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A ciência sob a batuta dos estudantes

Escola Politécnica realiza sua primeira Feira de Ciências, trazendo atividades de divulgação científica, culturais e de lazer. O evento soma-se à 16ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
Katia Machado - EPSJV/Fiocruz | 25/10/2019 14h19 - Atualizado em 01/07/2022 09h42
Foto: Katia Machado

Proporcionar ao aluno uma imersão no mundo científico de forma lúdica e ativa. Esse foi o objetivo da 1ª Feira de Ciências da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), realizada no dia 24 de outubro pelos próprios estudantes,  reunindo atividades de divulgação científica, cultural e de lazer. O acontecimento somou-se ao maior evento de divulgação científica do Brasil, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que este ano se deu entre os dias 21 e 27 de outubro em vários cantos do país, inclusive em várias unidades da Fundação Oswaldo Cruz. “O país não cresce sem ciência, e vocês são o princípio de tudo isso”, destacou o vice-diretor de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Escola Politécnica, Sergio Ricardo de Oliveira ao abrir a Feira.

Olhar científico para o mundo
Cinco alunas do 2º ano do ensino médio da habilitação em Análises Clínicas falaram sobre a ciência da fitoterapia e o uso das plantas medicinais. Karolina Kobi, Analyce Carvalho, Julia Simons, Andrielle Soares e Bianca Santos expuseram várias plantas, explicaram os benefícios da arnica que, na forma de pomada, tem propriedades anti-inflamatórias, e trouxeram a Aloe vera, mais conhecida como babosa, bastante utilizada no setor de cosméticos. Outra planta exibida pelas alunas foi o capim limão, um antidepressivo que também pode ser usado como repelente. Mas elas alertaram: “O capim limão não pode ser ingerido por grávidas”. Na mostra, estavam também expostos o eucalipto e o gengibre, e elas ainda ensinaram como fazer o chá de algumas dessas folhas.

Sob o título ‘Vingadores e a Era dos Aedes’, os alunos do 3º ano do ensino médio da habilitação em Biotecnologia Julio Moraes, Giovanna Alevato e Wallace Leonardo Nogueira – este, vencedor do concurso para escolha da logo da 1ֺª Feira de Ciências–, apresentaram maquetes sobre os vírus transmitidos pelo Aedes aegypti, o mosquito da dengue, zika e chicungunha, e exibiram amostras dos testes rápidos para os três vírus, desenvolvidos pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) . Ao lado dos alunos, com uma caixa contendo vários mosquitos e uma armadilha, estavam Wesley Pimentel e Flavio Carvalho, do projeto World Mosquito Program Brasil, desenvolvido pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde. Eles falaram sobre a liberação de mosquitos contaminados com o microrganismo Wolbachia –  metodologia que reduz o potencial do inseto transmitir doenças, considerada complementar às demais ações de prevenção ao Aedes. “A eficácia da metodologia gira em torno de 95% a 100%”, garantiu Pimentel, responsável pela divulgação científica do projeto, explicando que o mosquito com o Wolbachia é liberado no ambiente ao longo de 12 a 16 semanas.. Ele contou que o inseto com o micro-organismo será lançado, em breve, em 62 bairros do estado do Rio de Janeiro, sendo 29 bairros da zona norte da cidade do Rio e 33 bairros da cidade de Niterói.

Alunos do 1º ano do ensino médio das habilitações Gerência em Saúde e Análises Clínicas uniram a arte e a ciência. Eles apresentaram a técnica da cianotipia, um processo de impressão fotográfica que produz imagens em azul ciano sobre papel tratado com produtos químicos, para  exibir desenhos, plantas, mapas etc.. Nas imagens de plantas foram usados dois elementos químicos: o citrato de amônio e ferro III; e o citrato férrico de amônio. “Escolhemos usar a técnica com plantas, inspiradas em Anna Atkins, uma fotógrafa e botânica”, revelou a aluna Venus Ferreira. Os alunos também associaram o conhecimento da arte com a física, trazendo uma câmera escura, a primeira grande descoberta da fotografia, com fotos de folhas variadas. E exibiram três charges com críticas sociais ao desmatamento, criadas pelo aluno João Pedro Rossi, do 1º ano do ensino médio da habilitação em Análises Clínicas.

