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Curso da EPSJV recebe Prêmio Paulo Freire da Alerj

Curso de Atualização Profissional em Práticas de Convivência nos Territórios foi contemplado na categoria Educação Popular da premiação
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 06/12/2022 15h50 - Atualizado em 07/12/2022 14h03

O Curso de Atualização Profissional em Práticas de Convivência nos Territórios, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), foi contemplado na categoria Educação Popular do Prêmio Paulo Freire, concedido pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A formação foi realizada de 12 de abril a 7 de junho de 2022, em parceria com o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Secretaria Estadual de Saúde. A entrega do prêmio acontece na próxima segunda-feira, 12 de dezembro, na Capela Ecumênica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no Campus Maracanã.

Para a professora-pesquisadora da EPSJV, Ariadna Patrícia, que coordenou o curso com os professores Neli de Almeida, do IFRJ, e Thiago Melicio, da UFRJ, o curso ter sido selecionado na categoria Educação Popular cumpre com o papel da formação de seguir as premissas Freirianas de diálogo, emancipação, amorosidade e, principalmente, o compromisso com a construção de projetos democráticos populares. “Mesmo com todas as dificuldades que os Centros de Convivência (CECOs) enfrentam, esse prêmio evidencia a relevância do trabalho, assim como a necessidade de continuidade dessa formação que, em sua primeira turma, formou 40 educandos/trabalhadores que elaboraram, ao final do curso, seis projetos de práticas de convivência em distintos territórios do estado do Rio de Janeiro”, ressalta.

A formação

Com carga horária total de 60 horas, o curso contou com oito encontros de aula online; atividades de dispersão no território, acompanhadas por tutores, e o Seminário Final presencial, que se desdobrou em um Encontro Estadual de CECOs. Segundo Ariadna, o objetivo da formação foi qualificar trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) em práticas de convivência nos territórios com arte, cultura e economia solidária, além de potencializar a política estadual dos Centros de Convivência, diante da aprovação da Lei 9323/2021 do Estado do Rio de Janeiro.  Ainda de acordo com Ariadna, a demanda surgiu do movimento social organizado no Fórum Permanente de CECOs do Estado do Rio de Janeiro, que luta pelo cuidado em liberdade, pelo direito a cidade, pela sustentação das diferenças na comunidade e pela desinstitucionalização da loucura. “É possível afirmar que a Lei 9323/2021 foi produzida pelo movimento social, expressando ali os seus anseios, dando contorno ao cuidado em liberdade através da política da convivência”, afirma a professora-pesquisadora.

Ariadna conta ainda que o curso é também um dos desdobramentos da pesquisa “Centro de Convivência Virtual: promoção da saúde e redes de afeto em tempos de pandemia”, coordenada por ela e financiada pelo edital Inova Fiocruz. “Nos resultados, a gente verificou que tanto os oficineiros quanto trabalhadores, gestores e alguns conviventes sinalizaram a necessidade e uma relevância de uma formação desse tipo. Além disso, dentro do próprio Fórum, isso já havia sido mencionado”, lembrou.

Sobre os CECOs, Ariadna afirma que eles são uma via de acesso à convivência nos territórios, visando sustentar as diferenças na comunidade, ou seja, como lidar com problemas pela via da rede de afeto. “Vamos enfrentar, na delicada arte dos encontros, os problemas estruturais da nossa sociedade, como o capacitismo, o racismo, a LGBTQIA+fobia, o machismo, ou seja, as diferenças que segregam e dificultam a convivência pelo preconceito e pela visão hegemônica que a sociedade tem das pessoas que têm algum sofrimento psíquico”, explica, concluindo que a pandemia da Covid-19 acirrou ainda mais o enfraquecimento das redes de afeto: “O prolongado isolamento social em função das medidas de redução e propagação do vírus gerou impactos na subjetividade humana. Então, nesse contexto pós-pandêmico, com a retomada dos espaços de sociabilidade que existiam antes, os CECOs se tornaram ainda mais estratégicos e relevantes para as pessoas que já são estigmatizadas, seja por um diagnóstico, por ser idoso, por outras vulnerabilidades, ou ainda para todos, porque na sociedade neoliberal, estamos todos privados de laços mais fortes e confiantes”.