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Ana Paula Evangelista

Repórter SUS: 96% dos agentes comunitários de saúde têm sofrimento relacionado à pandemia

Mais de 96% dos agentes comunitários de saúde apresentam sofrimento relacionado à pandemia do novo coronavírus. Os números são resultado de monitoramento realizado pela Fiocruz com cerca de dois mil agentes comunitários de saúde (ACSs) em seis cidades do Brasil sobre as condições de saúde, formação e trabalho, durante os meses de abril e maio deste ano, no início da pandemia.

“96,1% relataram sofrimento relacionado ao contexto da pandemia no período. Os sinais mais frequentes indicados foram a insônia, 50,4%, seguida pela tristeza, 49,3% e pela angústia, 45,4%”, explica Mariana Nogueira, professora-pesquisadora da Fiocruz e uma das coordenadoras da pesquisa.

O estudo aponta que 45,1% dos agentes vivenciaram a morte de pacientes que acompanhavam ou outras pessoas com as quais mantinham vínculos pessoais por covid-19. Além disso, 47,1% dos agentes comunitários apresentaram alguma comorbidade relacionada à covid-19, como problemas cardíacos e obesidade.

“Esse conjunto de aspectos apresenta que os agentes comunitários de saúde somam-se a um contingente de trabalhadoras que estão à frente do combate à pandemia, que estão expostos a maiores riscos para a sua saúde no que se refere às implicações econômicas e sociais negativas aprofundadas pela pandemia”, afirma Nogueira.

Ainda, dos agentes que receberam máscaras cirúrgicas para o trabalho, 39,3% afirmaram não receber o equipamento em quantidade suficiente, e 45,3% disseram que a qualidade é insatisfatória.

Segundo Nogueira, “a pesquisa tem como objetivo principal analisar os impactos da covid-19 na saúde das trabalhadoras e trabalhadores ACSs, bem como as condições de trabalho e de formação profissional, ofertadas a estes no momento da pandemia em capitais do país que apresentam elevados números de casos”.

O estudo foi realizado em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e em outras três cidades das regiões metropolitanas das respectivas capitais: Guarulhos, São Gonçalo e Maracanaú.

Os resultados foram divulgados pela Fiocruz no primeiro boletim da pesquisa “Monitoramento da Saúde dos ACSs em tempos de Covid-19” por meio do Programa de Políticas Públicas, Modelos de Atenção e Gestão de Sistema e Serviços de Saúde.

Para o acompanhamento das condições dos ACSs, os profissionais devem responder às perguntas de um formulário por mais três vezes, com um intervalo de dois meses entre cada preenchimento. As perguntas estão divididas em seis partes: perfil dos participantes, acesso à equipamento de proteção individual (EPI), processo de trabalho, formação para a atuação na pandemia, condições de saúde e vivências de perdas e sofrimento emocional.

Nessa primeira fase, foram 1978 trabalhadores responderam: 734 em São Paulo, 116 Guarulhos, 588 no Rio de Janeiro, 156 em São Gonçalo, 291 em Fortaleza e 96 em Maracanaú.Ainda segundo Nogueira, a maioria dos participantes é composta por mulheres: 92,4%. A faixa etária predominante está entre 30 e 39 anos, 38,7%. E, entre os respondentes, 52,6% declararam-se pardos e 18,8% pretos.

Edição: Leandro Melito

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Repórter SUS

Covid-19 Favelas: Fiocruz aponta que pandemia tem mais impacto em áreas pobres do Rio

Relatos obtidos por novo  monitoramento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em comunidades pobres e favelas do Rio de Janeiro  (RJ) sobre a covid-19, apontam que a pandemia atinge de forma mais expressiva as áreas mais pobres da cidade, com menos infraestrutura estatal.

As informações constam do Radar Covid-19 Favelas, lançado no dia 30 de julho com relatos de moradores de comunidades de Catiri, Jacarezinho, Manguinhos e Maré.

Fábio Araújo, sociólogo e pesquisador da Cooperação Social da Fiocruz que ajudou na construção do informativo, aponta que os relatos “dão conta dos processos de determinação social que produzem o processo de saúde e doença, como, por exemplo, as questões relacionadas ao saneamento, acesso à água, coleta de lixo, e como que isso tem se dado atualmente na realidade das favelas”, explica explica

O Radar chama a atenção para a necessidade de olhar para as necessidades que vêm da favela e não para o que as autoridades acreditam vir desses territórios. Por essa perspectiva, os relatos apontam para um ausência estrutural do Estado nas favelas, por meio da falta de assistência médica e sanitária, no caso da pandemia do novo coronavírus.

