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Escola promove curso de especialização em Educação e Agroecologia em parceria com MST

De 22 de julho a 3 de agosto acontece a 2ª etapa do curso, que irá formar 46 professores do sul da Bahia
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 24/07/2019 12h55 - Atualizado em 01/07/2022 09h43

Teve início no dia 22 de julho a segunda etapa do curso de especialização lato sensu em Educação e Agroecologia, promovido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Iniciadas em janeiro de 2019, as aulas acontecem na Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, no município de Prado, na Bahia. Com o objetivo de contribuir para a consolidação do conhecimento e das práticas de agroecologia no baixo e extremo Sul do estado, o curso irá formar 46 profissionais da educação básica que atuam nas escolas do campo da região.

Segundo a professora-pesquisadora da EPSJV/Fiocruz Marcela Pronko, que coordena o curso com o também professor-pesquisador Alexandre Pessoa, a pós-graduação contribuirá para o fortalecimento de uma escola pública comprometida com o desenvolvimento das populações que residem nas áreas de reforma agrária. “A agroecologia é um componente que foi incorporado ao currículo de algumas escolas da região a partir de uma luta dos educadores do campo para pensar em outras formas de relação entre homem e sociedade. A implementação desse processo nas escolas passa agora por um processo de reflexão que os próprios educadores estão fazendo no curso”, destaca. Para a coordenadora, a importância do curso se revela pelo caráter pioneiro de incorporar a agroecologia nos currículos das escolas do campo e de repensar a finalidade da escola no atual contexto.

Com carga horária de 488 horas, o curso é dividido em quatro etapas de 'tempo-escola', que envolvem aulas, apresentação dos trabalhos, debates e seminários temáticos com a turma; e três etapas de 'tempo-comunidade', quando os educandos desenvolvem suas atividades de pesquisa e extensão nas escolas, nos serviços de saúde e nos territórios aos quais pertencem.

Nesta segunda etapa, que vai até 3 de agosto, os estudantes problematizarão a relação trabalho-educação, as teorias e tendências pedagógicas e a prática docente nas escolas do campo. Para isso, os professores trabalharão temas como ‘trabalho e educação: perspectiva histórico-ontológica’; ‘politecnia e trabalho como princípio educativo’; e ‘educação do campo, trabalho, saúde e agroecologia', dentre outros.

Parceria com MST

As parcerias institucionais entre a EPSJV e os movimentos sociais do campo possuem longa trajetória. Em 2010, por exemplo, a Escola promoveu o 13º Encontro Estadual dos Sem Terrinha do Rio de Janeiro, com oficinas de formação política, momentos de lazer – como a visita ao Museu da Vida da Fiocruz –, espaços de integração com crianças da cidade, moradoras das favelas do entorno da Fiocruz, e ainda uma série de oficinas culturais, como de fotografia, vídeo, pintura, música e dança. Além disso, desde 2015, tem participado das Jornadas Universitárias em Defesa da Reforma Agrária, as Juras, que marcam a luta pela terra e pela democracia no país.

A cooperação também se materializa por meio de construções pedagógicas e de pesquisas, que têm como finalidade qualificar, em nível nacional, a educação em saúde do campo, em consonância com os princípios e as diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas, instituída no SUS no final de 2011.  Em 2017, a Escola publicou o livro ‘Curso Técnico em Meio Ambiente - Tramas e Tessituras’, dividido em cinco fascículos, que sistematiza a experiência, os dilemas e aprendizados do curso técnico em Meio Ambiente, realizado pela EPSJV em parceria com a Universidade Federal do Ceará, com a Universidade Federal da Fronteira do Sul e com o próprio MST, no Ceará e no Paraná. Em 2012, a parceria já tinha gerado outro livro, o Dicionário da Educação do Campo.

Cursos de especialização técnica (como o de ‘Políticas em Saúde’ e ‘Saúde Ambiental’) e até uma pós-graduação (em ‘Trabalho, Educação e Movimentos Sociais’) também ilustram essa parceria. Isso sem contar o ‘Dossiê Abrasco’, uma publicação que sistematiza estudos de um grande grupo de pesquisadores sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde.

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