‘A música e o cérebro’ e ‘Espectrofotômetro: princípios físicos do seu funcionamento e seu uso em análises clínicas’ deram títulos aos trabalhos exibidos pelos alunos do 3º ano do ensino médio da habilitação em Análises Clínicas. Eles produziram um modelo de cérebro para mostrar como a música influencia a atividade neurológica.  Por sua vez, alunos dos 1º e 3º anos da habilitação em Biotecnologia falaram sobre os benefícios da leitura para o corpo humano’, demonstrando como o ato de ler ajuda nas questões psicológicas, relaxa o corpo e contribui para o tratamento das pessoas internadas.

Sob o título ‘Bobina de Tesla’, alunos do 2º ano do ensino médio da habilitação em Biotecnologia reproduziram o transformador inventado por Nikola Tesla, por volta de 1890. Eles contaram a história desta invenção, mostrando na prática como a energia é gerada com grande simplicidade, acendendo uma lâmpada sem fonte elétrica. Na outra ponta da sala, alunos do 3º ano, também da habilitação em Biotecnologia, exibiram uma bateria orgânica, usando batata, limão e laranja em combinação com o zinco e cobre para carregar uma calculadora.

Riscos presentes na água
Em caixas escuras, os alunos exibiam os micro-organismos presentes em nossas mãos, falando na sequência sobre a importância da higienização e mostrando como se faz. As doenças veiculadas pela água não ficaram de fora da Feira: a turma do 4º ano do ensino médio da habilitação em Análises Clínicas se dividiu em cinco grupos e produziu cartilhas sobre a hepatite A, a toxoplasmose congênita, a amebíase, a giardíase e a verminose. Eles explicam no material impresso o que é cada doença, as causas e os sintomas, os aspectos epidemiológicos e dão recomendações de prevenção.

Alunos do 2º ano de Análises Clínicas e do 3º ano de Biotecnologia e de Gerência em Saúde trouxeram para a Feira a história de Pompeia. Exibiram fotos e maquetes das ruínas da cidade da época do Império Romano e do vulcão Vesúvio, localizado atualmente na cidade de Nápoles (Itália).

A Baía de Guanabara foi reproduzida em uma das salas da EPSJV. Na apresentação ‘Explorando a Baía de Guanabara: o segredo por trás da poluição’, os alunos do 2º ano do ensino médio da habilitação Gerência em Saúde montaram várias estações para contar a história da fundação da Baía que tem aproximadamente 400 quilômetros quadrados, destacando o contexto atual de muita poluição.

‘Oficina do queijão’, ensinando a produzir um queijo fresco, ‘Todo mundo odeia agrotóxico... Será?’, falando sobre o veneno que está em nossas mesas, ‘Linguagem na ciência’, abordando temáticas como produção de um artigo e mudança do tipo de linguagem quando se trata da ciência, e ‘Amazônia ao longo dos anos: a evolução do regresso’, que tratou da destruição da região, foram também temas de apresentações dos alunos da EPSJV/Fiocruz.  

A Feira contou ainda com a presença do ‘Projeto Brotinho: agricultura urbana agroecológica’, que propõe o cultivo de alimentos, ervas, temperos orgânicos etc., além de compostagem doméstica para a produção de biofertilizante. No evento, estavam também a equipe dos jogos educativos Imune e Caminhos de Oswaldo, composta por Natália Lanzarini, do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e Thays Coutinho e Venicio Ribeiro, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz). “São jogos direcionados a jovens acima de 12 anos, e foram projetados pelo IOC e Icict para serem usados principalmente em escolas”, destacou Natalia.

O primeiro jogo é uma disputa de cartas em que vence aquele que ficar de mãos vazias primeiro e na qual, além das cores e números do baralho, há informações sobre viroses e pesquisadores. No segundo, os participantes devem avançar por um caminho dentro do campus da Fiocruz, podendo cair em “casas” onde há vírus, cientistas ou perguntas relacionadas às ciências. 

Nos fundos da EPSJV/Fiocruz, ficaram o ‘Ônibus Ciência na Estrada’, do pesquisador Marcos Vannier, cujo propósito é levar equipamentos científicos a várias cidades, e a ‘Casa Interativa Virginia Schall’. Trata-se, neste caso, de uma espécie de iglu – batizado com o nome da psicóloga, doutora em Educação e pesquisadora titular da Fiocruz, que morreu em abril de 2015 – que reproduz os ambientes internos de uma casa e os insetos que podem estar escondidos nos diversos cantos, como cozinha, banheiro ou tapete da sala.