“São questões que não começaram agora, mas que tiveram seu agravamento com a pandemia”, afirma Araújo. Para ele, com a medida, a Fiocruz também“tenta reforçar a participação social dos moradores de favelas na discussão e na construção de políticas públicas e na construção de soluções para o enfrentamento da covid-19”.

Um levantamento divulgado também no final de julho pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que a maioria das mortes causadas pela doença no Rio é de moradores dos bairros mais pobres.

Ainda em junho, no dia 26, uma pesquisa realizada pelo epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Lotufo, no município paulista, mostrou que a letalidade do novo coronavírus é 60% maior em bairros pobres do em relação aos bairros ricos.

Radar Covid-19 Favelas

O objetivo do Radar é reunir informações com base em um monitoramento de fontes não oficiais, como páginas em redes sociais desses locais, bem como o contato direto com moradores, coletivos e lideranças comunitárias, para “reforçar a visibilidade do que tem sido vivenciado nas favelas em relação à pandemia de covid-19".

"Funciona através do monitoramento e da coleta de informações das mídias sociais de coletivos de favelas e também através da construção de uma rede de interlocutores que são formados por moradores e lideranças de movimentos sociais de favelas”, aponta Araújo.

A publicação quinzenal foi desenvolvida pelo professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Carlos Batistella, e pelos pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), Roberta Gondim, e da Cooperação Social da Fiocruz, André Lima, Fábio Araújo, José Leonídio Madureira e Mariane Martins. O documento também conta com a colaboração da professora-pesquisadora da EPSJV, Bianca Leandro e da Residência em Gestão da Atenção Primária, da ENSP/Fiocruz.

O Radar também é uma iniciativa da Sala de Situação Covid-19 nas Favelas, ligada ao Observatório Covid-19 da Fiocruz.

 

Edição: Leandro Melito

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Repórter SUS

Repórter SUS: Manual da Fiocruz aponta riscos e traz recomendações para volta às aulas na pandemia

O Brasil se encontra no momento adequado para a reabertura das escolas? E se a resposta for positiva, quais são as condições necessárias para garantir a segurança dos profissionais e dos alunos? Para responder a essas questões, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz) elaborou um manual sobre biossegurança para reabertura de escolas no contexto da covid-19.

Para Anakeila Stauffer, diretora da EPSJV/Fiocruz, os dados mostram que as escolas não devem retomar as aulas nesse momento.

Ela defende que, para que ocorra a reabertura das escolas, as tomadas de decisões devem ser tomadas em conjunto com toda a sociedade, incluindo a gestão escolar, os trabalhadores e as famílias dos alunos, pensando a realidade do entorno de cada instituição de ensino.

Nesse sentido, o objetivo do manual também é “disponibilizar informações de fácil acesso para as escolas públicas, destacando que a questão da comunicação entre os mecanismos de transmissão da covid-19, a implementação de boas práticas, que possam ajudar a contribuir para a promoção da saúde e a prevenção dessa doença nas escolas”, afirma Stauffer.

A diretora defende, inclusive, que o sistema de educação tem de ter, necessariamente, interlocução com o sistema de saúde, para criar um ambiente propício para qualquer movimento de reabertura.

“Por exemplo, existem indícios de que a pandemia está controlada? O sistema de saúde tem condições de enfrentar um crescimento do número de casos da covid? E se ressurge então uma segunda onda, como é que a gente se adapta? O sistema de vigilância em saúde pode identificar a maioria de casos com a doença e seus contatos?”, questiona Stauffer.

Ela ressalta que a interlocução entre saúde e educação deve, por exemplo, conseguir rastrear crianças com suspeitas de covid-19 nas turmas escolas e evitar a contaminação de outros alunos.

Escolas particulares começam a reabrir no país

Após quatro meses sem aula devido à pandemia do novo coronavírus, o retorno para algumas séries em escolas particulares do Rio de Janeiro pode ocorrer a partir desta segunda-feira (3). O estado é o quarto com o maior número de casos do país (167.225) e o segundo em quantidade de óbitos (13.572), de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), até às 18h deste domingo (2).

