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Ana Paula Evangelista

Episódio 1: O que é rastreio e monitoramento de Covid-19?

Podcast Poli Monitora Covid 19
Rastreio e monitoramento de casos suspeitos e confirmados de Covid-19 no âmbito da EPSJV
Entenda como a EPSJV/Fiocruz está atuando no rastreio e monitoramento de casos suspeitos e confirmados de Covid-19 no âmbito da escola, tendo em vista a realização de aulas presenciais.

 

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Policast

Estudo da Fiocruz aponta para situação de vulnerabilidade entre cuidadores de idosos

No dia 30 de setembro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) irá divulgar os resultados do estudo "Avaliação das condições de trabalho e saúde de cuidadoras de pessoa idosa em tempos de covid-19", durante um webinário, às 15h, por meio do canal do Youtube da EPSJV/Fiocruz. A live contará com a presença de dois pesquisadores da Fiocruz, Daniel Groisman e Dalia Romero, e uma do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Amélia Camarano.

Segundo Groisman, a pesquisa, que contou com cerca de cinco mil participantes em todo o país, buscou analisar como a pandemia do novo coronavírus impactou a saúde e o trabalho daqueles que cuidam de pessoas idosas. Nesse sentido, os resultados trazem um cenário “dramático e alarmante” sobre a situação de saúde e as condições de trabalho “de uma população muito vulnerabilizada e que estava na linha de frente do cuidado do principal grupo de risco da pandemia de covid-19, as pessoas cuidadoras de idosos”.

A pesquisa está dividida em três segmentos. O primeiro se refere aos familiares que também são cuidadores de idosos. Nesse rol, encontram-se idosos cuidando de idosos, pessoas com agravos na saúde física e mental e cuidados 24 horas por dia. “E quais são os efeitos disso para a saúde de uma pessoa? Ainda mais no meio de uma pandemia que afeta a sociedade como um todo, mas principalmente as pessoas mais pobres, as mulheres e as pessoas idosas”, questiona Groisman.

Estima-se que no Brasil 4,2 milhões de familiares cuidem de idosos e apenas 1 milhão de cuidadores sejam contratados ou remunerados, segundo uma nota técnica do Comitê de Saúde da Pessoa Idosa também da Fiocruz. 

A segunda parcela diz respeito às cuidadoras remuneradas. O pesquisador afirma que este segmento também passou por uma precarização e um agravamento das condições de trabalho, com o aumento da carga horária, sem possibilidade de intervalos.

No terceiro grupo estão as cuidadoras que perderam o emprego durante a pandemia. Neste segmento as características que sobressaíram foram a desproteção social e a insegurança alimentar.

A pesquisa da Fiocruz, realizada entre agosto e novembro de 2020, mostrou que 91,4% dos familiares cuidadores de idosos são mulheres; 60% têm 50 anos ou mais; e quase 40% sofrem de alguma doença crônica considerada de risco para a covid-19, como hipertensão, diabetes, doença respiratório, de coração ou câncer.

A partir dos dados apurados, Groisman concluiu que o estudo apontou para uma situação de invisibilidade desses grupos, a partir da ausência de políticas públicas capazes de proteger a categoria. Também foi observada a “situação evidente” da desigualdade de gênero. Como dito em relação ao primeiro grupo, “a grande maioria das pessoas cuidadoras são mulheres, e é sobre elas que recai a carga, a incumbência, a responsabilidade de estar cuidando, seja de forma remunerada ou não”.

Para o pesquisador, “se as pessoas que cuidam não estão sendo vistas pelas nossas políticas públicas, isso é um reflexo de que os idosos, ou seja, os usuários dos serviços e do trabalho de cuidado, também não estão sendo vistos, e aqui estou me referindo às pessoas que necessitam de ajuda no seu dia a dia”.

Vale lembrar que a expectativa de vida no Brasil tem aumentado anualmente. Dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados em novembro de 2020 mostram que, desde 1940, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 31,1 anos. Isso aponta, na visão de Groisman, para a necessidade cada vez maior de uma atenção aos idosos e cuidadores de idosos dos órgãos públicos, bem como da sociedade.

Edição: Vivian Virissimo

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Repórter SUS

Paulo Freire influencia trabalhadores da saúde há 5 décadas e inspirou luta pela criação do SUS

Um dos mais importantes pensadores brasileiros, Paulo Freire (1921-1987) completaria cem anos no próximo domingo (19). O legado do autor de Pedagogia do Oprimido, entre outras obras-primas, não se limita à sala de aula.

