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EPSJV na luta contra Covid-19

No ano em que completa 35 anos, Escola Politécnica participa do enfrentamento ao novo coronavírus
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 17/08/2020 13h22 - Atualizado em 01/07/2022 09h42

No ano em que completa 35 anos, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) se vê diante de novos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Frente à necessidade de distanciamento social e suspensão das atividades escolares presenciais, desde o dia 16 de março, a instituição tem promovido alternativas e ações de enfrentamento ao novo coronavírus para a comunidade escolar e a sociedade como um todo. “Temos, como todas as escolas públicas, desafios que são a estruturação de condições adequadas para o estabelecimento de retornos comprometidos com a defesa da vida. Mas, antes disso, teremos que nos desafiar com a construção de soluções pedagógicas e tecnológicas que viabilizem atividades educacionais com caráter remoto e emergencial para todos os estudantes. Nesse sentido, a democratização do acesso à internet e aos equipamentos tecnológicos, bem como a construção de processos pedagógicos que mantenham o princípio da politecnia serão desafios contínuos”, ressalta Anakeila Stauffer, diretora da EPSJV.

Papel social da Escola:

Cuidando dos estudantes em tempos de isolamento social

Para os estudantes dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio nas habilitações de Análises Clínicas, Biotecnologia e Gerência em Saúde, a EPSJV tem disponibilizado de forma on-line atividades pedagógicas complementares, que não têm a pretensão de dar continuidade ao currículo na modalidade à distância. Segundo a coordenadora geral de Ensino Técnico, Ingrid D’avilla, desde o início da pandemia, teve-se o entendimento de que o processo de isolamento social exige das instituições escolares o fortalecimento, sobretudo, da dimensão de socialização. “Para nós, a disponibilização de conteúdo por meio das tecnologias da informação é a possibilidade, neste momento, de reduzir os efeitos do isolamento social”, afirma, citando que um dos objetivos dessa proposta é estimular os estudantes a organizarem suas rotinas diárias de estudo.

Nas orientações, a Escola sugere que os estudantes organizem o seu tempo considerando momentos para o descanso, o lazer, a interação à distância com os amigos, as atividades cotidianas em casa e com a família, bem como a realização de tarefas escolares. Ingrid ressalta que o tempo em casa pode ser utilizado pelos estudantes também para revisar conteúdos nos quais têm dúvidas e aprofundar seus conhecimentos em alguma disciplina.“Em breve teremos no site não só o espaço para repositório dos materiais, como também para interação entre professores e estudantes. Para desafios futuros, temos o planejamento das atividades pedagógicas com os professores a partir de agosto de 2020”, garante Ingrid.

Com a suspensão das aulas presenciais, os alunos do Ensino Médio também puderam manter as orientações e qualificações da monografia de final de curso de forma on-line. Para facilitar esse contato no caso dos estudantes que ainda não tinham iniciado o processo, foi criado, inclusive, um banco de orientadores. Entretanto, tanto os alunos que não possuem acesso à internet, como aqueles que, por algum motivo, não desejarem realizar essas atividades remotamente, poderão cumprir essa etapa no retorno das atividades presenciais, sem qualquer prejuízo.

No Programa de Pós-graduação em Educação Profissional em Saúde da EPSJV, o trabalho de elaboração das dissertações dos alunos do curso de mestrado também continuou. As orientações dos alunos para a elaboração de suas dissertações estão sendo feitas de forma remota, assim como as defesas.

Entendendo e combatendo a exclusão digital

Para conhecer melhor o novo cenário imposto pela pandemia, a Escola realizou, em junho de 2020, a pesquisa ‘Diagnóstico sobre o acesso à internet e equipamentos de informática utilizados pelo corpo discente da EPSJV durante a pandemia de Covid-19’. Ao todo, foram entrevistados 622 alunos de diversos cursos. Os dados gerais indicam que 94% têm acesso à internet. O celular ou equipamentos similares são utilizados por pelo menos 39% deles. Enquanto no mestrado todos os discentes possuem computador, na Educação de Jovens e Adultos (EJA) o quantitativo daqueles que utilizam unicamente o celular para acessar a internet equivale a 82%.