Assim como o Rio, o estado do Amazonas também tem autorização para a reabertura das escolas e outros nove estados têm propostas de retorno às aulas, ainda sem data definida segundo o Mapa de Retorno das Atividades Educacionais presencial no Brasil, realizado pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). São eles Acre, Pará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

Até às 18h deste domingo (2), o Brasil registrou 2.733.677 casos confirmados, chegando a 94.104 óbitos por covid-19. Nas últimas 24 horas, foram 25.800 mil novos casos e 541 novos óbitos.

Segundo um estudo realizado pelo professor de epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Massad, a retomada das aulas em agosto pode aumentar o número de casos de covid-19 em crianças e elevar a mortalidade. Segundo a pesquisa, o número de novas infecções pode quadruplicar em 15 dias.

Edição: Leandro Melito

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Repórter SUS

Policast: Especial AIS e AISAN – Período de incubação do coronavírus & sinais e sintomas da Covid-19

Seguimos com a produção de um material especial voltado para saúde indígena. O objetivo é trazer informações importantes que irão orientar o trabalho dos agentes indígenas de saúde (AIS) e agentes indígenas de saneamento (AISAN) nesse cenário do novo coronavírus.

Nesse Policast, a professora-pesquisadora da EPSJV/Fiocruz, Ana Claudia Vasconcellos, fala sobre a importância que os AIS e Aisan compreendam melhor sobre o período de incubação do novo Coronavírus e sobre os sinais e sintomas da Covid-19.

 

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Policast

Policast - Reabertura de escolas no contexto da Covid-19: quais vidas poderiam estar em risco?

A reabertura de escolas públicas e privadas tem ganhado centralidade na pauta política dos últimos meses. Há diferentes posições entre autoridades governamentais e sindicatos e movimentos dos professores. Não há consenso também entre diretores e professores de escolas públicas e escolas privadas. Reabrir? Não reabrir escolas? Quando reabrí-las? Sob que condições e parâmetros? Entre pais e responsáveis há quem apoie, mas também quem não considere seguro reabrir escolas neste momento. Já entre os estudantes, há muita saudade e desafios para pensar na organização do ano letivo. E o ENEM?

Bom, a pandemia de Covid-19 parece ter colocado em uma lupa os desafios da educação brasileira, que já não eram pequenos mesmo antes do coronavírus.

O município do Rio de Janeiro, por exemplo, anunciou em seu plano de flexibilização que escolas privadas poderiam realizar atividades de ensino presenciais, a partir do próximo dia 3 de agosto, de forma voluntária.
Fato é que o tema da abertura das escolas têm expressado muitas dúvidas e nem sempre essas dúvidas se expressam em uma análise fundamentada sobre os efeitos da pandemia na vida social. Como nossa discussão nesse Policast tem como base a ciência, convidamos Diego Xavier Cientista de Dados do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), para conversar sobre o tema.

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Policast

Repórter SUS: Fiocruz começa a fornecer medicamento para deficiência de hormônio de crescimento

Por meio de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), com o laboratório farmacêutico brasileiro Cristália, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) começou, nesta semana, a fornecer o biofármaco somatropina ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de pacientes com deficiência de hormônio de crescimento humano e diagnosticados com Síndrome de Turner – doença genética que causa baixa estatura em mulheres.

Até então o medicamento chegava aos pacientes majoritariamente por meio de compra em outros países realizada pelo Ministério da Saúde, por meio de licitação, estando o fornecimento sujeito a desabastecimentos por causas externas ao Brasil. Com a produção do fármaco em território brasileiro, também ocorre o fortalecimento do complexo industrial do País e também do SUS.

De acordo com Hugo Defendi, chefe da Divisão de Novos Negócios de Bio-Manguinhos, a unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz, “anteriormente o Ministério da Saúde não conseguia fazer aquisição centralizada desse produto para poder distribuir para toda a população. Essa parceria possibilita que o Ministério tenha essa compra centralizada e possa de uma maneira mais equitativa proporcionar e dar o acesso a esses pacientes”.

Ouça também: Letalidade da covid-19 é o dobro nas favelas em relação aos bairros ricos do Rio

Defendi explica que objetivo de produzir este medicamento no Brasil também é “fazer com que o SUS tenha uma certa sustentabilidade, principalmente no que diz respeito ao fornecimento de produtos estratégicos dentro da saúde pública”. Atualmente, cerca de 32 mil pessoas dependem da somatropina dentro do SUS, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A gente também vai ter a capacidade de ofertar esse produto produzido em um laboratório público.
Atualmente, o medicamento já está em fase de distribuição para o SUS. Para os próximos anos, Defendi espera que a própria Bio-Manguinhos, um laboratório público, possa produzir o medicamento, já que hoje o fármaco é feito pelo laboratório Cristália.