Em meio às comemorações pelo centenário, o Repórter SUS conversou com Vera Joana Bornstein, professora e pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), vinculada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

No relato dela, ficam evidentes as contribuições da obra de Freire para o direito à saúde, inspirando inclusive a luta pela criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Vera Joana conta que entrou em contato com o pensamento freiriano nos anos 1970, por meio do Movimento de Educação da Base, ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A ideia do movimento era atender comunidades rurais por meio de programas radiofônicos.

"Fiquei maravilhada com a perspectiva educativa crítica, que procurava, por meio da problematização da realidade, aprofundar o entendimento das causas dos problemas vivenciados pela população, abrir espaço para a indignação diante das desigualdades, buscar soluções coletivas e transformar a realidade", relata.

A obra de Freire ressaltava que os problemas estruturais da sociedade não seriam solucionados individualmente. Nas palavras dele, "ninguém liberta ninguém, e ninguém se liberta sozinho; os homens se libertam em comunhão."

A educação popular se opõe ao modelo autoritário ou "bancário", que legitima o status quo e que supõe uma hierarquia de saberes, onde um transmite e outro recebe. A perspectiva defendida por Freire, pelo contrário, está relacionada à justiça social, à diversidade, à tolerância e ao afeto.

"Mesmo que Paulo Freire tenha aplicado inicialmente seus conhecimentos ao campo da educação, percebi ainda nos anos 1970 que muitos trabalhadores da saúde já tinham conhecimento da proposta de educação popular. Sobretudo aqueles que desenvolviam projetos de saúde comunitária", lembra a professora da EPSJV.

Esses trabalhadores e lideranças populares começaram a questionar o modelo biomédico centrado na doença e no hospital e fortaleceram o que, na época, se chamava saúde comunitária.

"Foram várias experiências de interiorização e atuação em periferias das cidades, muitas vezes voluntárias. Elas se aproximaram da educação popular e fortaleceram o direito à saúde e, posteriormente, a luta pela criação do SUS", conta Vera Joana Bornstein.

Na saúde, a educação popular se contrapõe ao autoritarismo presente na cultura sanitária e busca a valorização do saber popular e a compreensão de experiências concretas da população, a partir de suas vivências.

"Essa postura, na atenção primária, se reflete na atuação desses trabalhadores, que não se limitam a questões específicas da saúde e buscam atuar sobre as causas dos problemas de saúde, que muitas vezes se encontram em outros campos", diz a pesquisadora.

Vera Joana diz que o pensamento de Freire inspira a construção da autonomia e da participação popular e a valorização de práticas tradicionais de cuidado em saúde, como o conhecimento de plantas medicinais.

"A educação popular parte dos conhecimentos prévios do povo, de suas trajetórias e realidades, para construir novos saberes. É uma perspectiva libertadora", finaliza.

Edição: Anelize Moreira

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Repórter SUS

Projeto Informações e Registros em Saúde trabalha a importância do SUS e da Atenção Primária

O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um profissional importante na Atenção Primária à Saúde (APS), logo fundamental para o Sistema Único de Saúde (SUS). O Projeto Informações e Registros em Saúde busca trabalhar não só a importância desse profissional, mas também a forma como a sua função está sendo desenvolvida .

A professora e pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e também participante do projeto, Bianca Leandro explica que esse agente é um profissional da Atenção Básica, que produz informações para o SUS e registros em saúde não só das pessoas, mas de famílias e do território.

Dessa forma, para que o trabalho desse profissional não seja, apenas, uma coleta de dados mecânica, a pesquisadora afirma que ele precisa ter entendimento do que coleta e porque ele coleta, além de ser ativo na produção de informação em saúde de forma qualificada e crítica.

"Com essa base, com esse intuito é que aqui na Escola Politécnica do Laboratório de Educação Profissional em Informações e Registros em Saúde (Lires/EPSJV), a gente vem desenvolvendo o Projeto Informações e Registros em Saúde para formação do agente comunitário de saúde e produção de ebook interativo. Uma perspectiva é de que a gente possa ter um material sobre informação e registro no trabalho do agente comunitário de saúde e para isso contamos com a participação de diferentes professores, pesquisadores, de agentes de saúde de diversas partes do Brasil, seja na escrita de conteúdo ou participando de rodas de conversa".

