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Democratização da Comunicação e Saúde

EPSJV participa de oficina sobre Comunicação com agricultores familiares, comunicadores, pesquisadores e militantes de movimentos sociais no Encontro Nacional de Diálogos e Convergências
Raquel Júnia - EPSJV/Fiocruz | 06/10/2011 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47




No dia 29 de setembro, durante o
Encontro de Diálogos e Convergências, a EPSJV ajudou a construir uma oficina de
comunicação, dentro do eixo Conhecimento, Informação e Poder.  O Encontro
Nacional de Diálogos e Convergências - Agroecologia, Saúde e Justiça Ambiental,
Soberania Alimentar, Economia Solidária e Feminismo
foi realizado de 26 a
29 de setembro, em Salvador, na Bahia. A iniciativa reuniu redes e movimentos
que identificam que suas pautas podem e necessitam convergir e dialogar para
ampliar a visibilidade e o apoio da sociedade a um outro modelo de
desenvolvimento que, no caso da participação da EPSJV e de outras instituições,
dialoga com uma outra concepção de saúde. Mais de 60 pessoas se reuniram na
oficina. A jornalista Lívia Duarte, da Federação de Órgãos para Assistência
Social (Fase), explicou que a oficina tinha como objetivo discutir a
comunicação como um direito dos povos e como uma necessidade dos participantes
do Encontro. Da mesma forma que nas outras atividades do evento, as discussões
começaram com a apresentação de experiências de comunicação.



 



A comunicadora Lise Guimarães
apresentou a experiência do Programa Desperta Mulher, da Rede de Mulheres do
município de Remanso . O programa é um espaço para as agricultoras da região
debaterem, sobretudo, a necessidade de organização e autonomia das mulheres.
Lise comentou sobre a dificuldade de as mulheres se deslocarem até o município
para participarem do programa, o que, consequentemente, faz com que a condução
e organização fique apenas em suas mãos. Para ela, este é um desafio a ser
superado.



 



A segunda experiência
compartilhada na oficina foi a da comunicação da Articulação do Semi-Árido
(ASA). Mariana Mazza, jornalista da entidade, relatou que o objetivo da
comunicação da ASA é modificar a visão tradicional e hegemônica sobre o
Semi-Árido, que o percebe apenas como "uma terra seca", a partir da expressão"indústria
da seca", recorrente nos meios de comunicação. A jornalista comentou como a
população do Semi-Árido sempre entendeu o regime climático da região e
conseguiu às vezes menos, às vezes mais, se relacionar bem com o território,
produzindo em alguns momentos de forma a poupar nos períodos de seca forte. Uma
das estratégias adotadas pela entidade foi a de formar comunicadores populares
por todo o semi-árido, que editam boletins, atuam em rádios comunitárias e
outras mídias. De acordo com Mariana, atualmente 26 comunicadores foram
formados pela ASA e trabalham em nove estados do Nordeste.



 



A estrutura de comunicação do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi a terceira experiência
apresentada. Riquieli Capitani, do MST e estudante da primeira turma de
"Jornalismo da Terra", realizada na Universidade Federal do Ceará em parceria
com o movimento, contou como o movimento despertou para a necessidade de se
comunicar com a sociedade, ainda nas suas origens, no acampamento da
Encruzilhada Natalino, no Rio Grande do Sul. Segundo ela, o acampamento foi
cercado pelas forças militares durante vários dias, o que impedia o trânsito
das pessoas e, inclusive, a entrada de alimentos. Os acampados enviavam
informações por meio de religiosos que conseguiam transpor a barreira, , construíam
informativos impressos sobre a situação dos Sem Terra e distribuíam na região.
Riquieli mostrou como se estrutura hoje o Jornal Sem Terra e a página
eletrônica do MST.



 



Debate



 



Após a apresentação das
experiências, os participantes contribuíram com suas análises sobre as
debilidades e desafios da comunicação do campo contra-hegemônico.
Comunicadores, militantes e agricultores se alternaram no debate. O jornalista
Eduardo Homem, da TV Pernambuco, ressaltou a importância de se produzir também
conteúdo para a televisão, disputando os espaços das emissoras públicas. "A
comunicação é uma obrigação, não apenas um direito e uma necessidade",
observou.  Muitos participantes
comentaram sobre a necessidade de que as experiências de comunicação se
organizem melhor para que não falem apenas "para nós mesmos". Nesse sentido,
foi reforçada a importância de se aportar recursos e qualificar pessoas para
atuarem nas mídias, estabelecer melhores relações e troca de informações entre
as experiências, melhorar a qualidade visual dos veículos e apostar também na
televisão, por ser um meio que chega facilmente às pessoas.Além disso, destacou-se
a necessidade de disputar verbas públicas para o desenvolvimento dos meios de
comunicação e lutar pela mudança no marco regulatório das comunicações de forma
a garantir menos concentração da mídia. Ao final da oficina, os participantes
aprovaram uma moção pelo Direito e Obrigação de Comunicar. A moção foi
lida pela agricultora Emília de Fátima na plenária final e aprovada pelos mais
de 300 participantes do encontro.



 



A comunicação também foi um dos
temas debatidos em uma das mesas do Encontro de Diálogos. No segundo dia do
evento, a EPSJV participou da mesa que tinha o objetivo de relacionar e
conceituar os temas do evento - agroecologia, saúde e justiça ambiental,
economia solidária, soberania alimentar e feminismo - com a comunicação, que
entrou como um tema transversal.  A
proposta foi também a de relacionar os temas com os territórios do Polo da
Borborema, na Paraíba, do Planalto da Serra Catarinense e do Norte de Minas
Gerais, cujas experiências agroecológicas e de enfrentamento ao atual modelo de
desenvolvimento foram apresentadas e onde foram realizadas oficinas
preparatórias ao encontro. A Escola Politécnica também esteve presente em duas
dessas oficinas, quando realizou reportagens e entrevistas.



 



Sobre todos os temas debatidos
pelo Encontro de Diálogos foram elaborados termos de referência com o objetivo
de introduzirem as temáticas e/ou fornecer elementos para que os participantes
se aprofundassem nas discussões. A EPSJV participou da elaboração do termo de
referência da Comunicação
e também contribuiu nas discussões sobre o termo de
referência Agrotóxicos, Transgênicos,
Saúde Ambiental, Justiça Ambiental e Agroecologia,
de cujo seminário temático a EPSJV também participou da relatoria.



 



Leia a Carta política do Encontro de
Diálogos e Convergências
.