeitura terá que criar um Programa de Educação Sanitária Ambiental para falar sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde humana e um Programa de Hortas Agroecológicas.

O argumento mais forte para convencer a casa pela aprovação do PL 17538/2018 foi o monitoramento da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos, realizado pelo Centro de Apoio Operacional do Consumidor (CCO) do Ministério Público de Santa Catarina, por meio do Programa Alimento Sem Risco. A cada ano, são realizados cerca de 1200 análises. Dessas, 670 são feitas em vegetais, frutas e verduras de 30 tipos, onde são analisados 430 tipos de ingredientes ativos.

As análises tiveram início em 2010, e os primeiros dados mostraram que 34,5% dos alimentos analisados apresentavam presença de agrotóxico acima do permitido pela legislação, com produto não permitido para determinada cultura ou até mesmo com produtos banidos no país. 31% dos produtos tinham agrotóxico, mas dentro do permitido pela lei, e em apenas 34,5% dos casos não foi identificado nenhum resíduo de agrotóxico no produto.

Apesar da vitória, a nova lei começou a incomodar a bancada ruralista e organizações do agronegócio, que já anunciaram uma ação de inconstitucionalidade. Marquito afirma que não com que se preocupar, pois além de constitucional a lei será uma inspiração para outras cidades aprovem iniciativas semelhantes.

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Policast

Queimadas aumentaram em R$ 1,5 milhão gasto com internações de crianças até junho

Um estudo coordenado pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mapeou o impacto das queimadas para a saúde infantil na região amazônica.

Christovam Barcellos, pesquisador do instituto de Comunicação e Informação em Saúde, explica ao Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) da Fiocruz, que a instituição tem um observatório de crime e saúde, onde colaboram órgãos de dentro e de fora da instituição, como universidades, para realizar essa avaliação dos impactos das queimadas, qual a relação entre queimadas e desmatamento, queimadas e poluição.

“Nós produzimos uma quantidade enorme de dados sobre desmatamento, focos de calor, uso de hospitais por crianças em função de problemas respiratórios e sobre clima. Como está o clima na Amazônia e notamos que algumas áreas da Amazônia tiveram um ano realmente mais seco que o esperado”.

Outra observação que ele cita diz respeito ao período de abril até junho, quando as queimadas estavam acontecendo no sul da Amazônia. “Depois disso foi avançando para dentro da região”.

Por outro lado, os pesquisadores perceberam que nas áreas mais afetadas pelo fogo, o número de crianças internadas com problemas respiratórios dobrou. Calculou-se então a taxa de internação de crianças na faixa etária de zero a dez anos por problemas respiratórios.

“Existia uma coincidência enorme entre esses focos de calor e o excesso de internações. Calculamos que houve uma duplicação de internações de crianças por problemas respiratórios exatamente nessa faixa que se chama arco do desmatamento. Esse sul da Amazônia, passando pelo sudeste do Pará, norte de Mato Grosso, Rondônia quase toda e uma parte do Acre, são zonas de colonização muito recentes, desmatamento, bastante queimada, e provocando muitas doenças respiratórias em crianças”.

Eram esperadas 2.500 internações e houve 5 mil, segundo Barcellos. “Isso significa para o Sistema Único de Saúde (SUS) R$ 1,5 milhão, o que não é pouco, porque temos que considerar internação de adulto, outros problemas acontecendo além dos respiratórios. Problema ocular, irritação nos olhos, outros tipos de inflamação, problemas cardiovasculares podendo levar a infarto. Isso assustou muita gente e fizemos um alerta”.

Christovam Barcellos explica que os dados observados foram de maio e junho de 2019, e acredita num aumento posteriormente, principalmente entre julho e agosto, período de intensificação das queimadas.

A iniciativa da pesquisa, segundo ele, era prevenir a população e orientá-la sobre as providências a adotar, quem e onde estão os grupos mais vulneráveis.

“Exatamente para evitar internação. Muitas dessas internações de crianças são evitáveis, com uma boa Rede de Atenção Primária, diagnóstico rápido por médico, agente de saúde, porque muita gente pode não estar chegando ao hospital e isso é cruel na Amazônia. Muitas vezes as pessoas têm que pegar barco para ir a uma cidade que tenha hospital”.

