Serviços 
O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

Ana Paula Evangelista

Infectologista pede "pacto" entre profissionais e população para aplicação da vacina

As vacinas aprovadas provisoriamente pela Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) até o momento – Coronavac, da Sinovac/Instituto Butantan e Covishield, da AstraZeneca/Fiocruz – são seguras e têm capacidade para diminuir o número de internações e mortes causadas pela covid-19, afirma o médico infectologista Gerson Salvador, especialista em saúde pública.

“Quanto mais pessoas estiverem imunizadas, menos o vírus vai circular. Isso também deve contribuir para a efetividade da vacina", ressalta Salvador.

Ele defende que se faça um pacto entre profissionais da saúde, pesquisadores e autoridades, com o objetivo de esclarecer e apoiar a população a se vacinar.

"Esse é um compromisso que temos que ter com a população: precisamos falar que elas são seguras e eficazes, sim, e vão diminuir a proporção de pessoas que vão precisar de atendimento médico mediante uma infecção pelo coronavírus, isso a gente pode afirmar com bastante segurança”, garante.

O infectologista diz que, embora não tragam riscos, as vacinas ainda precisam de avaliação de efetividade após a aplicação em uma camada considerável de pessoas. Para isso, é preciso adesão da população em geral.

“Quando a gente fala de eficácia, falamos do quanto aquela vacina vai ser capaz de diminuir infecções sintomáticas. Vamos avaliar a efetividade no quanto essa vacina vai ser capaz de reduzir internações, mortes, quando estiveram amplamente disponíveis. A efetividade depende da adesão maciça”, afirma Salvador.

Para ele, todos os brasileiros têm um “desafio gigantesco” para que o vírus deixe de circular frequentemente no país e o surto seja controlado.

“Temos que imunizar 210 milhões de pessoas, e é um desafio que está dado para a sociedade em geral, a saber das dificuldades geradas em diversos níveis, notadamente no governo, nas relações exteriores do próprio presidente da República e do Ministério da Saúde. Temos que fazer um pacto e procurar caminhos”, conclui.

Edição: Leandro Melito

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS

Escolas têm que ser lugar de proteção contra a covid-19, defende sanitarista

A escola é lugar de aprendizado, de socialização, mas também de proteção às crianças e adolescentes em meio à pandemia de covid-19, defende o sanitarista e pediatra Daniel Becker, um dos coordenadores da campanha "Lugar de Criança é na Escola".

“Tem que entender que a escola é um lugar de proteção quando ela tem protocolo de mitigação", explica o profissional. Por essa razão, ele defende a volta imediata das aulas, contanto que as escolas, principalmente as públicas, estejam com a estrutura preparada para cumprir os protocolos sanitários contra o surto de covid-19.

"Precisa de investimento em obras, de abertura de janelas, de ventilação, de uso de áreas abertas ao ar livre, de compra de matérias de EPI [equipamentos de proteção individual] para funcionários, máscara e álcool em gel para as crianças”, afirma o médico.

Para ele, o pedido de urgência para a retomada do ano letivo vem da percepção de que as crianças estão ficando doentes em casa – raramente pelo vírus, mas pela carga emocional.

“As crianças expressaram muito sofrimento este ano. Ao longo dos meses, começamos a perceber que elas estavam adoecendo de sofrimento físico, psíquico e mental em função do isolamento, da falta da escola, do confinamento, falta do ar livre, dos amiguinhos, da socialização, dos avós, de circular pela cidade”, relata.

Becker afirma que o país “cometeu um crime” ao paralisar as atividades educacionais e diz que o retorno vai melhorar a saúde de estudantes e pais.

“Vamos ter proteção e acolhimento emocional para as crianças, vamos ter o retorno do ensino, que é tão importante, reduzir a evasão escolar que vai ser brutal, botar as crianças de novo socializando, aprendendo, brincando, comendo e sendo protegidas”, elenca.

Edição: Leandro Melito

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS

Mapeamento aponta que 90% das doulas se sentem desvalorizadas na profissão

Um mapeamento feito pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio e aAssociação de Doulas do Rio de Janeiro (Adoulas-RJ) apontou que mais de 90% das doulas não se sentem valorizadas na profissão. A pesquisa foi feita com 785 participantes, em cinco estados - Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraíba, Santa Catarina e São Paulo.

