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EPSJV recebe 26ª Reunião Anual de Iniciação Científica

Raic reuniu apresentações orais de cinco trabalhos de bolsistas de graduação e uma sessão de painéis dos alunos do 4º ano do Ensino Médio da EPSJV
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 14/06/2018 10h34 - Atualizado em 01/07/2022 09h45

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) realizou, no dia 8 de junho, a etapa da unidade da 26ª Reunião Anual de Iniciação Científica (Raic) da Fiocruz, que reúne trabalhos de iniciação científica de alunos do Ensino Médio e da graduação. Na parte da manhã, foram feitas as apresentações orais de cinco trabalhos de bolsistas de graduação. À tarde, foi realizada a sessão de painéis com 50 trabalhos dos alunos do 4º ano do Ensino Médio da EPSJV, que são bolsistas da Escola Politécnica ou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic/CNPq). A Raic tem como objetivo avaliar o desempenho dos bolsistas através da exposição e discussão dos trabalhos de iniciação científica, que são avaliados por pesquisadores da Fiocruz.

Os trabalhos de graduação foram avaliados pelas pesquisadoras da EPSJV Marcela Pronko e Márcia Lopes e pela enfermeira do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG/Unirio) e professora da Universidade Iguaçu (Unig), Andrea Ayres. Orientanda da professora-pesquisadora da EPSJV Alda Lacerda, a estudante de Sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Brígida Nogueira, apresentou o projeto ‘A constituição de redes sociais dos usuários de Crack em situação de rua no território de Manguinhos e adjacências’, que explica de que forma os usuários de Crack constroem novos vínculos na rua. Pelo projeto, Brígida foi indicada ao prêmio de Destaque de Iniciação Científica do CNPq – Edição 2017. A cerimônia de entrega do prêmio será realizada durante a 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em julho de 2018.

“Grande parte dessas pessoas está na rua porque rompeu com vínculos importantes. Diferente do que vemos no senso comum, de que pessoas vão para a rua porque tem problemas com o uso abusivo da droga, a maioria está lá por rupturas de algum vínculo forte que fez com que elas saíssem de um núcleo familiar. E por já estarem na rua passam a utilizar algum tipo de droga”, explicou Brígida, acrescentando que é necessário o questionamento acerca da forma como novos vínculos são estabelecidos nas ruas. Como exemplo, ela citou o Consultório de Rua, uma estratégia de intervenção do Ministério da Saúde nos territórios para ampliar o acesso aos serviços públicos de saúde para essa população, que muitas vezes não é atendida em unidades de saúde por não ter documentos, endereço ou até mesmo por estigma. “Muitos dos usuários passam a construir vínculos com os profissionais desse consultório”, contou.

Na apresentação, Brígida lembrou a importância do papel do Estado, que deve ser garantidor de direitos, e levantou a necessidade de dar visibilidade a essa questão, porque, segundo ela, a população em situação de rua e usuária de Crack é invisível. Brígida ressaltou que participar da pesquisa na EPSJV, durante três anos, foi essencial para descobrir o que realmente queria discutir na vida acadêmica e profissional. “Foi a partir daí que eu pude dizer: quero discutir políticas públicas, focadas em usuários de Crack em situação de rua na perspectiva da saúde”. A minha pesquisa teve total influência sobre o tema da monografia da faculdade, que aborda a questão das mulheres usuárias de Crack”, disse ela.

Outro trabalho apresentado na Raic foi o da graduanda de Sociologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Bruna Navarone, que apresentou a pesquisa ‘A emoção dos orientandos do Programa de Vocação Científica (Provoc) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)’, sob orientação das professoras-pesquisadoras da EPSJV, Isabela Cabral e Cristiane Nogueira. Segundo a estudante, o objetivo do trabalho foi compreender como as emoções são vivenciadas por esses alunos nas suas vivências acadêmicas e profissionais, além de identificar se e como essas emoções norteiam escolhas acadêmicas e  profissionais.

Através de relatos de alunos egressos, Bruna identificou que os alunos expressam uma busca pela satisfação pessoal em suas escolhas. E a partir disso, Bruna considerou que o ensino da Sociologia pode contribuir para melhor informar os alunos do Provoc e do Ensino Médio sobre suas escolhas acadêmicas e profissionais. “Acredito que o ensino de Sociologia pode contribuir para desnaturalizar e problematizar esses fenômenos ao abordar em sala de aula as emoções, gênero e suas implicações no conhecimento sobre áreas e nas escolhas acadêmicas e profissionais”, destacou.

