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Professores-pesquisadores da EPSJV apresentam resultados preliminares dos projetos aprovados no Inova Fiocruz

Projetos sobre gestão do conhecimento e prospecção para arboviroses e implantação do e-SUS AB em Piraí foram selecionados para mostrar os resultados do primeiro ano de execução durante o 1º Simpósio do programa
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 30/09/2020 09h38 - Atualizado em 01/07/2022 09h42

Dois professores-pesquisadores da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) apresentaram na última semana os resultados preliminares de seus projetos aprovados no Programa Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz, durante o 1º Simpósio de mesmo nome. Durante o evento, que teve a duração de oito dias em setembro, foram expostos cerca de 20 projetos que estão sendo executados há um ano e que foram selecionados como os mais bem avaliados e estratégicos para a Fiocruz. Os vídeos do evento estão disponíveis na íntegra no Youtube.

No Simpósio, a diretora da EPSJV, Anakeila de Barros Stauffer, contou que, ao todo, a Escola possui 19 projetos aprovados em editais do Inova, com a coordenação de 14 professores-pesquisadores do Politécnico. Anakeila ressaltou a importância do Inova, que, segundo ela, demonstra a potencialidade do trabalho da Fiocruz. “O programa representa uma estratégia necessária para pensarmos em inovação da gestão em pesquisa em momentos em que temos um desfinanciamento dessa área no Brasil, que coloca em risco o futuro da nossa nação e a autonomia de responder aos problemas em saúde”, afirmou.

Ela destacou que os projetos da EPSJV têm focos diferenciados, que vão desde ações estratégicas para a melhoria de qualidade do atendimento do SUS, passando por áreas de gestão da saúde e distintas esferas administrativas e programas de saúde, culminando em ações de caráter educacional voltadas, principalmente, para o aprimoramento e capacitação de trabalhadores do SUS. “Temos dentre os projetos propostas de implantação de centro colaboradores da análise de situação de saúde, que buscam fortalecer a gestão do SUS, possibilitando monitoramento de indicadores na atenção primária em saúde, na vigilância e na área de registros e informações em saúde; além de pesquisas com foco em saúde do trabalhador, na promoção da saúde e redes de afeto e no impacto do mercúrio na saúde indígena”, destacou.

Projetos apresentados

No dia 21 de setembro, o professor-pesquisador da EPSJV, Marcio Sacramento, apresentou os primeiros resultados do projeto “Gestão do conhecimento e prospecção científica para Vigilância em Saúde com ênfase na prevenção das arboviroses”. Segundo Marcio, o estudo busca desenvolver um modelo de gestão do conhecimento e das inovações científica e tecnológica que abrangem a área de Vigilância em Saúde para arboviroses, como zika, febre amarela, dengue e chikungunya. O pesquisador destacou que “o projeto busca mapear tendências científico-tecnológicas das inovações e dos conhecimentos produzidos na área da Vigilância em Saúde, fornecendo uma visão mais holística do perfil da Ciência na prevenção das arboviroses, assim como suas relações com as demais questões das doenças correlatas”.

O projeto pretende elaborar mapas dimensionais de redes de cooperações entre instituições, construir cenários possíveis e prováveis que poderão servir de instrumento de suporte à tomada de decisões políticas e de investimentos de impacto em médio e longo prazo.

Baseado em estudos, Marcio apontou que nos Estados Unidos 53,70% das produções científicas são na área de saúde e isso se reflete nos registros de patentes nos quais 20,70% encontram-se na área da saúde. Ou seja, grande parte do conhecimento científico se reverbera em novos produtos e tecnologias. Ele destaca ainda que o Brasil não necessariamente segue esse padrão, pois, apesar de termos grande produção científica, em torno de 46% dos artigos científicos são da área da saúde, apenas 7% se convertem em patentes. “No período de 2008 a 2018, entretanto, temos uma mudança significativa nesse perfil para o tema relacionado a  Zika, pois, cerca de 19% de produção científica se convertendo em documentos de patentes. O Brasil corresponde ao terceiro país com  maior número de famílias de patentes no tema Zika, ficando atrás somente dos Estados Unidos e China, destacando que é o único país da América Latina a registrar patentes nesta temática. Ainda, quanto a produção científica relacionada a Zika, o país ocupa a 2ª posição no ranking global, com 18,73%,  atrás dos Estados Unidos com 48,61% da produção de conhecimentos”, explicou.

Marcio destacou, por fim, que a Fiocruz tem um importante papel neste cenário, pois é a instituição que mais produz conhecimento nesse tema, seguida pelos: Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), Universidade de São Paulo (USP) e o instituto francês Pasteur, respectivamente.

“Em relação à produção de inovação nesse tema, a Fiocruz tem destaque no cenário brasileiro, com o desenvolvimento de uma vacina para Zika coordenada pelo Instituto Evandro Chagas. Além disso, cabe destacar a participação da Fiocruz como organização de perfil inovador, pois, desde 2015 até a presente data, a instituição possui 40 famílias de patentes ativas, sendo possível identificar, devido ao tempo de 18 meses de sigilo, 04 famílias de patentes relacionadas ao tema do projeto”, apontou.

Para os próximos passos, o pesquisador adiantou que no momento a equipe do projeto está identificando novas tecnologias que possam ser absorvidas pelo SUS e, a partir disso, produzirá também uma análise de mercado para ver a viabilidade dessas incorporações.

Gestão da informação

No dia 23, foi a vez da professora-pesquisadora Ana Reis apresentar a ‘Avaliação da Implantação do e-SUS AB no município de Piraí, Estado do Rio de Janeiro’. O objetivo do estudo é acompanhar e analisar os processos de implantação do software e-SUS, uma estratégia do Ministério da Saúde de aprimorar a gestão da informação na Atenção Básica.

Sobre os resultados preliminares, Ana destacou que, para além das reuniões com o município de Piraí, foi realizado um seminário de informação em saúde na atenção básica (AB), em outubro de 2019, que contou com a participação de profissionais da AB de diversos municípios do Rio de Janeiro, de pesquisadores da Escola e de outras unidades da Fiocruz.

A partir desse evento, o grupo de pesquisa organizou e sistematizou o relato de experiência da implantação do e-SUS AB/Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) em Piraí. “É um produto muito importante, porque, desde 2014, Piraí vem passando por esse processo piloto de implantação do software e ainda não tinha tido a oportunidade de sistematizar essas informações. Pudemos mostrar como Piraí se organizou, investiu na readequação da infraestrutura das unidades de Saúde da Família, o quanto foi importante o processo de formação e sensibilização desses profissionais, a contratação do pessoal de Tecnologia da Informação para suporte técnico, aquisição de equipamentos, alguns efeitos já vistos... tudo está colocado no nosso relato de experiência”, ressaltou.

Ana aponta que em outubro começará a trabalhar a percepção desses profissionais de saúde, fazendo um trabalho de campo de forma remota devido a pandemia da Covid-19. “Teremos rodas de conversa com as equipes de Saúde da Família, contemplando várias categorias profissionais. Assim, aprofundaremos o que levantamos no primeiro ano do projeto para que possamos mensurar se, de fato, o e-SUS está melhorando e apoiando a gestão do cuidado e o processo de trabalho”, afirmou.

Por fim, outra questão que segundo ela será trabalhada até o fim do projeto, previsto para maio de 2021, serão as repercussões do prontuário eletrônico na questão da segurança e na qualidade da informação.