De acordo com Fernanda Cosme, que faz parte da coordenação do Projeto Escola Saudável, da EPSJV, e que foi responsável pelo estudo, foi possível identificar também alguns impactos da pandemia nas condições de vida, trabalho e saúde dos estudantes. Segundo ela, os relatos indicam questões como a dificuldade em executar tarefas sem interação com colegas ou docentes, intensificação das rotinas de trabalho remunerado (no caso dos alunos que também são trabalhadores), do trabalho doméstico e do cuidado, o luto e o desenvolvimento ou agravamento de doenças. “O recorte de gênero nos deixa atentos para a possibilidade de maior sobrecarga das mulheres e meninas com o trabalho doméstico e do cuidado, o que reduz ainda mais o tempo disponível para os estudos. Entre os adolescentes, há mais relatos de dificuldades em adaptar-se à rotina, pois a necessidade de distanciamento social restringiu as possibilidades de socialização”, destaca, acrescentando que, para além disso, há ainda as dificuldades de redução ou perda de rendimentos por desemprego (dos pais ou dos próprios alunos) ou adoecimento, por exemplo, e essas questões impactam na possibilidade de que os alunos consigam dedicar-se às atividades propostas pela Escola. Um estudo especificamente sobre o impacto da pandemia para o corpo discente da EPSJV está sendo desenvolvido.

No mestrado, o estudo mostra que todos os alunos declaram ter acesso à internet em casa, através de computador, embora o equipamento, em vários casos, seja compartilhado e, na maioria das vezes, os espaços de trabalho em casa também sejam divididos. Já no curso de ACS, a turma em andamento conta com 29 estudantes, dos quais 97% participaram da pesquisa. Desses, apenas um aluno relatou não ter acesso à internet, e 51% informaram que a qualidade da conexão é regular ou ruim.

No caso do Ensino Médio, ainda que não tenham sido elaboradas questões a respeito da qualidade ou continuidade do acesso à internet, os estudantes relataram dificuldades relacionadas tanto ao serviço de internet quanto ao equipamento de que dispõem, como o acesso à internet restrito ao período em que possuem créditos no celular; internet com velocidade que oscila ou funciona de forma irregular; equipamentos antigos que não funcionam bem ou possuem capacidade limitada de armazenagem de novos arquivos e dificuldades na navegação na internet.

Cuidando da saúde mental

Criado em 2018 com o objetivo de ampliar o espaço de diálogo com os estudantes da EPSJV e suas famílias, oferecendo apoio pedagógico aos cursos do ensino médio integrado, o projeto Escola Saudável passou a contar com canais remotos de atendimento aos estudantes durante a pandemia. Recentemente, o projeto firmou uma parceria com a Cruz Vermelha para apoio psicossocial aos alunos, responsáveis e trabalhadores da Escola Politécnica.

Segundo Fernanda Cosme, que atua no projeto junto com Luiz Maurício Baldacci, a Escola está atenta às dificuldades dos educandos no atual contexto da pandemia, o que inclui a adaptação à nova rotina diária, ampliação da convivência familiar e dificuldades para realizar atividades pedagógicas complementares propostas pela Escola; assim como ao adoecimento, sobretudo, relacionado à saúde mental e ao novo coronavírus. “As demandas dos estudantes são informadas aos docentes e coordenadores para que possamos pensar em estratégias de apoio pedagógico. Nas demais situações, quando são necessários encaminhamentos de outra ordem, dialogamos com outros setores da EPSJV e da Fiocruz, além de instituições da rede de serviços, como, por exemplo, a Cruz Vermelha, que oferece atendimento gratuito, com psicólogos, para acolhimento e apoio emocional, diante do atual cenário”, explica.

