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Ana Paula Evangelista

Repórter SUS: Pesquisa investiga uso de Práticas Integrativas e Complementares durante a pandemia

Desde 2006, existe no Brasil a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que levou para o Sistema Único de Saúde tratamentos alternativos como homeopatia, plantas medicinais e fitoterápicas, a medicina tradicional chinesa, acupuntura, aromaterapia, dentre 29 técnicas milenares.

De acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), as práticas são recursos preventivos e terapêuticos que auxiliam na promoção da saúde, estimulando mecanismos naturais do corpo humano.

Levando-se em consideração os impactos da covid-19 na saúde física e mental da população, como ansiedade e abuso de álcool, além dos sintomas físicos, o Laboratório de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) da Universidade Federal de Santa Maria (Lapics/UFSM) vem desenvolvendo uma pesquisa a fim de investigar quais e como práticas integrativas e complementares são utilizadas entre as pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus ou em isolamento social.

O coordenador do estudo, Marcio Rossato Badke, que também é membro do Grupo Temático Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas Complementares da Abrasco, explica que “a pesquisa também vai verificar se, além das 29 práticas, quais as outras que as pessoas utilizam e o quanto foi benéfico durante esse período”, como complemento ao autocuidado.

“Acreditmos que o levantamento vai subsidiar, mostrando o interesse que as pessoas têm por essas práticas e os benefícios que elas podem trazer”, afirma Badke, para quem o uso das PICS deve se mostrar extensivo para toda a população.

Para o pesquisador, cada vez mais as pesquisas vão reforçar “a importância das práticas” e trazer tais subsídios para pesquisas científicas, “sem jamais desmerecer o saber popular, que nos ensina muito para o andamento com as práticas integrativas e complementares de saúde”.

Embora a covid-19 seja um fenômeno recente, dezenas de pesquisas pelo mundo já demonstram esses efeitos psíquicos – não só da doença, mas das próprias medidas de contenção. Um levantamento realizado na China, na fase inicial da pandemia, mostrou que 13,8% das pessoas passaram a manifestar sintomas depressivos leves, 12,2% apresentaram sintomas moderados e 4,3%, graves.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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Repórter SUS

Repórter SUS: Atenção primária à saúde é central no SUS em meio à pandemia, defende pesquisadora

O Sistema Único de Saúde (SUS) é a porta de entrada de acesso à saúde para a população brasileira. Por meio da atenção primária à saúde (APS), toda a população é de alguma maneira impactada pelos serviços realizados pelo sistema, seja por meio de campanhas de vacinação, do Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados, que regula o sistema de doação de sangue, por exemplo, ou de ações da Vigilância Sanitária.

Durante a pandemia de covid-19, os serviços realizados pela atenção primária se mostram fundamentais por atingir toda a população, principalmente a mais pobre, ressalta Mariana Nogueira, professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz).

Por meio da atenção primária é possível realizar ações territorializadas que identifiquem casos suspeitos de covid-19, assim como o acompanhamento da evolução da doença. A pesquisadora aponta porém que a APS enfrenta desafios relacionados às políticas de austeridade fiscal anteriores à pandemia.

"Os desafios que compõem a APS são aprofundados pelo novo vírus, mas não são constituídos por esse agente etiológico, e sim por consequências do aprofundamento das políticas de austeridade fiscal colocadas antes da pandemia e agora também neste momento de pandemia", afirma.

A pesquisadora ressalta que os principais desafios para a APS não se referem somente às necessárias alterações na infraestrutura nas unidades de saúde pública, mas "a desafios históricos constituídos por precariedade do SUS e por consequências do aprofundamento da crise econômica, social e sanitária que vivíamos antes da pandemia", defende.

Leitos

Um levantamento realizado pela Agência Estado no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do portal Datasus, o SUS oferece 44% dos leitos de UTIs existentes em todo o país, utilizados por 75% da população. O restante, cerca de 25% dos indivíduos brasileiros, tem acesso aos leitos da rede privada de saúde, que somam 56% do total de leitos.

“Não é possível naturalizar que o SUS tenha 1,8 leitos por 10 mil habitantes, enquanto no setor privado existam 7,3 leitos para a mesma quantidade de pessoas", ressalta.

Para Nogueira, pensar em um SUS pós pandemia passa necessariamente por entender a abrangência e essencialidade da APS, assim como a realidade em que esse sistema está cravado. “Implica em analisarmos o aprofundamento da miséria e do desemprego, que assolam os moradores onde a APS é realizada", ressalta.