Ainda segundo o estudo, 40% das profissionais não conhecem as atividades da profissão, descritas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

Morgana Eneile, que devide a coordenação do estudo com José Mauro, professsor pesquisdor da EPSJV/Fiocruz, lamenta que existam poucas oportunidades de formação às profissionais, com maioria de cursos com duração de menos de 60 horas e pagos. Para ela, isso aumenta a distância entre negras e brancas no mercado – segundo a pesquisa, apenas 37% são negras.

“Com poucas oportunidades de formação pública, sabemos, então, porque temos menos doulas negras e porque temos menos funções voltadas para que essas mulheres sejam doulas, exclusivamente, e não terem que ter outras fontes de renda”, critica.

A maioria das doulas tem entre 31 e 40 anos e recebe menos de R$ 1,5 mil por atendimento. O valor é considerado abaixo do aceitável pela presidente da Adoulas-RJ, Morgana Eneile Tavares de Almeida.

“Um atendimento é em uma relação autônoma, envolve uma série de encontros na gestão, o tempo de trabalho de parto e o processo de acompanhamento pós-parto, nós estamos falando de valores muito distantes, isso vai desdobrar em uma renda menor que três salários mínimos para as doulas no Brasil”, complementa.

Segundo ela, há uma lógica equivocada de que doulas prestam serviço para pessoas ricas e ganham muito dinheiro. “Menos de 1% das profissionais indicaram que teriam clientes de alto poder aquisitivo”, informa.

 

Edição: Leandro Melito

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS

Entidades lançam campanha para cobrar fortalecimento do SUS e vacina para todos

Entidades que atuam em defesa da saúde pública lançaram a campanha O Brasil Precisa do SUS, na terça-feira (15), para cobrar medidas de autoridades políticas em prol de verbas para a área e de comprometimento com a vacinação contra a covid-19.

A ideia é encampar uma mobilização social para que o Congresso garanta o orçamento necessário para as demandas do SUS em 2021. Além disso, busca-se assegurar que a vacina contra o novo coronavírus chegue a toda a população brasileira.

“Diante da omissão, diante do negacionismo, diante de todas as dificuldades que esse governo federal está impondo à população brasileira, nós nos unimos, várias entidades da saúde, organizações nacionais, para fazer uma grande mobilização em função de que o Brasil não precisa passar por isso. O Brasil poderia estar enfrentando melhor a pandemia”, justifica Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

As entidades elaboraram um documento político, intitulada “Carta ao Povo Brasileiro”, entregue a parlamentares junto com recomendações para o enfrentamento à pandemia atual.

“Nós entregamos, ao Congresso Nacional e ao Ministério da Saúde, um plano nacional de enfrentamento com 70 recomendações às autoridades políticas, sanitárias, gestores do SUS e sociedade em geral, do que deveria ser feito para o enfrentamento da pandemia, novamente chamando a atenção da omissão e da irresponsabilidade do governo federal”, explica Gulnar.

Segundo ela, para que o país vença a covid-19, é preciso que toda a população – mesmo quem tem plano de saúde particular – se una em favor do SUS.

“Sem o SUS, não é possível vacinar a população. Sem o SUS não é possível atender todos os doentes que vão precisar de assistência hospitalar, de leitos da UTI. Sem o SUS, as vacinas não chegam às unidades básicas para fazer vacinação. Sem o SUS, nada disso vai acontecer, inclusive para quem tem plano privado, porque é o SUS que vai fazer a vigilância das vacinas. Ou seja, toda a população precisa do SUS e precisa, mais do que nunca, defender que ele seja fortalecido.”

Edição: Rodrigo Chagas

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS

Fiocruz lança site que reúne materiais sobre cuidados com idosos na pandemia

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou recentemente o site Pessoa Idosa e Covid-19: Materiais sobre prevenção e cuidados.

O objetivo da plataforma online é disseminar, reunir e catalogar materiais sobre o cuidado do idoso durante a pandemia da covid-19, principalmente no ambiente domiciliar.

De forma didática, o portal concentra informações de diversas áreas relacionadas ao grupo mais atingido pelo novo coronavírus e é fruto de uma parceria entre o Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento da Fiocruz (Gise/Icict/Fiocruz) com a Universidade da Maturidade da Universidade Federal do Tocantins (UMA/UFT).

