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Sustentabilidade em foco

EPSJV apresenta resultado das primeiras ações do projeto Semeando, que visa à promoção de ações educativas no âmbito da produção da saúde e preservação do meio ambiente
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 03/07/2018 14h10 - Atualizado em 01/07/2022 09h45

Se empilhássemos o número de copos descartáveis consumidos no Brasil em apenas um dia, poderíamos dar uma volta e meia na Terra. Os dados são da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e mostram que os brasileiros usam cerca de 720 milhões de copinhos diariamente. Esse mesmo montante demora mais de 400 anos para se decompor. Na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), o consumo era de 400 copos descartáveis por dia, porém, com política de distribuição de canecas sustentáveis, a Escola conseguiu reduzir esse número em 35%. São as instituições públicas fazendo a sua parte na defesa do meio ambiente.

A ação compõe o Projeto Semeando, que teve início em 2018 e já alcançou resultados positivos. De acordo com Juliana de Carvalho, responsável pelo setor de compras da EPSJV/Fiocruz, essa primeira análise está sendo feita cinco meses após a Escola decidir intensificar as ações de sustentabilidade, apostando, por exemplo, na compra de canecas sustentáveis em vez de copos descartáveis para os trabalhadores e alunos dos cursos diários. “Fizemos esse levantamento para ver como estão essas ações de sustentabilidade. Somente com esses resultados teremos condições de traçar novas campanhas”, ressalta.

Juliana destaca que o uso de copos descartáveis de água caiu de cerca de 11.900 para 4.300 por mês. A má notícia é que o uso de copos descartáveis para café subiu de 300 para 2600. Para ela, esse aumento significativo deve-se à resistência ao uso da caneca e por isso, agora é necessário utilizar novas táticas: “Temos que fazer uma sensibilização para que as pessoas tragam ou usem suas canecas também para o café”.

Outra campanha que fez parte do projeto é a de devolução das pilhas utilizadas. Nesse quesito, Juliana aponta que a conscientização está boa, mas é preciso melhorar: “Em todos os meses de 2018 o número de devoluções foi maior que o do ano passado, mas podemos conscientizar ainda mais alunos e trabalhadores da importância do descarte correto. Em maio de 2017, tivemos a devolução de 16 pilhas AAA, enquanto em maio de 2018, 20 pilhas AAA foram devolvidas”.

A dificuldade dos profissionais na reciclagem de papel ainda é um dos maiores obstáculos. De maio de 2017 a maio de 2018, a EPSJV/Fiocruz reduziu de 156 para 113 o número de resmas de papel ofício gastas. Já a reciclagem dessas resmas passou de nove para 29. Apesar do bom resultado, Juliana garante que o aumento da reciclagem tem relação com a diminuição da oferta de papel branco e não pela conscientização em si. “A nossa ideia é fazer uma campanha mostrando que as folhas podem ser reutilizadas em muitos trabalhos e depois recicladas. Mas o primeiro passo será conversar com os profissionais e entender o motivo dessa resistência”, explica.

Projeto Semeando

Com o objetivo de promover ações educativas que contribuam para a educação científica e a formação profissional abordando temas como promoção da saúde e do alimento, preservação do meio ambiente e práticas coletivas para uma sociedade sustentável, o projeto Semeando teve início na EPSJV/Fiocruz há dois anos, a partir da disciplina de Biossegurança, do Curso Técnico em Análises Clínicas, que é integrado ao Ensino Médio da Escola. De acordo com a professora-pesquisadora da Escola Politécnica e uma das coordenadoras do projeto, Mônica Murito, os alunos tiveram proximidade com a biossegurança ambiental durante as aulas que tratavam da destinação de resíduos. “A partir dessas aulas, fizemos uma parceria com a Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic/Fiocruz) e, durante dois anos, levamos os alunos para conhecerem a compostagem, a horta e a reciclagem”, conta.

Com o tempo, outros profissionais da Escola foram se apropriando e mostrando interesse no projeto, que hoje reúne diversas ações, como a realização de oficinas e debates sobre manejo de resíduos e sobre alimentação e nutrição; participação dos alunos com atividades agroecológicas no ‘Fiocruz Pra Você’, a Feira Agroecológica Josué de Castro, que a EPSJV/Fiocruz coordena junto com a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), além da construção e manejo de uma horta no Politécnico. “Na horta, reutilizaríamos a água da chuva para irrigar a plantação, porém alguns profissionais da EPSJV/Fiocruz alertaram para o perigo da contaminação do solo. Agora estamos discutindo a ideia de usar uma manta ou até mesmo fazer uma horta suspensa”, adianta Mônica, que reafirma a importância desse processo educativo: “A horta seria ótima para que os alunos comecem a pensar, por exemplo, na quantidade de agrotóxico que consumimos a partir dos alimentos”.

Em relação à reciclagem, Mônica lamenta que a Escola produza muito lixo e ainda recicle pouco. Segundo ela, se a EPSJV/Fiocruz conseguir manter ações de educação ambiental com os alunos, já será um ganho muito grande. “As ações de sustentabilidade visam não somente à reciclagem, mas também à redução de lixo. As pessoas no ambiente escolar ainda não separam o lixo da forma correta, mesmo com as lixeiras coloridas para coleta seletiva. Precisamos entender essa resistência e ter a adesão dos alunos e trabalhadores, que ainda é pouca”, afirma a professora-pesquisadora.