Desafios

A pesquisadora ressalta a essencialidade, da atenção primária a saúde para redução da mortalidade infantil, avanço da cobertura vacinal, construção de redes de apoio social, integração de ações de atenção psicossocial, vigilância ativa e comunitária em saúde, prevenção de doenças, suporte aos grupos mais vulnerabilizados e até mesmo combate à violência doméstica.

Mariana Nogueira aponta cinco blocos de desafios para melhorar a APS no Brasil. O primeiro diz respeito aos prejuízos sociais e sanitários decorrentes da privatização do sistema que implicam em um financiamento público efetivo para centralizar a APS. Também prevê o fortalecimento desse componente na disputa entre os modelos de saúde e o destaque para a sua característica comunitária.

Em terceiro, Nogueira defende a garantia de condições dignas de trabalho e vínculos empregatícios estáveis para os profissionais da APS, assim como a consolidação a integração entre vigilância sanitária, saúde local e informação em saúde pública.

Por último, a professora se refere ao fortalecimento da participação popular e da mobilização social no planejamento da avaliação e da implantação de ações em saúde comunitária.

Edição: Leandro Melito

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Repórter SUS

Comunicast: Saúde e o movimento: por que manter-se ativo durante a pandemia?

Saúde e movimento: por que manter-se ativo durante a pandemia? Esse é o tema do terceiro podcast da nossa comunidade, o Comunicast da EJA-Manguinhos e do Curso Técnico de Nível Médio em Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio.

Produção: Jessica G. Lima, Renata Rocha, Renata Amaro, Luciane das Chagas Brasil e Marcus Pedroza
Professora convidada: Natália Barros
Agradecimentos: Vinicius O.Pereira, Daniel Frota, Rony S. Martins e a todos os alunos da EJA Manguinhos

Edição: Ana Paula Evangelista 

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Policast

Policast: A origem da Covid-19 e formas de transmissão do novo coronavírus

Seguimos com a produção de um material especial voltado para saúde indígena.

O objetivo é trazer informações importantes que irão orientar o trabalho dos agentes indígenas de saúde (AIS) e agentes indígenas de saneamento (AISAN) nesse cenário do novo coronavírus.

Para isso, no episódio de hoje, a professora-pesquisadora da EPSJV/Fiocruz,  Ana Claudia Vasconcellos, fala sobre as formas de transmissão do vírus.

Acompanhe.

 

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Policast

Repórter SUS: População idosa é maioria em casos de óbitos por covid, diz pesquisador

O Brasil tem oficialmente 1.106.470 infectados pela covid-19 e 51.271 mortes causadas pela doença, de acordo com dados do Conselho Nacional das Secretarias de Saúde, divulgados nesta segunda-feira (22).

Desses números, a maioria é referente aos idosos, um dos grupos de risco na atual pandemia, segundo Daniel Groisman, professor e pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz).

De acordo com o docente, o principal fator de risco é a fragilidade dos idosos em relação às doenças respiratórias. Não à toa, esse é o público-alvo de campanhas de vacinação contra diversos tipos de gripe.

Mas não é só isso. Outros pontos como “condições de vida, acesso aos serviços de saúde, inclusive nas questões específicas do envelhecimento” também são apontados por ele como essenciais quando o assunto é a população idosa.

Nesse sentido, Groisman defende que a saúde de uma pessoa idosa hoje é consequência de como lhe foram empregados os cuidados médicos e sanitários durante toda a vida.

“É importante lembrar que as condições de saúde de uma pessoa na sua velhice são de certa forma uma consequência de como essa pessoa pôde cuidar da sua saúde ao longo da sua vida inteira”. Isso aponta um caminho para os gestores de saúde: promover a saúde das pessoas idosas implica em promover a saúde das gerações mais jovens.

Outro aspecto do momento atual: as condições de saúde dos idosos hoje, em meio à pandemia do novo coronavírus também levam à constatação de outras dimensões da vida dessa população.

Segundo o especialista, os idosos que estão há meses em situação de isolamento podem vir a padecer de uma série de consequências que têm a ver com “a falta de estímulo social, a questão da saúde mental, dado que nós somos seres sociais e necessitamos nos relacionar e ter uma vida em sociedade”.

“Além disso, a gente não pode ignorar o componente econômico. Muitos idosos necessitam trabalhar para suprir essas necessidades básicas ou porque não conseguiram se aposentar, e cada vez está mais difícil a aposentadoria, ainda mais depois da Reforma da Previdência, ou porque o valor da aposentadoria é insuficiente para garantir a sua subsistência em um nível digno”, afirma Groisman.

