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EPSJV promove mostra “O Caderno da/o ACS: forma de registro e produção de saúde”

Atividade reuniu agentes comunitários de saúde de diferentes municípios do estado do Rio de Janeiro, outros profissionais de saúde e docentes e pesquisadores da Escola Politécnica e de outras unidades da Fiocruz
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 16/12/2021 12h53 - Atualizado em 01/07/2022 09h40

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) promoveu, no dia 11 de dezembro, a mostra “O Caderno da/o ACS: forma de registro e produção de saúde”. A atividade contou com 20 participantes, entre eles, agentes comunitários de saúde de diferentes municípios do estado do Rio de Janeiro, outros profissionais de saúde e docentes e pesquisadores da EPSJV e de outras unidades da Fiocruz. Além da mostra fotográfica presencial, o evento contou ainda com uma roda de conversa e uma oficina. Posteriormente, uma exposição virtual sobre o tema será publicizada nas redes sociais da EPSJV. “Com isso, queremos potencializar e qualificar, de forma crítica, a discussão sobre a temática das informações e registros em saúde no processo de trabalho dos ACS”, destacou a professora-pesquisadora da Escola Politécnica, Bianca Leandro, uma das organizadoras do evento.

A mostra recebeu mais de 60 inscrições de diversos estados do Brasil, sendo selecionadas 52 fotografias para a exposição virtual e 21 para a exposição física. “Recebemos fotografias de agentes das cinco regiões do Brasil, mostrando a sua relação com os seus cadernos. Seja o caderno-papel, o caderno tablet, smartphone ou o caderno feito pelo computador. Reunimos todas essas expressões como um meio de dar visibilidade às singularidades identificadas”, contou Bianca.

Segundo a professora-pesquisadora, o objetivo da iniciativa foi criar um espaço de exposição e compartilhamento do caderno do ACS enquanto um instrumento de trabalho, uma forma de produção de saúde e um lugar de memória, já que esses profissionais de saúde produzem e utilizam informações no cotidiano de seu trabalho. “Os ACS são protagonistas na produção de registros e informações em saúde, seja por meio do contato com os usuários na unidade básica, nos domicílios, no território ou nos encontros com movimentos populares. Essas informações são fundamentais para a orientação do seu trabalho e de toda a equipe, pois possibilitam a organização das ações em saúde no nível local”, apontou.

A roda de conversa contou com participação da professora Alba Medeiros, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (ISC/UFMT). A mostra, segundo ela, serviu para reforçar a importância e dar a visibilidade que não é dada ao caderno de trabalho dos ACS. "É algo que eles usam por conta própria, no dia a dia, cada um de seu jeito. E isso nunca foi valorizado pelas equipes para uma leitura que vai além dos cadernos”, ressaltou. E completou: “Essa poderia ser uma estratégia a ser implementada nas unidades de saúde. Que se crie um espaço de escuta e diálogo e que esses cadernos sejam aproveitados como deveriam ser”, disse Alba.

Na prática

Para a ACS do município de Nova Iguaçu, Ana Iara Valeriano, participar da mostra foi uma valorização de um instrumento de trabalho pouco conhecido para outras categorias profissionais. Segundo ela, muitos ACS utilizam o caderno no processo de trabalho, mas talvez não tenham percebido a importância dele. “As formas de utilização do caderno demonstradas pelos profissionais presentes reforçam o quanto esse recurso tem sido potente no processo de trabalho. A individualidade no manuseio e organização da ferramenta merecem total destaque pelo fato de concentrar em um só espaço informações detalhadas de cada pessoa assistida”, explicou. 

Na visão da ACS, a mostra permitiu que o partilhar e as experiências exitosas tivessem centralidade no discurso. “Indo contra o contexto que é vivenciado por tantos profissionais da categoria, que por questões histórico-políticas tem pouco ou nenhum espaço para dialogar e expressar a produtividade e a criatividade que desenvolvem no fazer diário”, acrescentou Ana Iara.

O ACS do município de Itaboraí, Valmir Gomes, corroborou: “Quando o sistema de saúde não fornece a devida ferramenta para trabalharmos, a própria prática faz com que criemos alternativas para coletar o máximo de informação das pessoas, das famílias e do território. Isso enriquece muito o trabalho em equipe quando todos se debruçam nesse produto”.

Para Bianca, no caderno, as informações registradas possibilitam a produção de sentidos para as ações do cotidiano. “Por meio de suas anotações, os ACS podem contribuir para extrapolar o viés biomédico tradicional.  Anotam elementos percebidos por eles mesmos ou informados pelos ’cadastrados’ ou pelas famílias acompanhadas”, afirmou, contrapondo: “Embora, do ponto de vista institucional, os cadernos possam ser considerados registros ’informais’, é por meio do seu uso que a informação em saúde é qualificada”.

A mostra fotográfica virtual está sendo realizada por meio do Instagram do evento (@mostracadernoacs), o Instagram da EPSJV (@epsjv_fiocruz) e um vídeo síntese das fotografias publicado no canal do Youtube da EPSJV.