Parte do material foi coletado na internet enquanto a outra parte foi construída a partir da colaboração de profissionais e instituições da área da saúde de todas as regiões do país.

“Esse material é direcionado a um público muito diverso. Desde profissionais de saúde, gestores, cuidadores e o próprio idoso que quer conhecer as recomendações. Reunimos uma grande diversidade de materiais: cartilhas, guias, notas técnicas, vídeos, podcasts e relatos de experiências”, afirma Dalia Romero, pesquisadora da Fiocruz e coordenadora geral do projeto.

Segundo ela, ainda que a população idosa seja a principal vítima fatal do novo coronavírus, desde o início da pandemia é perceptível que a informação sobre o cuidado e prevenção voltada especificamente para este público é insuficiente.

Romero explica que os idosos são os maiores consumidores de notícias falsas e que, ao reunir materiais em diferentes formatos e com linguagem acessível, o site permite que informações confiáveis cheguem aos mais velhos.

O site disponibiliza, por exemplo, informações de como estimular a memória da pessoa idosa, dicas sobre tecnologia e entretenimento, e instruções para lidar com o luto durante a pandemia.

Informação para quem cuida

Outra prioridade do projeto, conforme sublinha a pesquisadora, é levar informações essenciais também para os cuidadores dos idosos. Devido ao isolamento social, muitos permaneceram em casa e se depararam com diversas dúvidas de como lidar com os familiares neste período.

“As pessoas podem encontrar no site, recomendações tanto para idosos que moram em domicílios, como idosos que moram em asilo. Encontra-se também material produzido por quase todos os estados do Brasil, sobre o distanciamento social, sobre como orientar pessoas com ansiedade, estresse e solidão. Como aproveitar o tempo, fazer exercícios físicos e tomar medidas de prevenção", detalha a pesquisadora.

Além dos manuais e orientações gerais, o Pessoa Idosa e Covid-19 também concentra todos os posicionamentos oficiais sobre a pandemia.

Consequências fatais

Ainda de acordo com a pesquisadora Dalia Romero, ao passo que os governantes ignoram o envelhecimento da população, em comparação com outros países da América Latina, os idosos brasileiros morrem de forma prematura.

A falta de investimentos na rede pública de saúde e principalmente na atenção primária, é para ela, o que agrava a situação.

“Desde 2017, observamos na vida cotidiana dos municípios brasileiros como o desmonte está impactando a população idosa. A perda de equipes e agentes comunitários, das visitas, a ausência do médico de família em lares onde moram idosos, tem um efeito muito nefasto. Cerca de 80% da saúde do idoso depende de uma atenção adequada e primária”, explica Romero.

Ela afirma também que o site dialoga diretamente com o Sistema Único de Saúde (SUS) na medida que provê informação de qualidade para a população, mas também denuncia seu desmonte.

“O ideal é que desde o primeiro momento [da pandemia], o sistema de saúde fosse fortalecido e a atenção primária estivesse na rua, como aconteceu em muitos países que tiveram sucesso na sobrevivência de idosos em tempo de covid”.

Acesse o site pelo endereço: https://idososcovid19.fiocruz.br/

Edição: Leandro Melito

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS

CNS: R$ 5,6 bilhões liberados para enfrentamento da pandemia não foram utilizados

O governo Bolsonaro não utilizou R$ 5,6 bilhões em créditos extraordinários para enfrentamento da covid-19. O cálculo foi divulgado em um boletim da Comissão de Orçamento e Financiamento (Cofin), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), com base nas ações do Ministério da Saúde até 24 de novembro.

O valor que deixou de ser utilizado equivale a 12,8% de todos os créditos extraordinários liberados para a pasta na pandemia.

Os recursos poderiam ser utilizados, por exemplo, para ampliação de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), respiradores, insumos e equipamentos de proteção individual (EPIs). Segundo o Cofin, R$ 74,7 milhões foram perdidos, porque eram referentes a três medidas provisórias (MPs) cuja validade já expirou.

Conselheiro nacional de Saúde e coordenador-adjunto do Cofin, Getúlio Vargas alerta que o orçamento de 2021 deve ser votado em plenário sem passar por uma comissão especial e sem diálogo com a sociedade.