Em agosto de 2021, o projeto completou um ano. Nesse tempo foram realizadas treze rodas de conversa com a participação de 24 atores estratégicos no seu cotidiano de trabalho.

"Nessas rodas de conversa foram discutidos principalmente o papel do agente comunitário em saúde enquanto produtor de informação, seja lidando com as fichas de informação, seja com os sistema de informação, seja a discussão sobre a ética da produção para análise da situação de saúde. Então, são elementos estratégicos chaves tanto para pensar a atenção primária à saúde como também para pensar a atuação desse profissional".

O projeto

A iniciativa tem um espaço no site da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venância (ESPJ), sendo que três produtos principais foram elaborados ao longo desse um ano: o Termo de Referência Metodológico, um documento que sistematiza os principais passos feitos pela equipe do projeto para a realização das rodas de conversa virtuais com docentes, pesquisadores e agentes comunitários de saúde, as rodas de conversas virtuais e uma nuvem de palavras dinâmica.

A participante do projeto, Bianca Leandro acredita que as ações podem ser adaptadas para outros profissionais do setor da saúde, da educação e de instituições de ensino, assim como de grupos de pesquisa e em construções compartilhadas de conhecimento.

"A gente também fez uma sistematização das rodas de conversa, onde a gente apresenta o relato de cada roda, mas também analisa o conjunto delas, do que a gente tem de temas geradores importantes e elaboramos também uma nuvem de palavras dinâmicas onde destacamos quais foram os principais elementos de informação e registros, que saíram das rodas de conversa. Eu convido a todos a visitar o site e a conhecer e compartilhar o material e a usá-lo".

Edição: Anelize Moreira

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Repórter SUS

Uma em cada quatro mulheres não tem acesso a absorvente durante o período menstrual, no Brasil

Menstruar mensalmente é algo que ocorre com qualquer mulher saudável. No entanto, o acesso à absorventes ou outros insumos de higiene menstrual é algo escasso entre mulheres e meninas de menor poder aquisitivo ou em situação de vulnerabilidade social.

Sabendo disso, o projeto “Ciclo de Amor”, uma iniciativa do clube Girl Up Nise da Silveira, da Fundação ONU (Organização das Nações Unidas) atua no sentido de lutar contra essas desigualdades.

A aluna do terceiro ano de gerência em saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Marcela Marcondes Gonçalves é uma das integrantes do projeto. Ela conta que há muitas mulheres e meninas desprivilegiadas da periferia da região metropolitana do Rio de Janeiro e promover debates sobre igualdade de gênero, educação sexual e empoderamento feminino é uma questão de justiça social.

"Esse problema consiste tanto na falta de conhecimento acerca dos cuidados necessários com a menstruação, quanto na falta de recursos para lidar com a menstruação. Esse é um problema que muitas vezes passa desapercebido e não gera interesse da sociedade, mas é sofrido por muitas pessoas em situação de vulnerabilidade social, tanto no meio rural, quanto nas grandes cidades. Por falta de instrução, muitas mulheres não têm o conhecimento básico sobre o próprio funcionamento do corpo, sobre cuidados ginecológicos, sobre medicamentos e muito menos têm acesso a absorventes e produtos de higiene pessoal", explica Marcela Gonçalves.

A iniciativa conta com a participação de seis estudantes do Ensino Médio da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio que engajados com pautas sociais, decidiram se tornar voluntários do clube.

O Girl Up Nise da Silveira foi criado em 2019 e foca na pobreza menstrual, porque a questão é um problema de saúde pública.

"No Brasil, uma em cada quatro adolescentes não possuem um absorvente durante o seu período menstrual. Em penitenciária e áreas de extrema pobreza financeira, a utilização de itens inadequados como miolo de pão e jornal, ocorrem com frequência e o uso desses recursos pode causar diversos problemas físicos e mentais".

Essas medidas podem levar as mulheres a terem infecções no trato urinário, no rim, síndrome do choque tóxico e até lesões nos órgãos reprodutores femininos. Já na vida acadêmica, a precariedade no acesso à itens de saúde menstrual pode gerar evasão escolar e falta de autoestima.

Precariedade nas informações

Na avaliação de Marcela Marcondes Gonçalves o fornecimento de informações acerca de saúde sexual e direitos reprodutivos das meninas e pessoas ainda é um tabu muito grande.

