Serviços 
O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

Pedagogia socialista e a Revolução Russa

Roseli Caldart falou sobre o tema no evento promovido pela EPSJV para marcar os cem anos da revolução
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 21/11/2017 13h03 - Atualizado em 01/07/2022 09h45

Na mesa ‘Revolução Russa e a construção da pedagogia socialista’, a assessora pedagógica do Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra), Roseli Caldart, apresentou fotos das chamadas escolas-comunas – cuja finalidade era executar, coletivamente e na prática, a nova escola socialista,  em face das próprias dificuldades que a realidade educacional impunha à ação docente. A partir dessas fotos, Roseli destacou que um dos grandes legados da Revolução Russa foi como a sociedade russa pensou a questão da educação. “Uma das maiores medidas da construção do sistema educacional foi juntar no mesmo espaço meninos e meninas”, ressaltou.

Segundo Roseli, o que os russos fizeram na época demarcou a compreensão da expressão ‘Pedagogia Socialista’ que, para ela, é um tipo de pedagogia que se coloca na direção de construir processos de transformação. “Os russos estudaram o que havia de mais avançado no mundo em relação à educação e à escola para colocá-la em sintonia em relação às transformações do mundo em geral, do mundo capitalista, pois perceberam que estavam atrasados com relação à própria sociedade capitalista”. Para ela, o grande pilar da construção do sistema educacional da Revolução Russa é o seu objetivo de formar trabalhadores e trabalhadoras, novas gerações para assumir o comando. “Não é para obedecer alguém, é para assumir o comando coletivamente”, ressaltou a pesquisadora, acrescentando que se é preciso educar as novas gerações para assumir o comando, pode-se exercitar o processo de participação na escola: “Mas exercitar é efetivamente colocar os estudantes para ajudar a produzir uma escola de forma auto-organizada. Os estudantes precisam ter o seu próprio espaço de gestão”.

Segundo dia

No dia 9 de novembro, foi exibido o filme ‘Anna dos 6 aos 18’, um documentário em que o diretor russo Nikita Mickhalkov confronta o fim da União Soviética à infância e adolescência de sua filha Anna. É através da narrativa que a menina constrói que Mickhalkov desenvolve a história da ex-União Soviética e, em cima disso, critica, lamenta e participa do desenrolar da história da sua "grande e infortunada terra natal", como define. Em seguida, os alunos participaram de um debate sobre o filme com o professor-pesquisador da EPSJV, José Victor Regadas Luiz.

No turno da noite, os professores-pesquisadores da EPSJV Márcio Rolo, Verônica Soares e Paula Cerruti debateram sobre a arte no contexto da Revolução Russa com estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), a partir de cartazes de propagandas russas. “Não houve até hoje na história nada que se comparasse ao que foi essa revolução. Daí o nosso interesse em estudar permanentemente isso que aconteceu ali. Numa situação de opressão social extrema, a sociedade russa resolveu colocar um fim à opressão política, econômica e social que eles vinham sofrendo há séculos e por conta de uma monarquia absolutista. A grandeza da revolução é que o povo não ficou somente na indignação”, destacou Márcio.

Segundo Paula, na União Soviética, começou a existir um movimento de agitação e propaganda como ferramenta para divulgação do movimento revolucionário. “Foi o momento de difusão de ideias. A agitação estava em todas as grandes mobilizações, como peças de teatro e esquetes nos espaços de trabalho ou grandes aglomerações. E as propagandas eram os cartazes, criados com o intuito de fazer revelações políticas e criar palavras de ordem para unir a sociedade em prol de uma causa”, explicou.