"Esse recurso, se não for empenhado até o final do mês, pode ser perdido, o que é muito temeroso", afirma.

Vargas também mostra preocupação de não haver até o momento previsão de votação das leis orçamentárias para 2021.

"Há uma expectativa de que, a partir de 15 de dezembro tenhamos, direto no plenário das casas legislativas, a discussão da PLDO [Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias]. E a proposta que está em tramitação não prevê a incorporação desse crédito extraordinário no orçamento de 2021", ressalta.

Em agosto, o CNS lançou uma petição para que o Congresso Nacional garanta a incorporação desses créditos no orçamento do ano que vem. A petição tem mais de 560 mil assinaturas e tem como uma de suas demandas a revogação da Emenda Constitucional 95/2016, conhecida como "teto de gastos", que congelou os investimentos em áreas sociais até 2036.

"Nós já estamos em dezembro, e a pandemia está vivendo uma nova onda. Então, dia 31 de dezembro a gente ainda estará vivendo sob a égide da covid-19, e isso precisa ser reconhecido e tratado na questão orçamentária", reforça o conselheiro.

"Muitos novos leitos de UTI, respiradores, não poderão ser mantidos sem esses créditos extraordinários".

Vargas chama a atenção que o Sistama Único de Saúde (SUS) precisará dar conta de demandas reprimidas de 2020, decorrentes do adiamento de cirurgias eletivas e exames de maior complexidade, bem como das consequências da interrupção do tratamento de doenças crônicas que estão sendo noticiadas.

Além disso, o Ministério precisará de recursos para garantir a imunização de mais de 200 milhões de pessoas e enfrentar a nova onda de covid-19 no país, que voltou a registrar mais de 800 óbitos pela doença em 24 horas.

Edição: Leandro Melito

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS

Estigma e desinformação ainda travam combate à Aids no Brasil, avalia pesquisadora

Quatro décadas após o início da epidemia da Aids, o Brasil ainda enfrenta uma série de problemas para conter a disseminação do vírus HIV. Os principais deles seguem sendo o estigma e a desinformação sobre a doença.

Conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde, na terça-feira (1), o Brasil registrou 41.919 novos casos de infectados pelo HIV em 2019, número 7% menor que as 45.078 novas infecções do ano anterior.

Ainda segundo o levantamento, 51,6% dos infectados são homens homossexuais e bissexuais, 31,3% são heterossexuais e 1,9% são usuários de drogas injetáveis (UDI).

A socióloga Daniela Riva Knauth, integrante da Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), ressalta que, embora a situação ainda seja preocupante, o país registra avanços no uso de tecnologias e no entendimento sobre os contaminados.

“As ciências sociais e humanas em saúde foram fundamentais no início da epidemia, estudando o comportamento dos grupos mais afetados, que eram grupos que tinham poucos estudos naquele momento”, destaca.

Para ela, mesmo com o passar de tantos anos, o estigma ainda é uma grande barreira. Daniela cita que hoje estão à disposição remédios profiláticos (para serem usados antes, como prevenção) eficazes, mas que muitas vezes são ignorados por falta de conhecimento.  

“Esse é um desafio importante para a gente entender como usar medicamento sem ter o vírus, associado a uma doença fortemente estigmatizada, se coloca para as pessoas e em que medida esse estigma se apresenta como uma barreira importante na adoção dessas estratégias de prevenção”, avalia.

A socióloga lamenta que exista uma grande desinformação sobre prevenção e tratamento principalmente entre a população jovem. Para ela, as estratégias atuais devem contemplar o mundo digital, para além de ensinos tradicionais que também deve ser mantidos nas escolas e serviços de saúde.

“É justamente nessa população jovem que o HIV tem aumentado no Brasil. É fundamental nós estudarmos formas de intervir e dar acesso a uma informação de qualidade, utilizando também a tecnologia de informação e comunicação adequada a essa população”, avalia.

Edição: Leandro Melito

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS

Frutas, doces, fast-foods: como o confinamento impactou a alimentação de adolescentes

Adolescentes comeram mais frutas e legumes nos primeiros meses de confinamento. Por outro lado, o consumo de doces também aumentou. Essa foi uma das constatações de um estudo coordenado pelo pesquisador Alberto Dávalos, do Instituto Madrilenho de Estudos Avançados em Alimentação, e realizado em outros quatro países: Brasil, Itália, Colômbia e Chile.

