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Novo modelo de formação técnica em Cuba

Diretor da Faculdade de Tecnologias de Saúde participou de roda de conversa, na EPSJV, para mostrar a experiência cubana de novo modelo de formação de técnicos
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 14/11/2018 10h20 - Atualizado em 01/07/2022 09h44

Em 2017, a Facultad de Tecnología de La Salud em Cuba (Fatesa) iniciou um processo, concluído recentemente, de revisão das carreiras e dos cursos técnicos superiores, que foram reduzidos de 17 para 14 carreiras. O processo de revisão incluiu um amplo estudo sobre as necessidades de técnicos em saúde para o sistema cubano e também buscou atender a demanda dos jovens cubanos de terem uma formação de nível superior mais rápida. Foi para contar essa experiência que o diretor da Fatesa, Antonio Rodrigues, participou de uma roda de conversa na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) no último dia 9 de novembro. “Os jovens necessitam ter uma formação em função de alguma atividade especifica, mas também precisam que essa formação seja em um período de tempo atrativo para que eles possam entrar no mercado de trabalho. A formação de ciclo curto é atrativa para os estudantes porque permite que se insiram rapidamente no mercado de trabalho e continuem seus estudos superiores”, disse o professor, acrescentando que o principal objetivo da reformulação era melhorar o ingresso na educação técnica e formar um profissional mais impactante para o sistema de saúde cubano.

As novas formações de ciclo curto têm um currículo mais flexível que as licenciaturas e, com a reformulação, passaram a integrar o itinerário formativo para que o estudante possa depois acessar a formação superior como licenciado. “Para passar do curso de curta duração para o licenciado, o estudante tem que solicitar, não precisa fazer um exame de acesso. O que será observado é o seu desempenho no curso técnico”, explicou Antonio. No Brasil, a formação superior de ciclo curto cubana seria o equivalente ao tecnólogo enquanto a licenciatura equivale à graduação brasileira. “O exame de ingresso sempre foi uma barreira para os estudantes Com a reformulação, eles passaram a poder acessar a licenciatura a partir da formação técnica”, observou o diretor, acrescentando que, apesar de em Cuba as duas formações serem de nível superior, os técnicos recebem um salário menor do que os licenciados, semelhante ao que acontece no Brasil, onde os profissionais técnicos, que são de nível médio, recebem menos do que os profissionais graduados.

Antônio destacou que a formação de ciclo curto oferece uma resposta mais imediata a algumas demandas locais de saúde pública. Além disso, a formação é feita de acordo com a necessidade de cada distrito cubano. “Se não faz falta formar em um determinado distrito, não se abre a especialidade lá, apenas onde precisa formar. É uma demanda qualificada, de acordo com as necessidades dos serviços de saúde de cada local”, detalhou o professor.

O diretor da Fatesa explicou que, após concluir a formação, os licenciados (que são formados em cinco anos) têm que prestar dois anos de serviço obrigatório na assistência, sem receber por isso, como retribuição à formação pública recebida, para depois começarem a ser remunerados. Nesse período, se o profissional já estiver trabalhando como técnico, ele receberá a remuneração de técnico e, só após os dois anos, passará a ser remunerado como licenciado. “Uma característica dessa modalidade de formação é permitir ao jovem trabalhador fazer a formação no horário da noite ou em algum outro horário alternativo, possibilitando que o jovem trabalhe enquanto realiza sua formação superior”, destacou.

O professor explicou ainda que a formação em saúde, em Cuba, é feita, muito próxima do serviço de assistência. Todas as clínicas de assistências e os hospitais cubanos são docentes e recebem os estudantes para a prática laboral. “O componente prático ficou maior para formar um profissional mais competente no ciclo curto. Os técnicos anteriores não tinham tanta prática profissional. Hoje, os estudantes ficam na clínica fazendo função assistencial durante todo o último semestre do último ano da especialidade”, disse Antônio, acrescentando que para pensar os novos currículos, foram observados não apenas o contexto atual, mas também o cenário futuro, principalmente se esse técnico não fizer a licenciatura depois. “Queremos formar um estudante integral. Ele tem que ser bom na técnica, mas também politicamente, e ser multissetorial, fazendo diversas atividades”, concluiu.