"O Nise da Silveira atua nessa área por meio do 'Clico do Amor', que é uma iniciativa fundada pelo grupo, que busca combater a pobreza menstrual e a fome no Rio de Janeiro, por meio da doação de cestas básicas com bioabsorventes e a promoção de workshops, oficinas, que chamamos de 'artevismo' ou como o próprio nome diz a gente mistura arte e ativismo".

Em setembro deste ano, o grupo doará 300 bioabsorventes e 20 cestas básicas para mães solo, que vivem na Praça Seca, um bairro da zona oeste do município do Rio de Janeiro. O ponto de encontro será o Orfanato Rita de Cássia, que foi o mesmo utilizado na última ação promovida pelos jovens.

"Além dos serviços comunitários, o Nise entende que isso é uma questão de saúde pública e, por isso, urge por políticas públicas. Por isso também produzimos projetos de lei municipais e estaduais contra a pobreza menstrual, que visam remediar a problemática através da disponibilização gratuita de absorventes em casas de acolhimento, escolas e centros de saúde. Assim como educação menstrual em escola para estudantes e para a comunidade", conclui Marcela Gonçalves.

Edição: Vivian Virissimo

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Repórter SUS

Práticas Integrativas e Complementares são recursos importantes para a saúde mental na pandemia

A pandemia de covid-19 já matou mais de 570 mil brasileiros e deixou uma multidão com problemas de saúde mental. Não à toa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou para o agravamento de doenças como depressão e ansiedade neste momento.

“As consequências da pandemia do novo coronavírus estão causando pressão psicológica e estresse em grande parte da população afetada. As incertezas provocadas pelo covid-19, os riscos de contaminação e a obrigação de isolamento social podem agravar ou gerar problemas mentais”, defendeu a organização.

Nesse cenário, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), presentes no Sistema Único de Saúde (SUS), são uma importante ferramenta para amenizar os impactos na saúde como um todo, não só mental.

Segundo Mirna Teixeira, docente do Mestrado Profissional em Atenção Primária à Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, existem diversas práticas que podem ajudar nesse momento da pandemia, como aromaterapia, reflexoterapia, cromoterapia, acupuntura, yoga, meditação, reiki, medicina ayurveda, entre outras.

Atualmente, são 29 as modalidades de PICS que integram a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, aprovada em 2006.

“As PICS são baseadas em um modelo de atenção humanizada e centrada na integralidade do indivíduo, visando estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação de saúde, por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade”, explica Teixeira.

A docente da Fiocruz afirma que as PICS carregam a ideia de que a vida é movimento e que o adoecimento se refere ao bloqueio ou aceleração desse movimento. Nesse sentido, as práticas atuam no estímulo ao equilíbrio, em meio aos efeitos na saúde mental das pessoas durante a pandemia.

“O medo do desconhecido, a propagação da doença, o impacto na economia não só aumentaram a ansiedade dos indivíduos em condições de saúde pré-existentes, como também dos indivíduos saudáveis. E como compreendemos a saúde não como ausência de doença, mas como um bem estar biopsicossocial dentro de uma visão integrativa, é de extrema relevância a gente compreender os fatores que estão associados à saúde mental”, afirma.

Entre esses fatores estão o tempo de lockdown, as mudanças na rotina, a perda de pessoas queridas, o medo de se contaminar ou que pessoas próximas se contaminem, o medo da morte, o luto, a extensão do tempo de isolamento, o aumento das responsabilidades domésticas, principalmente para as mulheres.

Mirna Teixeira destacou duas práticas que fazem parte das PICS, o mindfulness e a aromaterapia. O primeiro ajuda o paciente a focar no presente, e “nesse momento de pandemia é muito importante focar no momento presente, porque o isolamento social gera muita ansiedade e muitas vezes a depressão está ligada ao passado e a ansiedade, ao futuro”.

Assim como outras práticas integrativas, o mindfulness ajuda a exercitar o sistema de atenção sensorial do corpo, estimulando os processos cognitivos e emocionais, a partir do entendimento de que existe uma conexão entre “o mundo das sensações e o mundo dos pensamentos e das emoções”.

Por sua vez, a aromaterapia faz uso de óleos essenciais a fim de promover o bem estar e recuperar o equilíbrio do organismo. O óleo essencial de alecrim, por exemplo, ajuda na memorização e no foco e pode ser usado, portanto, principalmente para ensino e trabalho remotos neste momento de pandemia.