Aldeias indígenas, acampamentos agrícolas, ribeirinhos da Amazônia, cidades pequenas que têm a estrada interrompida por algum acidente, são alguns dos casos que o pesquisador cita como público-alvo para o alerta.

Edição: Cecília Figueiredo/ Saúde Popular

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Repórter SUS

Mudanças no financiamento da APS: o que esperar?

O Ministério da Saúde anunciou no dia 26 de setembro que irá mudar a forma de financiamento da atenção primária à saúde, a APS. A ideia, segundo a pasta, é que o repasse aos municípios leve em conta o número de pacientes cadastrados ou inscritos nas unidades básicas de saúde e o desempenho das equipes a partir de certos indicadores. 

Nesse Policast ouvimos o professor do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador da Rede de Pesquisas em Atenção Primária à Saúde (Rede APS) da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Luiz Augusto Facchini e a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e integrante do comitê gestor da Rede APS, Ligia Giovanella, para entender a dinâmica dessa proposta.

No novo modelo o repasse aos municípios leve em conta o número de pacientes cadastrados ou inscritos nas unidades básicas de saúde e o desempenho das equipes.

Também trazemos falas de uma audiência pública na comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, no dia 1º de outubro, onde o secretário de atenção primária, Erno Harzheim, explicou os argumentos do Ministério da Saúde que justificam o novo modelo.

A expectativa do Ministério da Saúde é de que a proposta seja aprovada no dia 31 de outubro, data da próxima reunião da Comissão Intergestores Tripartite, composta pelo MS, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Reportagem e apresentação: Ana Paula Evangelista e Julia Neves
Edição de áudio: Ana Paula Evangelista
Produção: EPSJV/Fiocruz

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Policast

Crescimento da violência urbana sobrecarrega atendimento público no país

A violência urbana é um dos problemas que mais tem impactado a saúde pública no Brasil. Assassinatos de mulheres, de crianças, acidentes de trânsito e suicídios estão entre alguns tipos diretos da violência urbana, mas existem outros que impactam de maneira importante o Sistema Único de Saúde (SUS).

Rivaldo Venâncio, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz comenta a questão no Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fiocruz (EPSJV/Fiocruz).

“Nós temos a violência interpessoal que gera, por exemplo, 65 mil, 70 mil assassinatos ao ano. E dentre esses assassinatos têm os feminicídios, assassinatos de crianças, de policiais contra civis e civis em relação a policiais, além da violência interpessoal que não gera a morte”, destaca o pesquisador.

Outro aspecto da violência urbana está representada pelos acidentes de trânsito. “São cerca de 55 mil mortes por ano, incluindo atropelamentos, batidas de veículos nas rodovias, e dentro desses acidentes um que é marcante são os acidentes envolvendo motociclistas”.

Venâncio também aponta que o fenômeno dos suicídios entre jovens é outra dimensão da violência que tem crescido no país. Com isso, os atendimentos de urgência e emergência estão sufocados.

“Essa violência exige da rede de atenção em saúde, em especial das unidades de emergência, um mal atendimento imediato, uma sobrecarga crescente. As redes de pronto atendimento têm sofrido por conta da crescente demanda. Aquelas pessoas que estão com crise hipertensiva, com algum mal estar cardíaco ao procurarem as emergências, vão se deparar com atendimentos superlotados, os leitos de unidades de terapia intensiva, inclusive, ocupados por vítimas da violência urbana”.

A violência também interfere no trabalho cotidiano dos agentes de promoção de saúde, informação e prevenção de focos de doenças nos territórios como dengue, zika, chikungunya, febre amarela.

“E se eles não adentram às comunidades, aos domicílios, não há como ser feito esse trabalho de prevenção junto à comunidade”.

Edição: Cecília Figueiredo/ Saúde Popular

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Repórter SUS

Quarenta anos de construção da saúde coletiva no Brasil

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) está celebrando 40 anos. Durante o 8º Congresso de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, "Igualdade nas diferenças: enfrentamentos na construção compartilhada do bem viver e o SUS", realizado entre 26 e 30 de setembro, em João Pessoa, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), houve a comemoração deste momento, que iniciou a transformação da cara da saúde no Brasil.

