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Frente Nacional Contra a Privatização faz ato no Abrascão

Trabalhadores e estudantes e usuários do SUS manifestaram posição contrária aos novos modelos de gestão do SUS.
Viviane Tavares - EPSJV/Fiocruz | 17/11/2012 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

Os gritos ecoavam pelo maior congresso de saúde coletiva do Brasil: 'O SUS é nosso, ninguém tira da gente. Direito garantido, não se troca, não se vende'. Os depoimentos endossavam a manifestação: "Eu optei pelo SUS porque sei que lá encontro um tratamento humano, de qualidade e que não faz distinção de classe social". Estas e outras tantas vozes de profissionais, usuários e estudantes da área da saúde fizeram parte do ato organizado pela Frente Nacional contra a Privatização da Saúde no dia 17 de novembro no Abrascão.

Entre os principais assuntos citados pelos manifestantes estavam a criação das organizações sociais (OS), da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público(Oscip), da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Fundações Estatais de Direito Privado e os ataques que pesquisadores vêm sofrendo em órgãos do governo e de empresas privadas, por conta de suas pesquisas. "Este ato é realizado por companheiros que defendem a reforma sanitária não flexibilizada, aqueles que defendem o SUS público, gratuito e de qualidade para todos", explicou o pesquisador-professor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Alexandre Pessoa.

Maria Inês Bravo, professora da Faculdade de Serviço Social da Uerj e pós-doutora em Serviço Social, explicou o papel da Frente Nacional. "A Frente quer um SUS de qualidade sob a administração direta do Estado. Ela defende também a reforma sanitária dos anos 1980, que prega o socialismo e a saúde. Com o capitalismo não há saúde. É fundamental que a Frente se amplie e una forças com, por exemplo, a Frente de drogas e de direitos humanos para todas se fortalecerem", reivindicou. "A Frente também está junto com aqueles que defende os princípios do SUS. Somos contra, inclusive, a internação compulsória", completou.

Frente Nacional e os estudantes

De 10 a 14 de novembro, os estudantes de saúde coletiva de todo o Brasil tiveram reunidos no II Encontro Nacional dos Estudantes de Saúde Coletiva (Enesc), em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O tema do encontro foi Saúde Coletiva e Movimento Social, mas outras questões como o valor de inscrição do Abrascão e a EBSERH, que afetam diretamente a eles, também foram debatidas. Segundo a estudante de saúde coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o ato da Frente também foi resultado do Enesc. "Essa manifestação também é fruto deste processo de discussão e produção dos estudantes. É preciso pensar as práticas dos estudantes de saúde dentro o SUS como nos hospitais universitários que, acima de tudo, são espaço de estudo, ensino e pesquisa acadêmica e seremos diretamente afetados com a EBSERH. No encontro, tiramos também uma moção de repúdio, inclusive, contra a Abrasco por conta do valor cobrado pelas inscrições no evento e pela não isenção. Tivemos vários trabalhos aprovados, então, acima de tudo fazemos pesquisa e produção acadêmica que estão sendo apresentadas aqui. Por isso a importância deste ato também contemplando as reivindicações dos estudantes", completou.