“A partir do momento em que a gente vai internalizando essa tecnologia no laboratório oficial, que é o Bio-Manguinhos, a gente também vai ter a capacidade de ofertar esse produto produzido em um laboratório público e podendo aumentar a capacidade de oferta”, afirma Defendi.

O chefe da Divisão de Novos Negócios de Bio-Manguinhos comemora a parceira em todos os seus aspectos, e vê o momento como um importante passo para o Brasil.

“A parceria vem para trazer ciência, tecnologia, fortalecer todo o complexo industrial da saúde e a gente também poder ter essa diminuição de desabastecimento e poder fornecer continuamente esse produto para toda essa população que necessita”, conclui Defendi.

Edição: Rodrigo Chagas

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Repórter SUS

Comunicast: A agroecologia semeando o bem viver

Participantes:
Danielle Cerri - Professora/pesquisadora da EPSJV
Marcelle Felippe - Especialista em agroecologia e bolsista do projeto Semeando/EPSJV
Rogério França - Estudante da EJA-Manguinhos
Wilma Bispo dos Santos - Ex estudante da EJA-Manguinhos Marcello Coutinho - professor-pesquisador da EPSJV 

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Policast

Repórter SUS: Letalidade da covid-19 é o dobro nas favelas em relação aos bairros ricos do Rio

A taxa de letalidade da covid-19 chega a ser o dobro nas regiões com alta e altíssima concentração de favelas com relação aos bairros sem favelas, no Rio de Janeiro (RJ). Os dados são do primeiro Boletim Socioepidemiológico da Covid-19 nas Favelas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ainda segundo a publicação, a doença é mais letal em homens do que em mulheres e na população negra de territórios periféricos. 

Bianca Leandro, pesquisadora do boletim e professora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), afirma que a pesquisa foi feita a partir de uma divisão do município carioca em cinco partes, que vão desde regiões sem favelas até aquelas com altíssima concentração de favelas.

“Com os dados, nós observamos uma periferização da doença ao longo do tempo. A doença inicia tendo seus primeiros casos em bairros com maiores e melhores de condições socioeconômicas, como Copacabana e Gávea, e ao longo do tempo vai se disseminando para outros, na zona norte e oeste”, afirma Leandro.

A pesquisadora também aponta para uma desigualdade no acesso aos testes entre as áreas analisadas. Os locais com sistemas de saúde mais estruturados oferecem mais acesso à testagem, o que possibilita um melhor atendimento e planejamento de política pública.

Os números mostram que apesar da covid-19 não escolher as suas vítimas, a qualidade da proteção e amparo sanitário e econômico oferecida pelo Estado determina qual é a parcela da população mais afetada pela doença.

Algumas dessas regiões são caracterizadas por baixa infraestrutura hospitalar e redes de saneamento básico e água precárias, além dos obstáculos populacionais para se cumprir o distanciamento social, como nos bairros Complexo do Alemão, Jacarezinho, Acari, Rocinha, Costa Barros, Vidigal e Barros Filho.

Essas regiões, que são consideradas de altíssima concentração de favelas, apresentam uma taxa de letalidade de 19,5%. Isso é o dobro dos bairros que não têm favelas (9,2%) e acima da taxa de letalidade do município (11,7%).

Segundo Leandro, “a dinâmica social no cotidiano da favela, sair de madrugada para trabalhar, usar transportes públicos muitas vezes lotados, ou se virar nos 30 para poder se manter são processos que determinam e explicam os diferentes padrões de adoecimento nessas populações”.

A pesquisadora também afirma que a “desestruturação do sistema de saúde”, bem como da rede de Atenção Básica de Saúde, no país, impactou o modo precário como os territórios conseguem responder à pandemia.

Em São Paulo, um estudo semelhante mostrou que a letalidade da covid-19 é 60% maior em bairros pobres do município de São Paulo em relação aos bairros ricos, segundo a pesquisa realizada pelo epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Lotufo, divulgada no dia 26 de junho.