Para Bruna, o trabalho em grupo com os profissionais da EPSJV tem permitido que ela aprimore o desenvolvimento do estudo. “Temos nos reunido cada vez mais para discussões de textos importantes sobre as temáticas e isso tem sido muito proveitoso para fomentar reflexões e ideias, contribuir com o nosso objetivo de análise das emoções e aprimorar os rumos de nossas atividades de pesquisa em conjunto”, contou.

Sessão de painéis

Na sessão de painéis, os alunos do 4º ano do Ensino Médio da EPSJV apresentam o andamento de suas  monografias, trabalhos de conclusão de curso apresentados pelos alunos da Escola e que são resultado do Projeto Trabalho, Ciência e Cultura (PTCC), um programa de Iniciação Científica desenvolvido com os alunos dos cursos de Educação Profissional de Nível Técnico em Saúde da Escola Politécnica, a partir de uma concepção de educação pela pesquisa. “A Escola tem a especificidade de formar  o aluno pensando a pesquisa. O PTCC não busca fazer do aluno um pesquisador, mas sim, formá-lo como um indivíduo que pensa e que aprende a buscar a partir de suas próprias curiosidades, já que eles podem escolher o tema de seus projetos”, explica Flávia Coelho, professora-pesquisadora e uma das coordenadoras do PTCC da Escola Politécnica, ao lado dos também professores-pesquisadores Augusto César Rosito e Letícia Batista.

Os painéis apresentados pelos estudantes da EPSJV na 26ª Raic trataram de temas variados como mulheres no mercado de trabalho, gestão em saúde, religião, gênero e sexualidade, entre outros. Um dos trabalhos era de Beatriz Soares, aluna do 4º ano do Ensino Médio, da habilitação de Análises Clínicas, que apresentou o pôster com o tema ‘Usos e abusos das tecnologias portáteis: Estamos diante de uma nova epidemia?’. O trabalho discutiu o conceito de nomofobia – fobia causada pelo desconforto ou angústia resultante da incapacidade de acesso à comunicação através de celular ou computador –, e refletiu sobre os impactos do acesso a novas tecnologias na saúde das pessoas. Ela considera que o PTCC é uma experiência essencial na formação dos alunos da Escola Politécnica. “O projeto me proporcionou maturidade e profissionalismo para a minha trajetória na vida acadêmica. Por ser um trabalho apresentado com o valor de conclusão de curso, pude aprender muito com as pesquisas, além de me ajudar na elaboração de redação de concursos públicos, a ser mais organizada, a respeitar os prazos de entrega e de orientação”, destacou.

Ex-alunas do Provoc são premiadas na Raic

A ex-aluna do Colégio Pedro II e do Provoc e graduanda de Direito na Uerj, Larissa Brandão recebeu, dia 12 de junho, o prêmio Adauto Araújo, oferecido pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz). O projeto da jovem – ‘Internet, informação e empoderamento: um estudo sobre as práticas de advocacy no Facebook’, orientado pelo pesquisador da Ensp, André Pereira Neto – foi selecionado como uma das melhores apresentações da Raic na Ensp. O trabalho de Larissa analisou as práticas de Advocacy (prática que tem o objetivo de influenciar a formulação de políticas públicas) em um grupo do Facebook formado por tuberculosos, cuidadores e interessados para verificar se ele se configura enquanto ambiente no qual pessoas se articulam em torno de seus interesses e direitos enquanto pacientes e cidadãos. “O prêmio é muito importante mim como superação de vida, pois mostra que não é em vão toda a minha luta como garota pobre e moradora de favela. Eu acredito que o estudo é a principal forma de lutar contra o sistema que, por muitas vezes, se faz cego às demandas da população, disse Larissa.

O Prêmio Adauto Araújo está em sua segunda edição e é uma proposta de incentivo aos cientistas do futuro.

Graduanda de Farmácia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Aryella Maryah Correa, ex- aluna do Colégio Pedro II e também do Provoc, foi premiada com menção honrosa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) pelo projeto ‘Efeito dos compostos N- metil - N- acilhidrazônicos sobre o enfisema induzido por elastase em camundongos: estabelecimento de um modelo experimental’.