Diante desse cenário, o professor defende que o Sistema Único de Saúde deve expandir a capacidade de atendimento em variados aspectos da vida, incluindo saúde mental e física.

Para Groisman, é preciso “tentar levar o atendimento para mais perto das pessoas, no sentido de ter mais recursos de atendimento e cuidado domiciliar, serviços intermediários de cuidado, ampliar a capacidade da atenção básica, que é a porta de entrada do sistema”.

Ao retratar o cuidado com os idosos como sinônimo de cuidado com a vida, o professor relembra uma frase da escritora Simone de Beauvoir, que afirmou que “viver é envelhecer” e complementa: “Quando a gente valoriza a velhice, a gente está valorizando a vida”.

Edição: Leandro Melito

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Repórter SUS

Repórter SUS: “Dificultar acesso a dados da pandemia é colocar vidas em risco”, afirma especialista

O governo de Jair Bolsonaro voltou a divulgar, na última terça-feira (9), o número acumulado de casos confirmados e mortos por covid-19 no Brasil, no Painel Coronavírus, após a repercussão negativa da decisão do Ministério da Saúde em exibir apenas informações colhidas no período de 24 horas.
No sentido contrário à posição anterior do governo, o ocorrido também resultou em uma iniciativa dos veículos de comunicação G1, O Globo, Extra, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e UOL de buscar, sistematizar e divulgar os dados referentes à pandemia no Brasil. Todos os dias, o balanço do consórcio das empresas é divulgado às 20h.

Para Bianca Leandro, professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), iniciativas como essa são “extremamente válidas”.
Ela lembra, no entanto, que é responsabilidade do governo a publicização e divulgação desses dados de forma oficial, uma vez que “o acesso à informação é um direito constitucional”. “Obstruir acesso a esses dados, nesse momento, é colocar em risco a vida das pessoas”, afirma Leandro.

Foi esse também o entendimento de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao determinar que o Ministério da Saúde voltasse a divulgar o número total de casos confirmados e de mortes por covid-19 diariamente no site da pasta. A decisão do ministro se deu em cima de um pedido de liminar da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 690, protocolada por Rede Sustentabilidade, Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), no sábado (6), no STF.
As siglas defenderam que a omissão dos dados acumulados viola preceitos fundamentais da Constituição Federal e obstrui o acompanhamento da evolução da doença, dificultando a elaboração de políticas públicas sanitárias.

“A Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, consagrou expressamente o princípio da publicidade como um dos vetores imprescindíveis à Administração Pública, conferindo-lhe absoluta prioridade na gestão administrativa e garantindo pleno acesso às informações a toda a Sociedade”, defendeu Moraes.

Segundo Leandro, omitir os dados referentes à crise sanitária provocada pela pandemia tem implicações “muito sérias”.

“Não divulgar esses dados em todas as suas dimensões possíveis é diminuir a crise sanitária que estamos vivendo. Não revelar o status da pandemia de um modo amplo ou então revelar de forma parcial permite a manipulação das informações sobre a evolução da covid-19 no país e impede o acompanhamento e contenção da doença, que está afetando centenas de milhares de brasileiros”, afirma a pesquisadora.

Os dados acumulados, de acordo com a especialista, são importantes para saber como está a evolução da doença no país, e, a partir disso, fazer estimativas e direcionar políticas públicas.

“Então, isso afeta a realização de estudos e pesquisas sobre a situação dessa doença no Brasil. E eu acho que é muito grave também, pois nega à população o direito de saber o estágio da epidemia, porque o acesso à informação é essencial para nós tenhamos engajamento da sociedade na adesão das medidas preventivas.”

De acordo com o Painel Rede CoVida, outro projeto que recolhe, sistematiza e divulga informações sobre a pandemia, o Brasil registrou, até às 9h15, desta segunda-feira (15), 868.380 casos confirmados da doença e 43.402 óbitos.

Edição: Leandro Melito

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Repórter SUS

Policast: Entendendo a importância da notificação para saúde pública

Mas não é de agora que essa palavra, notificação, protagoniza o cenário do novo coronavírus no Brasil. Muito se fala sobre os registros e as informações em saúde no contexto da Covid-19. Fala-se bastante também sobre a falta deles, a subnotificação, como ouvimos dos exemplos anteriores.
Pensando isso, nesse policast convidamos a professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) Bianca Leandro para responder perguntas sobre como funciona a notificação desses casos? Por que se fala tanto em subnotificação da Covid-19? Como a ausência de informações limita a adoção de medidas de proteção sanitária? Há critérios para definir estas medidas, como por exemplo, o lockdown ou pelo fim do distanciamento social?