Luis Eugênio Portela Fernandes de Souza, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia e ex-presidente da Abrasco, em entrevista ao Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), fala sobre essa mudança que proporcionou a ampliação da visão de saúde e está na origem do Sistema Único de Saúde.

"A ideia da saúde coletiva surge de uma crítica à saúde pública tradicional, destacando dois aspectos; o primeiro é que o sistema de saúde deve ser responsável pelo conjunto de ações sobre todo o processo saúde-doença, envolvendo desde os determinantes sociais, com ações de promoção de saúde, até a reabilitação, passando pelo diagnóstico precoce, prevenção de doenças e tratamento de doenças".

Por outro lado, a saúde pública tradicional estava focada em determinantes biológicos. "E a saúde coletiva vem demonstrar que as ações de prevenção de doenças são articuladas a ações de promoção de saúde sobre os determinantes sociais, e não apenas aos determinantes biológicos do processo saúde-doença".

A mudança para uma visão ampliada da saúde é incorporada pelo SUS, relata o ex-presidente da Abrasco. "No dia 27 de setembro de 1979 foi criada a Abrasco, numa assembleia que aquela época reunia seis programas de pós-graduação em saúde coletiva, medicina social, medicina preventiva, saúde pública. Hoje, passados 40 anos, são quase 100 programas de pós-graduação, incluindo mestrados profissionais e de programas acadêmicos. Hoje, temos um SUS que está em todos os 5570 municípios".

A Abrasco cresceu, se consolidou e contribuiu para fortalecer o campo da saúde coletiva no Brasil, tanto na dimensão acadêmica, de produção de conhecimento, formação de profissionais de saúde, quanto no campo dos serviços.

"Desde as campanhas de prevenção de doenças até os tratamentos mais especializados, a Abrasco reúne a comunidade que tem contribuído para o desenvolvimento do nosso país, a melhoria das condições de vida da nossa população, de uma forma  importante que merece ser festejada".

O pesquisador reforça que a saúde coletiva, celebrada nesses 40 anos da Abrasco, é patrimônio não apenas de acadêmicos e sanitaristas, mas de toda a população, por reunir os saberes populares.

Edição: Cecília Figueiredo

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Repórter SUS

O futuro da Educação Básica em xeque

Nesse Policast, você vai ouvir uma entrevista com Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Ele vai falar sobre as discussões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação, o Fundeb.
Uma das principais fontes de recursos para a educação básica pública no Brasil, o Fundo tem prazo de validade para dezembro de 2020.
Por isso, o Congresso Nacional se movimenta para recriar o Fundeb. E, nesse processo, tem discutido propostas com potencial para trazer mais recursos federais para a educação básica, que reúne educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e Educação de Jovens e Adultos, a EJA.
Daniel Cara explica como funciona o Fundeb, a sua importância e o está acontecendo no Congresso Nacional para garantir a permanência do Fundo.
Para saber mais sobre o assunto acesse a Reportagem Mais Recursos para a Educação Básica , que saiu na última edição da Revista Poli.


Reportagem: Ana Paula Evangelista
Edição: Maira Mathias
Apresentação: André Antunes

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Policast

Relatório do Médicos pelo Brasil tem viés privatizante, diz sanitarista

O senador Confúcio Moura (MDB-RO) apresentou, em 17 de setembro, seu relatório sobre a Medida Provisória 890 de 1º de agosto 2019, que cria o programa Médicos pelo Brasil, na comissão especial mista criada no Congresso para analisar a medida.

O relatório do medebista acolhe em seu parecer uma regra “excepcional e transitória” para incorporação dos médicos cubanos, na condição de intercambistas e pelo prazo de dois anos, no novo programa, “até que o novo modelo consiga equalizar o problema do provimento de médicos nas localidades carentes”.

Os cerca de 1.800 cubanos que participaram do Mais Médicos e ficaram no Brasil receberão o mesmo salário dos brasileiros, e poderão fazer o Revalida por até quatro vezes.

Entretanto, a MP tem sido bastante criticada e recebeu em agosto centenas de emendas, que deverão ser votadas em outubro pelo plenário da Câmara dos Deputados.

No Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), o sanitarista Vinícius Ximenes, médico de família e comunidade e integrante da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP), avaliou o viés privatizante da Medida Provisória.