Cuidando da saúde do corpo: bolsa social, alimentação escolar e biossegurança

Preocupada com a possibilidade de reduzir os efeitos da falta de alimentação escolar no cotidiano dos alunos e de suas famílias, a EPSJV aumentou o valor das bolsas de demanda social, que passaram de R$ 150 para R$ 300 por mês, até o retorno das atividades presenciais. Essas bolsas são pagas, mensalmente, para 110 estudantes do Ensino Médio Integrado, cujos responsáveis solicitaram auxílio no momento da matrícula por possuírem comprovada caracterização de baixa renda familiar. Vale ressaltar que, por estudarem em horário integral, todos os alunos da EPSJV recebiam três refeições por dia na escola (café da manhã, almoço e lanche da tarde), viabilizada com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e orçamento próprio da unidade. “A suspensão das aulas presenciais pode estar agravando a situação de famílias que já viviam em contexto de vulnerabilidade e com dificuldade de efetivar esse direito humano à alimentação adequada por meio da renda familiar”, explica Ingrid. Por isso, a Escola está distribuindo, mensalmente, cerca de 450 kits de alimentação para os estudantes da Educação Básica – Cursos Técnicos de Nível Médio em Saúde (CTNMS) e Educação de Jovens e Adultos. A iniciativa atende à Lei nº13.987, de 7 de abril de 2020, que autorizou, em caráter excepcional, durante o período de suspensão das aulas, a distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos da Fiocruz e do PNAE.
Embora não haja previsão para retorno das atividades presenciais, que, por decisão institucional, só serão retomadas em condições de segurança sanitária para estudantes e trabalhadores, a Escola Politécnica construiu e aprovou coletivamente um Plano de Contingência e Biossegurança para o retorno às atividades de ensino na EPSJV no contexto da Covid-19. O documento traz normas e diretrizes para a retomada das aulas em segurança, seguindo todas essas orientações das entidades sanitárias, como aferição da temperatura corporal na entrada da instituição, medidas de distanciamento social, uso obrigatório de máscara facial, limpeza e desinfecção dos espaços físicos e materiais diariamente, dentre outras.

Com objetivo de criar espaços mais amplos para o desenvolvimento de atividades educacionais, a Escola também está realizando a expansão do espaço de convivência Luiz Fernando, localizado no pátio circular do Politécnico. Com tendas e ao ar livre, a ideia é que sirva não só para aulas externas, mas também para eventos da Fiocruz como um todo no pós-pandemia.

Papel social das instituições públicas: conhecimento e solidariedade no enfrentamento à pandemia

Uma linha de ação a que a EPSJV se dedicou ao longo de toda a pandemia foi a produção de materiais de apoio aos profissionais de saúde. A cartilha ‘Orientações para Cuidadores Domiciliares de Pessoa Idosa na Epidemia do Coronavírus – Covid 19’ traz informações básicas sobre o cuidado com os idosos no contexto pandêmico, visando prevenir o contágio e promover a biossegurança no cotidiano desse trabalho, além de minimizar os danos causados pelo isolamento social prolongado para a saúde desse segmento populacional. Segundo o professor-pesquisador da EPSJV, Daniel Groisman, que coordenou a publicação, a cartilha também visa preencher uma lacuna, tendo em vista que há pouco material disponível sobre o cuidado domiciliar com os idosos. Mais recentemente, a cartilha também foi traduzida para uma versão em espanhol.

Voltado, principalmente, aos trabalhadores da Educação Popular em Saúde, a Escola produziu também o folheto ‘O que mais podemos saber sobre o novo coronavírus e a Covid-19?’. Segundo Vera Joana Bornstein, que coordenou a publicação, o material busca orientar os agentes de saúde no trabalho educativo com a população, principalmente nas questões relacionadas à transmissão, busca ativa de casos suspeitos e identificação e acompanhamento de pessoas com agravos.

Outro material produzido pela EPSJV é a ‘Ferramenta de bolso para agentes de saúde e cuidadores na ativa em defesa da vida na epidemia Covid-19’, voltada para trabalhadores da saúde que estão diretamente na luta contra o coronavírus. Segundo Nina Soalheiro, coordenadora da iniciativa, o conteúdo foi construído em conjunto com alunos do curso técnico de Agente Comunitário de Saúde e ex-alunos do Curso de Qualificação Profissional em Saúde Mental da EPSJV. Para ela, a ferramenta busca ser um instrumento de defesa, proteção, autocuidado e de orientação sobre como os profissionais podem buscar apoio e ajuda.

Para dar apoio à atuação dos ACS, a Escola Politécnica, em parceria com a Superintendência de Atenção Primária à Saúde do Rio de Janeiro (SAPS/SGAIS/SES-RJ), organizou também a cartilha ‘Orientações para Agentes Comunitários de Saúde no enfrentamento à Covid-19’. Segundo Márcia Valéria Morosini, que fez parte da equipe que elaborou a cartilha,essa iniciativa se justifica pelo fato de o ACS ser um trabalhador que atua na linha de frente na atenção à saúde nos mais diferentes territórios, com desiguais condições de vida e saúde. A Escola foi responsável pela revisão da primeira versão do material e a inclusão de observações gerais e sugestões específicas quanto à forma e ao conteúdo do material.