O estudo teve a participação da professora Patrícia Padilha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e foi publicado no periódico Nutrients em novembro.

Pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Letícia Cardoso participou do desenvolvimento metodológico do estudo e explica que o questionário foi enviado pela internet, para ser respondido por adolescentes com idade entre 10 e 19 anos.

"A Itália e a Espanha já vivenciavam o lockdown a um longo tempo, quando o estudo foi conduzido, enquanto a gente estava começando a vivenciar esse isolamento. Nossa ideia foi comparar as mudanças de hábitos alimentares nos cinco países", lembra.

"Quem respondeu esse questionário é uma parcela [da população] que tem mais renda e mais escolaridade, que tem uma maior preocupação ou já consomem habitualmente alimentos mais saudáveis", pondera Cardoso. "Hoje, temos estudos que mostram aumento de insegurança alimentar entre os mais pobres", ressalta.

A pesquisa demonstrou queda no consumo de fast-foods. Antes da quarentena, apenas 44,6% dos adolescentes consumiam esse tipo de alimento menos de uma vez por semana. A porcentagem aumentou para 64% durante o confinamento.

"O que mais chamou a gente nos resultados, inicialmente, foi um aumento no consumo de frutas, legumes e vegetais. A gente acredita que dois fatores influenciaram nisso: os pais estavam em casa, e isso favoreceu o hábito de comprar alimentos in natura para serem preparados", interpreta.

A pesquisa mostra que 43% deles consumiram vegetais todos os dias durante o confinamento, contra 35,2% que consumiam antes.

Por outro lado, houve aumento no consumo de doces, o que "está ligado a uma sensação de 'compensação'", segundo a pesquisadora. Não houve mudanças em relação ao consumo de carnes processadas, e houve um aumento não significativo nas bebidas açucaradas.

Cardoso define o resultado como "relativamente positivo". Ela acrescenta que o consumo de ultraprocessados no Brasil já era menor que nos demais países, e não aumentou no início do confinamento.

"Em contrapartida, outros estudos vêm demostrando maior acesso a comida pronta, entregue em casa, na fase mais tardia da pandemia", reconhece.

"Precisamos estar atentos a uma intervenção pública, tanto para continuar promovendo alimentação saudável para uma população com maior renda, quanto para garantir a alimentação de uma população que está sofrendo os impactos econômicos do isolamento social. E a gente não tem percebido movimentos nesse sentido, exceto ações pontuais no início da pandemia."

Os questionários eram anônimos e foram respondidos por 820 adolescentes. A Espanha foi o único dos cinco países que não registrou aumento no consumo de legumes.

Edição: Leandro Melito

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS

Novembro azul: sem sintomas, exame é a melhor prevenção contra câncer de próstata

Em 17 de novembro, é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. No Brasil, o Instituto Lado a Lado Pela Vida foi o primeiro a adotar a campanha novembro azul com o objetivo de quebrar o preconceito masculino de ir ao médico e, quando necessário, fazer o exame de toque.

De acordo com o Instituto, 95% dos casos são diagnosticados em estágio avançado, uma vez que, na fase inicial, a doença não apresenta sintomas e a quantidade da homens que realizam o exame constantemente ainda é baixa.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, somente em 2020, o Brasil já registrou 65.840 casos e, em 2018, foram contabilizadas 15.576 mortes pela doença. No entanto, quando o diagnóstico é realizado precocemente, as chances de cura são de 90%.

::Agrotóxicos podem ser a causa de casos de câncer e malformação?::

Cátia Benevides, professora-pesquisadora Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), explica que o câncer de próstata é a segunda doença mais comuns entre os homens, estando atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.

São 70 mil novos casos por ano sendo que, em 75% dos casos, os pacientes têm mais de 65 anos segundo o Inca.

Benevides alerta que isso não significa que os mais jovens não precisam estar atentos, já que também são acometidos pela doença. “Grande parte desses casos ainda envolve preconceito e falta de informação sobre o assunto”, ressalta.

Ela ressalta a necessidade de “deixar o preconceito de lado e buscar informações, ajuda. Informar e esclarecer é uma obrigação social que pode salvar vidas. Costumo dizer que quem procura acha, e quem acha cura”.