A lavanda ajuda em momentos de ansiedade e depressão. O óleo de limão siciliano auxilia na regulação dos sentidos da fome. Os óleos essenciais cítricos, como de laranja e tangerina, ajudam também na melhoria do humor.

Seja aromaterapia ou mindfulness, todas as práticas “têm uma proposição paradigmática, com formas de compreender o mundo a partir de uma lente que preza por uma visão integral do ser humano, compreendido como um campo de energia”.

Edição: Leandro Melito

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Repórter SUS

Agosto Dourado: você sabia que a amamentação reduz o risco de alguns tipos de câncer?

Agosto Dourado é o mês da conscientização sobre a importância e o incentivo ao aleitamento materno. Além de todos os benefícios para o bebê, dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que, a cada mês de amamentação, o risco de câncer de ovário diminui em 2%. Em comparação com as mulheres que nunca amamentaram, as mães que amamentam têm 11% menos chance de desenvolver o câncer de endométrio.

“Segundo estudos, a cada doze meses de amamentação, a mulher tem 4,3% menos risco de desenvolver o câncer de mama. Além disso, o leite materno previne diabetes tipo 2, reduz o risco de anemia e diminui sangramento no pós-parto”, afirma Louise Munier, consultora de amamentação para gestantes e puérperas e Conselheira Fiscal na Diretoria da Associação de Doulas do Estado do Rio de Janeiro (ADoulasRJ).

O motivo para isso é que a amamentação retarda a ovulação e, consequentemente, diminui o nível de hormônios no organismo da mulher. Quanto maior o número de ovulações, maior é o risco de mutações pelos altos níveis de estrogênio e, logo, de células cancerígenas.

Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, na Austrália, por exemplo, realizado com 493 mães diagnosticadas com câncer de ovário e 472 mulheres saudáveis e com filhos, mostrou que quanto maior o tempo de amamentação, maiores os benefícios para as mães. Aquelas que amamentaram os filhos por aproximadamente três anos diminuíram em 91% as chances de desenvolver câncer de ovário. Na mesma linha, aquelas que amamentaram por 13 meses tiveram 63% menos chances de desenvolver a doença.

Para as crianças, os benefícios também são ricos. O leite materno é o único alimento que o bebê precisa até os seis meses de vida, não sendo necessário nenhuma complementação, nem mesmo água.

“O leite materno tem todos os nutrientes que o bebê necessita, facilita a digestão, reduz cólicas, previne anemias, evita diarreia e fortalece o sistema imunológico do bebê, por ser rico em anticorpos produzidos pela mãe. O leite materno é a forma natural de defesa para o bebê, protegendo a criança contra problemas como asma, pneumonia, gripes e problemas intestinais e ajuda a evitar doenças graves no início da vida do recém nascido”, afirma Munier.

De acordo com a especialista, o leite materno contém uma gordura importante conhecida como DHA, sigla em inglês para docosahexaenóico, que é capaz de estimular o desenvolvimento cognitivo das crianças.

A substância é do mesmo tipo do ômega-3, encontrado em peixes que vivem em águas profundas e na gema do ovo. Devido à sua importância na amamentação, o DHA é conhecido como vitamina para o cérebro: “Participa da formação dos neurônios e favorece a memória, o aprendizado e a atenção do bebe”, afirma Munier.

Munier também lembra que o aleitamento materno “é financeiramente mais barato, porque é algo que já está ali produzido naturalmente pelo organismo materno, e comparar o custo e o benefício do leite materno é financeiramente mais viável”.

Para reforçar a relevância da amamentação, a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Henrietta Fore, e o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, publicaram uma carta, na semana passada, relembrando os compromissos da OMS para assegurar um ambiente favorável ao aleitamento no mundo todo.

Entre as missões está assegurar a implementação do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno, que foi criado ainda em 1981 para regulamentar a venda e propaganda de produtos que substituem o leite materno, a fim de proteger mães e filhos de marketing abusivo e informações falsas.

Um outro ponto levantado é a garantia que as mães sejam atendidas e acompanhadas por profissionais que tenham recursos e informações sobre a importância do aleitamento e que possam dar, por exemplo, aconselhamento em amamentação.

Segundo Fore e Ghebreyesus, a amamentação, quando feita até os dois anos de idade ou mais da criança, oferece uma “uma poderosa linha de defesa contra todas as formas de desnutrição infantil, incluindo desnutrição aguda e obesidade” e até mesmo “atua como a primeira vacina dos bebês, protegendo-os contra muitas doenças infantis comuns”. Por isso, a importância de se garantir a implementação de tais compromissos da OMS.