Além de tudo isso, desde 27 de março, a Escola transformou 18 salas e outras instalações em alojamento temporário para 150 operários que construíram o Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 – Instituto Nacional de Infectologia, no campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro (RJ). Para a adequação do espaço às questões de segurança, contou com o acompanhamento do Núcleo de Saúde do Trabalhador da Coordenação de Saúde do Trabalhador (Nust/CST) da Fiocruz.

Mais recentemente, no momento em que os governos e a sociedade começam a discutir as condições necessárias para uma futura reabertura das escolas ainda antes da descoberta de uma vacina, a Escola Politécnica elaborou também o Manual sobre biossegurança no contexto da Covid-19 para orientar esse processo. O documento tem o objetivo de disponibilizar informações facilmente acessíveis para escolas públicas, destacando a comunicação sobre os mecanismos de transmissão do vírus e a implementação de boas práticas que possam contribuir para a promoção da saúde e a prevenção dessa doença nas escolas. “Poderá contribuir, portanto, para a tomada de decisão em instituições de ensino pela gestão, pelos trabalhadores e pela comunidade”, diz a introdução do texto. O manual está organizado em quatro partes: Sobre a Covid-19; Sobre a organização geral da escola para atividades de ensino presenciais; Recomendações gerais para o deslocamento; e Sugestões para a saúde do trabalhador.

A diretora da Escola, Anakeila Stauffer, destaca que a EPSJV recebe, atualmente, muitos questionamentos de outras instituições públicas de ensino do Rio de Janeiro sobre quais seriam as soluções mais coerentes para as atividades escolares no contexto da pandemia. Para respondê-los, a Escola Politécnica tem fomentado a criação de um fórum permanente das escolas públicas do Rio de Janeiro e está contribuindo na organização e nas ações do ‘Fórum de Articulação Educação Básica e Universidade na Baixada Fluminense do RJ: pelo direito à vida e defesa da ciência, lançado no dia 03 de julho em parceria com a Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/Uerj).


Informação e comunicação no combate à pandemia

A produção e disponibilização de informações sobre o cenário atual nos mais diversos formatos foi uma das áreas de atuação que a EPSJV mais se dedicou nesse período. Desde os primeiros sinais da crise sanitária por aqui, toda a produção jornalística da instituição foi redirecionada para pautar a pandemia, o que resultou em um amplo volume de reportagens, vídeos e podcasts produzidos para o Portal EPSJV/Fiocruz e duas edições da Revista Poli – saúde, educação e trabalho exclusivamente sobre o tema. O periódico científico da Escola, a revista Trabalho, Educação e Saúde, também lançou uma seção chamada ‘Notas de Conjuntura’, com textos de autores convidados abordando temáticas relacionadas à pandemia.

Além disso, vários espaços e ferramentas novas foram lançadas. No Portal EPSJV/Fiocruz, foi criada uma área chamada ‘O SUS em Ação: Agentes de Saúde em tempos de coronavírus’ para a divulgação de conteúdos específicos no formato de áudio, vídeo, texto e material didático com foco em agentes de saúde de todo o país. Nesse público, foram incluídos os agentes comunitários em saúde (ACS), agentes de combate a endemias (ACE), agentes de vigilância em saúde (AVS), agentes indígenas de saúde (AIS), agentes indígenas de saneamento (AISAN) e Educadores Populares em Saúde.

Em outra área do site, o leitor encontra links confiáveis e atualizados sobre o número de casos, óbitos e a organização da rede de atenção à saúde. Há ainda uma parte reservada para o projeto ProvocAção, que reúne materiais sobre ciência, iniciação científica e Covid-19, com o objetivo de promover um canal de afeto com os estudantes do Programa de Vocação Científica (Provoc) da Fiocruz durante o isolamento social, além de manter vivo o diálogo sobre o campo da formação científica.

Os professores da Educação de Jovens e Adultos de Manguinhos criaram o projeto ‘Comunicast’, com o objetivo de discutir temas pertinentes para a comunidade em um formato dinâmico por meio dos podcasts. As redes sociais contam ainda com o projeto ‘Respiro Poético’, criado para socializar diversas formas de produção de poesia e construir canais de diálogos entre estudantes e trabalhadores.