A pesquisadora ressalta que, além da idade, existem outros fatores de risco para a doença.

“Tem outros fatores de risco, como obesidade, sobrepeso e histórico familiar. É importante também observar que, na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas. Por isso, a realização dos exames preventivos se torna muito importante”.

Leia também: Nem todo paciente com câncer está no grupo de risco da covid-19

Na fase avançada da doença, entretanto, os sintomas aparecem: dificuldade para urinar, presença de sangue na urina, dor óssea e até mesmo insuficiência renal.

"O tratamento pode ser feito através de acompanhamento clínico ou de cirurgia, vai depender muito do estágio da doença. Buscar informação e apoio médico são as melhores decisões que o homem pode tomar em relação a sua saúde.”

O que é o câncer de próstata?

A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino que tem o formato de uma maçã e está localizada logo abaixo da bexiga e à frente do reto, envolvendo a parte inicial da uretra. Ela é responsável por produzir parte do sêmen, que contém os espermatozoides.

O câncer nesta região é caracterizado pelo aumento desordenado das células cancerígenas. Em alguns casos, o crescimento pode se dar de forma rápida, espalhando-se por outro órgãos e podendo levar à morte. O mais comum, no entanto, é ocorrer de forma lenta: cerca de 15 anos para atingir um centímetro.

Edição: Leandro Melito

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS

Novembro azul: sem sintomas, exame é a melhor prevenção contra câncer de próstata

Em 17 de novembro, é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. No Brasil, o Instituto Lado a Lado Pela Vida foi o primeiro a adotar a campanha novembro azul com o objetivo de quebrar o preconceito masculino de ir ao médico e, quando necessário, fazer o exame de toque.

De acordo com o Instituto, 95% dos casos são diagnosticados em estágio avançado, uma vez que, na fase inicial, a doença não apresenta sintomas e a quantidade da homens que realizam o exame constantemente ainda é baixa.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, somente em 2020, o Brasil já registrou 65.840 casos e, em 2018, foram contabilizadas 15.576 mortes pela doença. No entanto, quando o diagnóstico é realizado precocemente, as chances de cura são de 90%.

::Agrotóxicos podem ser a causa de casos de câncer e malformação?::

Cátia Benevides, professora-pesquisadora Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), explica que o câncer de próstata é a segunda doença mais comuns entre os homens, estando atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.

São 70 mil novos casos por ano sendo que, em 75% dos casos, os pacientes têm mais de 65 anos segundo o Inca.

Benevides alerta que isso não significa que os mais jovens não precisam estar atentos, já que também são acometidos pela doença. “Grande parte desses casos ainda envolve preconceito e falta de informação sobre o assunto”, ressalta.

Ela ressalta a necessidade de “deixar o preconceito de lado e buscar informações, ajuda. Informar e esclarecer é uma obrigação social que pode salvar vidas. Costumo dizer que quem procura acha, e quem acha cura”.

A pesquisadora ressalta que, além da idade, existem outros fatores de risco para a doença.

“Tem outros fatores de risco, como obesidade, sobrepeso e histórico familiar. É importante também observar que, na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas. Por isso, a realização dos exames preventivos se torna muito importante”.

Leia também: Nem todo paciente com câncer está no grupo de risco da covid-19

Na fase avançada da doença, entretanto, os sintomas aparecem: dificuldade para urinar, presença de sangue na urina, dor óssea e até mesmo insuficiência renal.

"O tratamento pode ser feito através de acompanhamento clínico ou de cirurgia, vai depender muito do estágio da doença. Buscar informação e apoio médico são as melhores decisões que o homem pode tomar em relação a sua saúde.”

O que é o câncer de próstata?

A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino que tem o formato de uma maçã e está localizada logo abaixo da bexiga e à frente do reto, envolvendo a parte inicial da uretra. Ela é responsável por produzir parte do sêmen, que contém os espermatozoides.

O câncer nesta região é caracterizado pelo aumento desordenado das células cancerígenas. Em alguns casos, o crescimento pode se dar de forma rápida, espalhando-se por outro órgãos e podendo levar à morte. O mais comum, no entanto, é ocorrer de forma lenta: cerca de 15 anos para atingir um centímetro.

Edição: Leandro Melito

Por:

Categoria(s):

Repórter SUS