Edição: Rebeca Cavalcante

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Repórter SUS

Sistemas do SUS não têm dados suficientes de raça/cor da pele de pacientes durante a pandemia

Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que a quantidade de informações sobre raça e cor da pele dos pacientes brasileiros ao longo da pandemia está aquém do desejado.

Segundo o Grupo de Trabalho sobre Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e do Instituto Pólis, o preenchimento do campo “raça/cor da pele” nos sistemas de informação do DataSUS não apresenta, em muitos casos, o nível satisfatório de 90%.

O Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP) Gripe, que sistematiza as internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), incluindo a covid-19, tem um preenchimento do campo raça/cor da pele em 80% dos casos. Entre os estados, o menor percentual chega a 53%, no Distrito Federal, e 67% no Ceará e no Rio de Janeiro. O mais alto foi identificado em Santa Catarina, Roraima e Tocantins, de 95%.

Entre os sistemas do DataSUS, SIVEP Gripe, Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, e-SUS Notifica e Sistema de Informação sobre Mortalidade, apenas este último se destacou por uma taxa acima do nível satisfatório, alcançando 97%, na média nacional. Nos estados, as exceções vão para Alagoas e Espírito Santo, com 77% e 84%, respectivamente.

No sistema e-SUS Notifica, sequer é informada a categoria raça/cor de pele dos pacientes com casos suspeitos de covid-19, embora o preenchimento seja obrigatório na ficha de notificação.

Segundo Vitor Nisida, urbanista e pesquisador do Instituto Pólis, a fragilidade encontrada no preenchimento correto das informações nos sistemas do SUS prejudicam diretamente a produção e a manutenção eficazes das políticas públicas em saúde.

“A construção de políticas públicas e a análise das efetividades dessas mesmas políticas públicas dependem da qualidade dos dados que alimentam os nossos sistemas de informação, pesquisas e serviços de saúde. São esses os dados que nos auxiliam no entendimento do quanto e de como é desigual a nossa realidade”, afirma o pesquisador. Caso contrário, “não tem como atuar nessa realidade que a gente deseja transformar”.

Para ele, “o não preenchimento de forma adequada do quesito ‘raça/cor da pele’ reflete a falta de prioridade que a produção sobre esse tipo de informação tem, o que em si demonstra a atuação do racismo estrutural, que permeia nossa sociedade”.

Para Ana Paula Nunes, a maneira mais eficaz de mudar a precariedade da sistematização dos dados é fazer valer a Portaria nº 344, de 1º de fevereiro de 2017, que dispõe sobre a inclusão e o preenchimento do quesito “raça/cor” nos formulários de sistema de informação em saúde do SUS. Nunes é professora de epidemiologia e bioestatística da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e membro do GT Racismo e Saúde da Abrasco.

“E, além disso, assumir o compromisso e a responsabilidade de monitorar adequadamente as iniquidades raciais, inclusive, capacitando os profissionais de saúde sobre a importância e a necessidade de preenchimento dessa variável com vistas à redução dessas iniquidades em saúde”, disse a pesquisadora.

Um outro estudo do Instituto Pólis demonstrou que os negros – pretos e pardos, de acordo com a denominação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – morrem mais do que brancos em decorrência da covid-19 no Brasil. A taxa de óbitos por covid-19 entre negros somente na capital paulista foi de 172/100 mil habitantes, enquanto para brancos foi de 115 óbitos/100 mil habitantes.

Na mesma linha, uma reportagem da Agência Pública de março deste ano apontou para a discrepância entre brancos e negros vacinados: 3,2 milhões de pessoas que se declararam brancas receberam a primeira dose do imunizante contra o novo coronavírus. Já entre os negros, esse número cai para 1,7 milhão.

Edição: Rebeca Cavalcante

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Repórter SUS

Estreia nesta sexta documentário sobre as condições de trabalho no SUS durante a pandemia

Será lançado, nesta sexta-feira (16), o filme Saúde sem Máscara, que traz relatos de trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre as condições de trabalho durante o combate à pandemia de coronavírus no Brasil.

O evento vai ser realizado de forma remota, das 19h às 21h, pelo canal de YouTube da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A live poderá ser acessada por meio do link: https://youtu.be/-WTSbkdnvco.