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Policast

Marcha pela Vida: ato virtual propõe ação coordenada de enfrentamento à pandemia

"O Brasil está lidando com a covid-19 sem uma ação coordenada". A declaração é de Gulnar Azevedo e Silva, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). A Abrasco, junto a outras entidades da sociedade civil da área da saúde, ciência, tecnologia e políticas públicas, entre outras, lançam nesta semana a Frente pela Vida.

Nesta terça-feira (9), será realizado o primeiro ato do movimento: a Marcha pela Vida, mobilização virtual cujo foco é fomentar uma ação coordenada de enfrentamento à pandemia.

Mais de 300 organizações apoiam o evento. A programação consiste em debates - espalhados pelas mídias das entidades, - um tuitaço, às 12h com a hashtag #MarchaPelaida, um painel unificado às 13h, e um ato político às 16h, que endereçará o documento da Frente a parlamentares.

A Abrasco contará com o seminário da Rede em Pesquisa à Atenção Primária à Saúde (Rede APS/Abrasco) Experiências de fortalecimento da Estratégia Saúde da Família para o enfrentamento da Covid-19: o que podemos aprender?, na TV Abrasco, canal do Youtube, às 9h.

O encontro virtual pretende analisar experiências locais de reestruturação da Atenção Básica e iniciativas inovadoras na Estratégia de Saúde da Família (ESF) relacionadas à pandemia.

Segundo a presidente da Abrasco, a ideia é encontrar soluções a partir da visão da ciência, da visão da saúde coletiva de forma que com essa frente ampla vidas possam ser salvas.

"Todos os setores da sociedade estão convidados à participar baseado em pilares: Então, a primeira coisa é o direito à vida. Depois, as medidas de prevenção e controle, que a gente deve seguir o que está estabelecido cientificamente. Rigorosamente seguir o que a ciência está nos mostrando e articulando em um planejamento nacional que contemple estados e municípios. É necessário ter um plano de enfrentamento, o que não existe até hoje. O terceiro ponto é que o Sistema Único precisa ser fortalecido", diz ela.

Segundo Gulnar, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um instrumento essencial para preservar a vida. Ou seja, o foco da Frente Pela Vida é o fortalecimento do SUS, os atos de solidariedade, principalmente, para com os grupos mais vulneráveis, a preservação do meio ambiente e o fortalecimento da democracia.

"Pressionar para que tudo o que precisa ser feito para o SUS responder, ter condição de atender as pessoas, ocorra. Para que tenha, de fato, uma comunicação entre o governo federal. Todo mundo falando a mesma língua. Todo mundo seguindo a ciência. E para que a gente garanta também que as medidas de proteção social que estão sendo anunciadas saiam logo, porque as pessoas estão precisando", diz ela.
Estão juntos na frente: a Sociedade Brasileira de Bioética (SBB); o Conselho Nacional de Saúde (CNS); a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes); a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco); a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); o Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); a Associação Brasileira de Imprensa (ABI); e a Rede Unida.

O Brasil registrou, até o momento, mais de 37 mil mortos em decorrência da covid-19. O site elaborado para o evento reúne mais detalhes da iniciativa como a programação completa, a declaração das entidades, notícias e materiais de divulgação.


Edição: Leandro Melito

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Repórter SUS

Repórter SUS: Fiocruz completa 120 anos frente ao "maior desafio do século"

"É o maior desafio sanitário, econômico, social e político do século 21". Assim resumiu o contexto atual a presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, representante de um dos órgãos mais importantes do Sistema Único de Saúde nas atividades de combate à pandemia do coronavírus. A fala ocorreu durante as comemorações do aniversário de 120 anos da instituição, celebrado no último dia 25 de maio.

Criada em 1900 com o nome de Instituto Soroterápico Federal, a instituição nasceu com o objetivo de combater epidemias como a da peste bubônica, a febre amarela e a varíola, que ameaçavam – na época –, a então capital da República, o Rio de Janeiro.
Passados mais de um século, a pandemia do novo coronavírus, torna-se o mais novo desafio da fundação, considerada a maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina. Para Nísia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz, o foco agora é encontrar respostas para a pandemia do novo coronavírus.