As redes sociais da Escola Politécnica têm tido um papel estratégico no enfrentamento da Covid-19, não somente na disseminação de informações, mas também como um elo para manter o contato entre alunos, professores e outros trabalhadores. “Criamos um cronograma variado de lives e playlists no Youtube, por exemplo. Intensificamos os conteúdos enviados por nossas listas e também ampliamos o diálogo e a participação ativa de todos os trabalhadores, alunos e do público externo. Com isso, reduzimos, de certa forma, a distância, e proporcionamos além de informação, momentos de trocas de experiências”, destaca Ana Paula Evangelista, jornalista responsável pelas mídias sociais da Escola. Até o fechamento dessa revista, já foram realizadas mais de 40 lives, com a participação ativa de professores e trabalhadores em geral, e 42 podcasts.

O aumento da procura às redes sociais da EPSJV/Fiocruz é um termômetro importante dessa atuação: de março até o fim dessa edição, o Twitter tinha saltado de 2.283 seguidores para 2.726; o Instagram de 3.400 para 8752; o Facebook, de 11.399 para 12.579; o Youtube de 145 para 1.410; além do SoundCloud que foi de 361 seguidores para 5.866.


Cooperação técnica e produção de conhecimento

E o trabalho continua. Já como parte da celebração dos seus 35 anos, a EPSJV promoveu, nesse período, o seu primeiro colóquio on-line para discutir ‘Os “novos-velhos” projetos de políticas públicas para a educação da classe trabalhadora’.

A Escola também criou o Centro de Estudos da Pós-graduação em Educação Profissional em Saúde (Cepeps/EPSJV), com o objetivo de promover, por meio de encontros virtuais mensais, o intercâmbio de ideias e a reflexão coletiva de temas sobre os diversos aspectos envolvidos na produção da vida na contemporaneidade. O primeiro evento contou com a participação da escritora e psicanalista Maria Rita Kehl, que fez uma reflexão sobre experiências, afetos e possibilidades de reinvenção da vida diante da pandemia.

A cooperação internacional também avançou. A Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (RETS), cuja Secretaria Executiva está sediada na EPSJV, realizou sua primeira reunião virtual com a participação dos países membros da América Latina. O objetivo principal foi discutir o papel dos técnicos em saúde em tempos de pandemia. Para isso, representantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Paraguai, Peru, Portugal e Uruguai apresentaram um panorama das estratégias nacionais dos sistemas de saúde e da formação dos técnicos e tecnólogos em saúde. Em julho, a RETS também promoveu o seminário internacional ‘Saúde Coletiva e Pandemia’, organizado por 16 instituições e movimentos sociais da Argentina, Brasil, Colômbia, El Salvador, Equador, além da Universidade de Berkele, nos Estados Unidos. O evento buscou construir uma rede de troca de informações e de atuação conjunta frente à pandemia. Já está previsto para agosto o 1º Colóquio Virtual Latino-Americano de Educação Interprofissional e a formação de Técnicos em Saúde, também com o objetivo de compartilhar iniciativas, experiências e conhecimentos.

A produção de conhecimento e de serviços que ajudem a sociedade a enfrentar a pandemia também não parou. Pesquisadores da EPSJV tiveram oito projetos aprovados em editais do Programa Fiocruz de Fomento à Inovação.  Os estudos englobam temas como trabalho e saúde de cuidadores de pessoas idosas; mortalidade de trabalhadores da saúde; desafios e possibilidades de atuação dos Agentes de Combate à Endemias; promoção da saúde e redes de afeto; risco de incidência e mortalidade no município do Rio de Janeiro; associação entre taxa de infecção por Covid-19 e poluição do ar; e investigação e apoio aos trabalhadores de saúde na pandemia.

Elaborados muito antes do surgimento da pandemia, cinco livros da Escola ficaram prontos nesse momento de isolamento social: ‘Formação crítica de professores da área da Saúde: uma experiência de cooperação entre Brasil e Uruguai’, ‘Uma experiência de qualificação de trabalhadores do SUS: diagnóstico da Gestão de Documentos e Informações em Saúde no Piauí’, ‘Educação em saúde: material didático para formação técnica de agentes comunitários de saúde’, ‘Saberes da experiência: sistematização do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde’ e ‘Informações e registros em saúde e seus usos no SUS’. Os quatro primeiros já estão disponíveis na íntegra no Portal EPSJV/Fiocruz. Neste momento, a Escola está organizando um outro livro, que será publicado primeiro no formato digital, com artigos  que, a partir dos mais diversos temas, buscam refletir sobre as contradições entre capital e trabalho, entre privado e público, entre interesses particulares e universais evidenciadas ou agravadas pela pandemia.