Coordenado pelas professoras e pesquisadoras Mariana Nogueira, Leticia Batista e Regimarina Reis, o documentário foi dirigido e roteirizado por Renato Prata Biar. A pesquisa buscou monitorar o acesso à equipamento de proteção individual de técnicos de enfermagem, agentes de combate a endemias, enfermeiros, médicos e psicólogos, no município do Rio de Janeiro, em tempos de covid.

De acordo com a pesquisadora Regimarina Reis, a ideia de fazer um filme veio a partir do momento que elas perceberam que o conteúdo da pesquisa deveria ir para além dos muros científicos e atingir toda a população.

“Para isso, a gente precisa lançar mão de outras linguagens, de se utilizar de outras narrativas, e de pensar essa interação de arte, política e ciência como mecanismo fundamental para que a gente possa trazer para a centralidade o trabalhador e, assim, produzirmos modos diversificados de comunicar, de pensar e de aprender a realidade”, diz.

Segundo o diretor Renato Prata Biar, o projeto já tinha como base a pesquisa, mas era preciso fazer um filme que não fosse apenas institucional e com dados. Então, a dinâmica do documentário foi travar conversas com os trabalhadores para conseguir obter deles suas experiências.

“Como foi essa experiência e como está sendo essa experiência de trabalhar em uma pandemia com uma precarização absurda das condições de trabalho? Mas, essa precarização, tá na vida deles, com baixos salários”, afirma.

De acordo com a pesquisadora Mariana Nogueira, além do documentário, foram produzidos infográficos e um boletim que informam os resultados quantitativos da pesquisa que foi feita com mais de 200 pessoas que trabalham no setor no Rio de Janeiro.

“A partir desses relatos, nós tivemos indícios de uma grande precariedade em suas condições de trabalho, uma insegurança que se relaciona à falta de acesso de equipamentos de proteção individual, à vínculos empregatícios e atrasos salariais”, explica.

 

Direção e Roteiro: Renato Prata Biar

Produção: Mariana Abrantes
Assistente de Produção: Mauro Soares
Direção de Fotografia: Lucas Chaparro e Diego Souza
Som Direto: Fernando Kumagai
Montagem: João Paulo Costa e Renato Prata Biar
Edição de Som: Fernando Kumagai e Lucas Chaparro
Edição e Correção de Cor: Lucas Chaparro
Trilha Sonora Original Trailer: André Profeta

Assista o trailer em: https://youtu.be/YXed4EJOiUA

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Repórter SUS

Ao ameaçar territórios indígenas, PL 490 também prejudica a saúde da população originária

No último dia 23, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, por 40 votos a 21, a tramitação do Projeto de Lei (PL) 490. O projeto inviabiliza a demarcação de terras indígenas e promove a abertura dos territórios ao agronegócio, à mineração e à construção de hidrelétricas. A aprovação na CCJ é o primeiro passo para que uma matéria vá a votação em plenário.

Abarcando outros 20 projetos de lei com diversos pontos considerados como retrocesso para as populações indígenas, como o Marco Temporal e a tentativa de regularizar a mineração, o texto é visto como uma ameaça.

Com o apoio de ruralistas e bolsonaristas, que têm pressa na aprovação, o texto do relator, Arthur Oliveira Maia (DEM-BA), gera questionamentos sobre sua constitucionalidade, já que tem a pretensão de relativizar o direito - garantido na Lei Maior - do usufruto exclusivo das terras demarcadas pelos povos indígenas.

O artigo 231 da Constituição reconhece que "as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes".

De acordo com a médica sanitarista Ana Lucia Pontes, é preciso entender a relação direta entre a saúde da população indígena e seus territórios. “Saúde indígena implica em considerar as formas de ocupação dos territórios pelos indígenas e, principalmente, também a posse e usufruto exclusivo desses territórios e ecossistemas”, explica.

Além disso, ameaças a territórios indígenas fizeram com que muitas doenças se espalhassem, causando epidemias que afetaram diretamente essa população e resultaram em muitas mortes.

No próximo dia 25 de agosto, será julgado o recurso extraordinário com caráter de repercussão geral para demarcação das terras indígenas no Supremo Tribunal Federal (STF).

O julgamento é referente à reintegração de posse de território indígena em Santa Catarina ocupado por esses povos, que prevê a proposta do Marco Temporal. Se o STF rejeitar, vai reforçar a inconstitucionalidade do PL e haverá uma possibilidade de luta.

Edição: Vinicius Segalla

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