"A instituição – presente hoje em todas as regiões brasileiras – vem se dedicando diuturnamente à apresentar propostas, soluções, a realizar pesquisas que respondam às inúmeras perguntas ainda sem resposta, assim como desenvolver teste-diagnósticos, que contribuam para um dos pilares do enfrentamento a essa pandemia que é a testagem, permitindo a identificação de casos e também isolando contatos, com um amplo estudo promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que tem por objetivo identificar medicamentos já conhecidos que possam ser eficazes e seguros para o tratamento da covid-19", disse ela.
A pandemia tem uma rápida disseminação. O primeiro caso foi diagnosticado na China, na cidade de Wuhan, capital de Hubei, em novembro de 2019. Atualmente, 6,2 milhões já foram contaminadas pelo novo coronavírus no mundo, segundo dados da OMS.

A presidente lembra que além de ter realizado estudos sobre doenças como a peste bubônica, a varíola, e a febre amarela, a Fiocruz se destacou no combate às então chamadas doenças do sertão, como por exemplo, a Doença de Chagas.

"Nos tempos recentes, nós trilhamos um caminho de propor e de construir junto com vários outros atores da sociedade o Sistema Único de Saúde (SUS), que é a grande fortaleza que o Brasil tem neste momento. E ao completar 120 anos a Fiocruz reafirma seu compromisso com esse sistema universal que precisa ser fortalecido neste tempo e reafirma seu compromisso com ações que se voltem para a defesa da vida, da nossa população. Ações coordenadas em todas as áreas do conhecimento, que façam com que cada vez mais, a Fiocruz se veja e seja percebida por todos como um patrimônio da sociedade brasileira", diz ela.

A Fiocruz conta com 50 laboratórios de referência e departamentos articulados em redes internacionais para a solução de problemas de saúde pública. É também a maior produtora mundial da vacina contra a febre amarela e mantém parcerias com instituições de pesquisa de 50 países, além de coordenar a maior rede mundial de bancos de leite humano junto a outros países. Ela também é a maior instituição não-universitária de capacitação e formação de recursos humanos para o SUS.

Edição: Rodrigo Chagas

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Repórter SUS:Fiocruz divulga resultados de estudo sobre a presença do novo coronavírus em esgotos

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a prefeitura de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, busca verificar a presença de material genético do novo coronavírus em amostras do sistema de esgotos da cidade.

Desde 15 de abril, eles coletam e analisam amostras de 12 pontos de Niterói, incluindo estações de tratamento de esgotos (ETEs), pontos de descarte de efluente hospitalar e rede coletora de esgotos, nos bairros de Icaraí, Jurujuba, Camboinhas, Maravista, Sapê e nas comunidades do Palácio, Cavalão, Preventório, Vila Ipiranga, Caramujo, Maceió e Boa Esperança.

O objetivo é acompanhar o comportamento da disseminação do vírus ao longo da pandemia da covid-19 para detectar antecipadamente a presença do vírus em determinadas regiões.

"A gente consegue detectar, na rede de esgoto, a presença de fragmentos virais em regiões mesmo onde existem poucas notificações no sistema de saúde ou até ausência de notificações, porque as pessoas estão assintomáticas", explica a pesquisadora Camille Mannarino, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz.

Segundo ela, a ideia é oferecer os dados às autoridades de saúde, para que trabalhem com prevenção em vez de tratar a doença depois que se espalha. "Por conta disso, a gente consegue antecipar para a vigilância em saúde onde estão os casos. A vigilância em saúde, por meio de agentes comunitários de saúde, da Estratégia da Saúde da Família, consegue agir naquela localidade, evitando a proliferação e a transmissão da doença", diz Mannarino.

Resultados

Na primeira semana de pesquisa, foi possível detectar material genético do novo coronavírus em amostras de esgotos em cinco dos 12 pontos de coleta: três poços de visita (PVs) de troncos coletores do bairro de Icaraí e nas entradas das estações de tratamento de esgoto Icaraí e Camboinhas.

Como metodologia, utilizou-se o método chamado de ultracentrifugação, tradicionalmente empregado para concentração de vírus em esgotos, associado a técnica do teste diagnóstico RT-PCR (transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase, tradução da sigla em inglês) em tempo real, indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados foram publicados na seção Fast Track da revista científica 'Memórias do Instituto Oswaldo Cruz', que permite a divulgação acelerada de pesquisas relacionadas à pandemia.

A previsão dos pesquisadores é de que, na primeira etapa do projeto, o monitoramento seja feito durante quatro semanas, com possibilidade de prorrogação.

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