Adaps

Segundo ele, boa parte da MP foi mantida no relatório. É o caso da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps).

”Um ente paraestatal, um ente privado, que não tem nenhuma subordinação ao Estado a partir de sua criação, com diversas competências, diversas atribuições que são dos outros entes da União. Os gestores vão manter as mesmas responsabilidades que têm hoje de controle, fiscalização e outras, mas estarão submetidos ao tipo de pactuação com ente que ganha uma série de atribuições, que não tem o mesmo rigor junto aos órgãos de controle, que terá muito poder frente às dimensões dos poderes municipal, estadual e da União”.

Residência e especialização

Com relação à residência de Medicina de Família e Comunidade, outro ponto crítico, o sanitarista esclarece que a proposta do governo faz uma mudança em todo o arcabouço de formação de especialistas no Brasil. Ela reduz o tempo para realizar a prova de título e poderá gerar um esvaziamento na residência em Medicina de Família e Comunidade.

”Hoje a especialidade médica tem dois caminhos: fazer uma residência médica com quantidade determinada x de tempo para ao final ter o título de especialista, ou trabalhar o dobro do tempo em serviços vinculados à área de uma especialidade para realizar a prova de título”.

Como exemplo do que poderá ocorrer, Ximenes explica que um profissional trabalharia dois anos pela Adaps por um regime de formação qualitativamente inferior ao da residência médica e ganhará valor bastante superior ao que é pago para o residente.

Sem carreira

Outra crítica que o médico aponta é sobre o anúncio de criação de uma carreira médica de estado.

”A gente não pode dizer que ali [contratação por Adaps, OSS] há uma carreira de Estado, demanda histórica que as entidades médicas brasileiras traziam e anunciavam em relação ao lançamento do Programa Médicos pelo Brasil. O contrato por CLT só viria daqui dois anos, porque o Ministério da Saúde ainda pode contratar os profissionais via regime de bolsa”.

A proposta do governo Bolsonaro também não prevê representação dos trabalhadores, incluiu o Conselho Federal de Medicina, a Associação Médica Brasileira e o Conselho Nacional de Saúde, que na proposta original estava fora.

Revalidação no privado

”O governo abre as travas do ponto de vista de instituições privadas poderem atuar na questão da revalidação de diplomas estrangeiros; um fator bastante sensível da regulação do sistema educacional”.

Em sua opinião, isso poderá abrir precedentes para a perda de competência do Estado no processo de revalidação de diplomas, como está previsto pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB).

Edição: Cecília Figueiredo

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Repórter SUS

PL aprovado na Câmara prevê equipe com psicólogo e assistente social na rede pública de ensino

Segue para a sanção presidencial o Projeto de Lei 3688/00 que obriga as redes públicas de educação básica a terem equipe multiprofissional com psicólogo e assistente social. O projeto estava em tramitação há 19 anos e foi aprovado por unanimidade no dia doze de setembro na câmara dos deputados.
PL prevê que as equipes multiprofissionais deverão desenvolver ações voltadas para a melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, com a participação da comunidade escolar, atuando na mediação das relações sociais e institucionais.
Se o PL for sancionado pelo presidente, os sistemas de ensino terão um ano, a partir da data de publicação da lei, para tomar as providências necessárias ao cumprimento da norma.

Produção: EPSJV/Fiocruz
Reportagem: Ana Paula Evangelista
Edição: Ana Paula Evangelista e Maíra Mathias
Apresentação: André Antunes e Ana Paula Evangelista

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Policast

Suicídio é maior entre trabalhadores agropecuários, revela estudo

Setembro amarelo. No mês dedicado, mundialmente, à prevenção ao suicídio, os dados brasileiros reforçam o alerta: mais de 8,5 mil casos são registrados por ano no país. E essas mortes podem variar de acordo com os postos de trabalho ocupados.

É o que aponta um novo estudo divulgado pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA). Inicialmente o levantamento, proposto pelo Ministério da Saúde, buscava identificar no ano da Saúde Mental, 2019, – instituído pela Organização Mundial de Saúde (ONU) – um raio-x dos transtornos mentais relacionados ao trabalho.

