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Diretora da EPSJV participa de audiência pública no Senado sobre impactos da pandemia na educação

Anamaria Corbo apresentou a Escola Politécnica e as ações da instituição para o enfrentamento da pandemia de Covid-19
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 23/11/2021 12h29 - Atualizado em 01/07/2022 09h40

A diretora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Anamaria Corbo, participou, no dia 22 de novembro, de uma audiência pública da Subcomissão Temporária para Acompanhamento da Educação na Pandemia do Senado Federal. O debate foi o sexto do ciclo que busca avaliar os impactos da pandemia na educação básica e discutir o planejamento e as ações para o retorno das aulas presenciais. Também participaram da sessão Helber Ricardo Vieira, representante do Ministério da Educação (MEC); e Alípio Dias dos Santos Neto, representante do Tribunal de Contas da União (TCU).

Em uma fala inicial, Anamaria apresentou a Escola Politécnica. “Nós temos, no âmbito da Fiocruz, uma escola da educação básica, que está articulada à formação técnica em saúde e é por isso que a gente tem feito várias discussões sobre os impactos da pandemia e os protocolos necessários para o retorno seguro das atividades escolares”, contou.

Segundo ela, os impactos da pandemia na educação não são específicos do Brasil. Trazendo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a diretora afirmou que o período de pico de afastamento dos estudantes das escolas de países no mundo todo foi de março a abril de 2020, quando cerca de 90% de todos os estudantes do mundo foram afastados do ambiente escolar.

Ainda segundo dados da Unesco, em novembro de 2021, ainda há 2,4% dos estudantes no mundo sendo afetados, seja pelo afastamento total das atividades de ensino, seja por afastamento parcial por conta do ensino híbrido. “No caso do Brasil, a gente tem 43 milhões de crianças e jovens ainda afetados. Quando comparamos o tempo de fechamento das escolas, vemos que a América do Sul foi o continente que mais tempo ficou com as escolas fechadas. O Brasil ficou, em média, 69 semanas com o fechamento total das suas escolas e isso tem relação com os impactos nessas desigualdades educacionais”, apontou.

Em julho de 2020, a EPSJV lançou o “Manual sobre biossegurança para reabertura de escolas no contexto da Covid-19", que reúne normas e diretrizes para retomada das aulas em segurança. O manual traz informações facilmente acessíveis, destacando as questões sanitárias, aspectos sobre a transmissão da Covid-19 e a implementação de boas práticas de biossegurança que possam contribuir para a promoção da saúde e a prevenção dessa doença nas escolas. “Sabíamos que o quanto antes as escolas da educação básica tivessem preparadas para enfrentar a pandemia, mais teríamos condições de tornar esse impacto educacional menor, sabendo que já sofremos uma desigualdade educacional, que é característica da nossa formação social e que a pandemia só exacerbou essa situação”, esclareceu.

A partir da publicação desse manual, a Escola Politécnica recebeu diversas solicitações para a participação em debates com outras instituições de ensino e sindicatos sobre o tema. 

Impactos na educação

Anamaria relatou que, desde o início da pandemia, o Brasil teve dificuldade de ter uma direção nacional para enfrentar o impacto do fechamento das escolas. Entre diversos impactos, ela destacou a demora na priorização dos profissionais da educação na vacinação. “Nesses diálogos que estamos fazendo, quando conversávamos com os sindicatos, a pauta sempre era que as escolas só voltariam com a imunização dos trabalhadores. E o que se discutia à época é que somente essa pauta não seria suficiente para garantia do retorno seguro, porque já se sabia que as vacinas não impediam a transmissibilidade do vírus”, apontou. E acrescentou: “A questão da vacinação é importante, mas mais do que isso, é a questão da implantação dos protocolos, porque ainda estamos no âmbito de uma pandemia”. 

Diante das mais diversas desigualdades educacionais, a diretora destacou que há um déficit estrutural das condições dessas escolas, ou seja, sabe-se que existem escolas que não têm acesso a água, nem saneamento básico e nem força de trabalho que supra as necessidades educacionais. E para começar um processo de enfrentamento dessas desigualdades, é preciso dotar essas escolas de toda a infraestrutura necessária, continuou Anamaria.

Outro ponto levantado por ela foi a ausência de programas de inclusão digital para os estudantes do sistema público de ensino para utilização das tecnologias de informação e comunicação no ensino remoto. “O que mais escutávamos era que, por mais que o ensino remoto estivesse acontecendo nas redes estaduais e municipais, ele não funcionava porque a gente não pode conceber que um adolescente ou uma criança vai realizar o seu processo ensino-aprendizagem, por exemplo, através de celular ou ter uma aula por aplicativo de mensagem. E muitas das vezes, esse estudante ainda tinha que compartilhar o celular com outro membro da família. Por outro lado, ainda tínhamos a falta de capacitação por parte dos profissionais da educação para usar as plataformas digitais”, frisou.

A demora, principalmente entre os organismos internacionais, para reconhecer que a transmissibilidade aérea é o principal meio de contaminação do Sars-Cov-2 também merece atenção. “Por muito tempo, demos ênfase demasiada à questão de limpeza de superfície e não fizemos as adaptações estruturais primordiais para garantirmos a ventilação dos ambientes”, apontou Anamaria, explicando que, a partir do momento em que se assume que a transmissibilidade aérea é a principal, é necessário organizar os protocolos, com a ventilação dos ambientes, o uso de máscaras de alta proteção e o distanciamento social em algumas situações. 

Nas discussões feitas pela EPSJV, ficou evidente também que a maioria dos protocolos que eram disponibilizados, pelas redes estaduais ou municipais, eram de difícil aplicação por conta desse déficit de infraestrutura e força de trabalho nessas instituições. “Eram protocolos que, no final das contas, só se podia desenvolver com o uso de máscaras e a higienização das mãos. Uma série de outras medidas fundamentais para garantir a não transmissibilidade no meio escolar não estava sendo implementada”, garantiu.

No caso da Escola Politécnica, o retorno ao ensino presencial foi iniciado em agosto de 2021, forma gradual e segura. “Estamos com todas as turmas em ensino presencial e não tivemos até hoje nenhum caso de transmissibilidade no ambiente escolar, porque a gente organizou todo um processo de acompanhamento dos nossos estudantes”, contou, explicando: “Primeiramente, há uma identificação dos sinais, depois encaminhamento do caso suspeito para isolamento e testagem, seja do estudante ou trabalhador. É importante que todos compreendam e sigam os protocolos”, concluiu a diretora da EPSJV.

 

Assista a participação da diretora da EPSJV na TV Senado aqui.