Edição: Leandro Melito

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Repórter SUS

Repórter SUS: Brasil vê “ausência total de um plano de combate à covid”, diz presidente da Abrasco

Entidades ligadas à saúde e organizadas na Frente Pela Vida lançaram no início do mês de junho o Plano Nacional de Enfrentamento à covid-19, com cerca de 60 recomendações para o combate à doença, pensando em ações coordenadas entre as autoridades políticas e sanitárias, de todas as esferas federativas.

Hoje, não existe um protocolo ou uma estratégia nacional, liderada pelo Governo Federal, para a prevenção e combate da pandemia. Exemplo representativo de tal situação é o vazio na chefia do Ministério da Saúde, que desde a saída do ministro Nelson Teich, no dia 15 de maio, está sob o comando provisório do general Eduardo Pazuello.

É nesse cenário, portanto, que Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), organização que fez parte da elaboração do plano, aponta para a interseccionalidade entre os governantes sugerida pelo documento.

“Acho que um ponto bom do plano são as recomendações para o nível nacional, estadual e municipal que são recomendações visando as autoridades governamentais, autoridades políticas, autoridades sanitárias, gestores do SUS e a sociedade em geral”, diz Azevedo.

Ainda assim, mesmo com o plano proveniente da sociedade civil, o documento defende que “o Ministério da Saúde deve urgentemente tomar a iniciativa de elaborar e apresentar à sociedade um Plano Estratégico Nacional de Intervenção, com a participação ativa das comunidades científicas da saúde e das instâncias de controle social do SUS”.

Para Azevedo, a iniciativa também é uma forma “da gente reconhecer a ausência total de um plano nacional de enfrentamento da covid, por parte do Ministério da Saúde”.

Segundo a presidente, uma das recomendações de maior peso diz respeito aos segmentos populacionais em situação de maior vulnerabilidade. O documento aponta que tais parcelas da população, como aquelas em situação de rua ou que vivem em moradias precárias, são as mais atingidas pela pandemia de covid-19.

“É responsabilidade do governo cuidar disso de forma emergencial, mas também de forma que possa sustentar inclusive a saída da pandemia”, afirma Azevedo.

Um estudo realizado pelo epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Lotufo, no fim de junho, revela que a letalidade do novo coronavírus é 60% maior em bairros pobres do município de São Paulo em relação aos bairros ricos.

Os bairros mais ricos registram o menor número de mortes, 36 por 100 mil habitantes, enquanto os mais pobres, o maior: 57,7 mortes por 100 mil habitantes. Os bairros classificados como “intermediários” na faixa socioeconômica têm 51,1 mortes por 100 mil habitantes.

Com esse quadro, Azevedo também condena as iniciativas de relaxamento das medidas de isolamento social, o que deve atingir com mais expressividade tais parcelas da população. “A gente chama a atenção que o Brasil não tem ainda condição de propor isso, porque como são várias epidemias em níveis diferentes não dá para um município para fazer direito e o município vizinho não fazer.”

Até a noite deste domingo (12), o Brasil registrou 1, 8 milhão de casos confirmados e 72.169 mil óbitos por covid-19, sendo a situação mais crítica a do estado de São Paulo, 371.997 mil casos confirmados e 17.848 mortes, segundo dados do Painel Rede CoVida, que reúne informações das secretarias estaduais e do Ministério da Saúde.

Em outras recomendações do plano, as organizações defendem que é “fundamental” o investimento em testes, vacinas e insumos, a fim de apoiar o desenvolvimento tecnológico da área da saúde.

O Plano Nacional de Enfrentamento à covid-19 foi elaborado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), Associação Rede Unida e Conselho Nacional de Saúde (CNS), entidades que compõem a coordenação da Frente Pela Vida, com contribuições da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Rede de Médicas e Médicos Populares (RMMP), Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD).

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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Repórter SUS

Policast: Especial AIS e AISAN - Formas de prevenção e uso da máscara não cirúrgica

Seguimos com a produção de um material especial voltado para saúde indígena.
O objetivo é trazer informações importantes que irão orientar o trabalho dos agentes indígenas de saúde (AIS) e agentes indígenas de saneamento (AISAN) nesse cenário do novo coronavírus.
Nesse Policast, a professora-pesquisadora da EPSJV/Fiocruz, Ana Claudia Vasconcellos, ressalta que uso das máscaras não cirúrgicas só protegem parcialmente se forem usadas de maneira correta. Por isso, os agentes devem orientar as pessoas da comunidade sobre o uso correto das máscaras não cirúrgicas.

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