A morte de homens por suicídio na agricultura é maior que em outras profissões e vem aumentando ano a ano, embora não seja um caso isolado brasileiro. É o que esclarece a professora Vilma Santana, coordenadora do Programa Integrado em Saúde Ambiental e do Trabalhador da UFBA, no Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz).

“Mulheres agropecuárias têm maior mortalidade por suicídio - esta mortalidade vem crescendo entre 2007 e 2015 – enquanto as mulheres de outras atividades de trabalho não demonstrou nenhuma elevação. Entre os homens, os agropecuários têm maior mortalidade por suicídio do que os não agropecuários”.

Foram registrados 77.373 suicídios no país, entre 2007 e 2015. No primeiro ano, 16,6 mortes desse tipo por 100 mil habitantes. Em 2015, a taxa de pessoas que tiraram a própria vida saltou para 20,5. O número representa o dobro da média de suicídios para os trabalhadores em geral.

Fatores como baixa renda, instabilidade no emprego, pressão por produtividade, o acesso limitado à educação e saúde são algumas das hipóteses causadoras de maior risco de suicídios entre os trabalhadores da agropecuária.

“Existem muitas causas possíveis, mas nós não temos evidências empíricas do nosso estudo, mas outros estudos têm levantado a questão da pobreza, da falta de serviços de saúde de qualidade”.

Ainda de acordo com a coordenadora, a exposição a substâncias químicas, presentes nos agrotóxicos representa uma causa importante indicada por estudos.

“Porque o Brasil é campeão mundial no uso de substâncias químicas. Existem estudos da Unicamp demonstrando que as medidas de proteção dos trabalhadores que utilizam, que manejam agrotóxicos é muito pouco eficiente no sentido de proteção. Além do cuidado de rede de apoio, sintomatologia psíquica, ideação suicida, nós temos que pensar na proteção do trabalhador, especialmente da agropecuária em relação a esses venenos”.

Os pesquisadores analisaram registros do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

Edição: Cecília Figueiredo/ Saúde Popular

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Repórter SUS

O que será da ciência brasileira?

Nesse Policast você vai conhecer o relato de uma jovem cientista, ex-aluna do Poli. Gabriella Pinheiro Alves de Freitas é uma das centenas de pesquisadores atingidos pelos cortes no orçamento da ciência e inovação. A pesquisa de Gabriela pretende investigar a segurança de um novo tratamento que utiliza o vírus da zika para combater o câncer cerebral mais maligno que existe, conhecido como glioblastoma. Atualmente não há nenhum tratamento eficaz contra esse tumor e os pacientes sobrevivem cerca de 15 meses após o diagnóstico, com péssima qualidade de vida. A investigação desenvolvida por ela poderia melhorar esse panorama. No entanto, no dia 02 de setembro, MEC anunciou um corte de 5.613 bolsas de mestrado e doutorado concedidas pela Capes. Se a conta incluir outros cortes anunciados pelo governo federal desde o começo do ano, já são quase 12 mil bolsas a menos. Já o CNPq, firmou nesta semana que não teria como garantir o pagamento de seus oitenta e quatro mil bolsistas a partir do mês de setembro por falta de verbas. Gabriela receberia dois mil e duzentos reais de bolsa do CNPq, mais trezentos e noventa e quatro reais para serem gastos com materiais de laboratório, a chamada verba de bancada. Mas assim que entregou a documentação na universidade recebeu a notícia de que a bolsa tinha sido cancelada.
Você também vai ouvir uma análise da especialista Márcia Teixeira sobre o cenário de paralisia na ciência no país.
E mais...Depois de expor a situação publicamente no Facebook a pesquisadora recebeu milhares de comentários e compartilhamentos de pessoas comovidas com a situação. Foi convencida a fazer uma vaquinha para arrecadar treze mil e duzentos reais para cobrir o custo seis meses da pesquisa, com a esperança de conseguir nesse intervalo uma nova fonte de financiamento.
Para contribuir com a pesquisa de Gabriella acesse: http://vaka.me/707483

Produção: EPSJV/Fiocruz
Reportagem: Ana Paula Evangelista
Edição: Ana Paula Evangelista e Maíra Mathias
Apresentação: André Antunes e Ana Paula Evangelista

 

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Policast