Serviços 
O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

Evento da EPSJV/Fiocruz discute relações étnico-raciais na escola e no currículo

Objetivo do evento, que acontece dias 17 e 19 de outubro com mesas de debate, oficinas e programação cultural, é discutir e reivindicar o cumprimento das leis que tratam da inclusão de história e cultura Afro-Brasileira e Indígena no currículo
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 11/10/2017 09h09 - Atualizado em 01/07/2022 09h45

Potencializar os estudos, pesquisas e atividades escolares e extraescolares sobre as relações étnico-raciais: esse é o objetivo do Projeto Sankofa, que será lançado nos próximos dias 17 e 19 de outubro, num evento repleto de debates e ações culturais. Organizado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), como passo inicial para a construção de um Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) na Fundação Oswaldo Cruz, o encontro quer, através do debate coletivo, reivindicar a efetiva implantação das leis 10639/03 e 11.645/08 – que determinam a inclusão da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena no currículo oficial da rede de ensino. O intuito dessas legislações é valorizar a cultura das classes sociais afro-brasileiras e indígenas no Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola e na estrutura curricular, além de contribuir com a formação continuada dos professores e estudantes.

Segundo uma das organizadoras do evento, a professora-pesquisadora da EPSJV, Valéria Carvalho, o projeto Sankofa soma-se às várias ações, mobilizações e lutas históricas desenvolvidas no Brasil por diversos coletivos de educadores, estudantes e militantes dos movimentos negro e indígena, que visam avançar no processo da reeducação das relações étnico-raciais. “Na EPSJV/Fiocruz, o Sankofa tem o objetivo de contribuir para avançarmos na luta contra o racismo e na ruptura da opressão e do extermínio sistematizados de parte significativa da classe trabalhadora de nosso país”, afirma. Valéria destaca também a participação ativa de professores, trabalhadores e estudantes do Ensino Médio, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do Mestrado em Educação Profissional em Saúde da EPSJV na organização do evento. “Esse pode ser um ponto de partida para a transformação. A história dos negros foi massacrada durante todo o processo de formação do nosso país. O Sankofa é a nossa forma de expressar a resistência e a luta. Uma forma de não nos deixarmos silenciar mais e transformarmos esse espaço escolar para que alunos não-negros e não-indígenas possam desconstruir ideias que são passadas para nós desde que estamos inseridos na sociedade”, ressalta Patrícia Cardoso, aluna do 4º ano do curso técnico de Gerência em Saúde integrado ao Ensino Médio Da EPSJV/Fiocruz.

Para Daniele Saucedo, estudante do mestrado da EPSJV/Fiocruz, o projeto é fundamental para ajudar a construir um novo olhar sobre a trajetória de conhecimento e de luta na própria Escola: “O Poli é uma escola que se propõe a discutir as questões de classe. A Escola tem um processo histórico de luta e é um referencial em nível nacional. Por isso, o Sankofa propõe que, coletivamente, repensemos as bases epistemológicas do saber. É fundamental discutir raça, classe e gênero tendo em vista o projeto de uma sociedade brasileira igual, plural e sem dominação”.

A palavra ‘sakofa’ remete a um provérbio tradicional dos povos da África Ocidental. Pode ser traduzido pela ideia de que “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu”. Graficamente, é representado como um pássaro mítico que voa para frente, com a cabeça voltada para trás,carregando no seu bico um ovo, que representa o futuro. O desenho também é similar o traço de um coração.

Programação

‘A Descolonização do Currículo’ é o tema da mesa de debate que acontece no dia 17, às 9 horas, no Salão Térreo da Escola Nacional de Saúde Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), com a participação do professor de História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), José Roberto Rodrigues, do historiador Michael Junior Queiroz (Baré) e da professora em Artes Visuais na Secretaria de Educação do Município de Guapimirim, Rosiane Cardoso. O debate visa provocar reflexões em torno da temática, tendo como eixos principais a exposição sobre: a implantação das leis nos currículos escolares; os desafios da pesquisa e o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas e os desafios da pesquisa e o ensino de história e cultura indígena nas escolas. No mesmo dia, às 14 horas, na EPSJV, alunos da Escola irão apresentar trabalhos sobre questões étnico-raciais, desenvolvidos nas diversas disciplinas.

No dia 19, às 9h30, no Salão Térreo da ENSP, a mesa ‘Racismo, diversidade cultural e a produção do conhecimento científico tecnológico universal’, traz Luane Bento, mestre em Relações Etnicorracias pelo CEFET/RJ, e Arthur José Baptista, professor de História do Colégio Pedro II, em um debate sobre a compreensão de racismo estrutural/epistemológico e o menticídio, assim como, a mutilação provocada pelos mesmos no processo de construção do conhecimento cientifico e tecnológico universal. Às 14 horas, a EPSJV oferece diversas oficinas temáticas, como Dança Afro, Ervas Sagradas, Canto Negro, Cinema Negro, Racismo e Desenvolvimento Sustentável e Arte e Cultura Indígena, entre outras.

Com a participação de DJs e MCs, a noite cultural possibilitará o conhecimento do que grandes nomes da música produziram durante gerações, perpassando ritmos africanos, caribenhos e latino-africanos.

Serviço:
Telefone: (21) 3865-9796/9737
Assessora de imprensa: Talita Rodrigues
Site: www.epsjv.fiocruz.br
Evento no facebook: https://goo.gl/7RPJQK