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Educação Popular em Saúde

Em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragem, EPSJV irá promover a formação nas áreas de direito à saúde e educação ambiental
Portal EPSJV - EPSJV/Fiocruz | 28/08/2018 14h10 - Atualizado em 01/07/2022 09h44

Direito à saúde e educação ambiental são objetos de dois cursos que serão ofertados pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), ainda no segundo semestre de 2018, na região do Vale do Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu (RJ). O projeto é fruto de uma parceria da Escola Politécnica com o Movimento dos Atingidos por Barragem (MBA). Também participam do projeto a Rede de Médicas e Médicos Populares e docentes ligados à Educação Infantil  da Universidade Federal Fluminense  (UFF). Como atividades preliminares dos cursos foram realizados dois encontros neste mês. O primeiro, 'Atingidos (as) em luta: cuidando da água, fortalecendo a saúde e a educação, e bordando uma vida melhor’, dia 14 de agosto, em Cachoeiras de Macacu (RJ). No evento, os professores-pesquisadores da EPSJV, Grasiele Nespoli e Alexandre Pessoa, apresentaram os projetos dos cursos, e a diretora da Escola, Anakeila Stauffer, apresentou o trabalho desenvolvido pela EPSJV. No dia 24 de agosto, foi realizado, na EPSJV, o seminário 'A disputa pela água no Vale do Guapiaçu: direito à saúde e saúde ambiental',  no qual representantes do MAB apontaram desafios e os movimentos de resistências no Vale do Guapiaçu.

A região do vale do Guapiaçu tem um projeto de barragem que alagará aproximadamente 20 km² da localidade. Em áreas atingidas por barragens, o enfraquecimento da aplicação de políticas públicas, a desmobilização econômica e a propaganda de empresas criam um ambiente de vulnerabilidade socioambiental para quem mora nesses territórios. “Quando começa o projeto de construção de uma barragem, o Estado começa a retirar investimentos do local. No nosso caso, a gente já sente os impactos do desmonte na educação e na saúde pela falta de investimentos. Nossos direitos estão sendo negados”, destacou Raiene Evangelista, integrante do MAB. “A situação de áreas atingidas por barragem é anárquica, pré-barbárie. A nossa linha de ação é a pressão popular. Menos de 30% dos atingidos recebem algo, na forma de reassentamento então, é muito raro”, completou Leonardo Maggi, coordenador do MAB no Estado do Rio de Janeiro.

Direito à saúde

Coordenado pelas professoras-pesquisadoras da EPSJV, Grasiele Nespoli e Anamaria Corbo, o curso de Atualização Profissional em Educação, Participação Popular e Direito à Saúde, com carga horária de 114 horas, dividas em tempos de concentração e dispersão, é voltado para Agentes Comunitários de Saúde , e lideranças femininas da região. O ponto de partida do curso será um Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), técnica da saúde pública usada para fazer um levantamento dos condicionantes e determinantes da saúde de uma população. O DRP será seguido de um seminário com apresentação dos resultados e, a partir disso, serão definidas as temáticas dos encontros do curso.

Anterior ao curso, o projeto conta ainda com mais duas estratégias. A primeira é a formação de educadores infantis, promovida pela UFF, que possibilitará que as mães participem do curso enquanto seus filhos estarão em atividades pedagógicas. "É um elemento complementar e constitutivo da nossa proposta e, ao mesmo tempo, fundamental para a participação das mulheres no curso", explicou Grasiele. Além disso, as lideranças femininas que irão participar do curso serão formadas na técnica da Arpillaria - metodologia latina de educação popular. “A Arpillaria é uma técnica de bordado originária do Chile, na qual as mulheres contavam suas histórias em bordados no tecido mostrando a situação de repressão durante a ditadura militar de Augusto Pinochet”, explicou Anamaria, que completou: “Ao final do curso, será realizado um novo seminário para debater propostas de melhoria da atenção à saúde na região  e uma exposição dos bordados das Arpilleras”.

Saúde ambiental

O curso de Educação Popular em Saúde Ambiental em comunidades do município de Cachoeiras de Macacu: Pedagogia das Águas em Movimento tem como objetivo realizar estudos e práticas coletivas de manejo das águas que visem à promoção de territórios saudáveis e sustentáveis para as comunidades localizadas no Vale do Rio Guapiaçu. O curso tem como público-alvo 30 agricultores familiares e atores sociais locais que serão formados em agentes populares em saúde.

“O processo de formação começa com agricultores e, posteriormente, dentro do processo pedagógico, os atores sociais realizarão nas escolas do território ações de debates e intervenções sobre o manejo das águas domiciliares e comunitárias”, afirmou o professor-pesquisador da EPSJV, Alexandre Pessoa, que também é coordenador do curso.

Como resultado da formação, será construído um material pedagógico territorializado sobre o manejo das águas e as ameaças à saúde ambiental e humana.