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EaD: Em que contextos? Em que medida?

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Ana Beatriz de Noronha - EPSJV/Fiocruz | 03/02/2011 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

No início, eram apenas cursos de idiomas e de algumas poucas técnicas, como datilografia, corte e costura e mecânica de automóveis, entre outras. Depois, as ofertas foram crescendo em importância e se diversificando até que, em 1969, segundo vários estudiosos no assunto, a criação da Universidade Aberta da Inglaterra [Open University], colocou a Educação a Distância (EaD) no cenário mundial e determinou grande parte das feições que essa modalidade assume atualmente. Naquela época, um acordo com a emissora BBC permitiu que a instituição passasse a oferecer, por meio do uso integrado de material impresso, rádio e televisão e de contato pessoal, realizado em centros de atendimento espalhados pelo Reino Unido, formação de nível superior, para alunos cujo único pré-requisito era ser maior de 21 anos.

Hoje, transcorridos mais de 40 anos dessa iniciativa inglesa e quase 300 anos do que alguns consideram a primeira experiência com EaD (ver box), não há mais dúvidas sobre o fato de que a educação a distância se constitui numa nova modalidade de ensino que tem sido cada vez mais utilizada – de acordo com alguns por representar uma possibilidade de ampliação do acesso à educação –, e, como tal, deve ser alvo de constante reflexão por parte de especialistas e da sociedade.

Para a pesquisadora Maria Luiza Belloni, no artigo ‘Educação à distância e inovação tecnológica ’, há alguns anos duas grandes tendências vêm se delineando no cenário global: a convergência dos modelos presencial e a distância de ensino, por conta das transformações sociais, sobretudo no mercado de trabalho, e a integração das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) à vida cotidiana e aos processos culturais. Nesse contexto, segundo ela, a EaD surge simultaneamente como uma modalidade de oferta de educação que atende simultaneamente à lógica capitalista atual, de globalização, exclusão, uniformização e padronização, e a um novo modo de acesso à educação, que atrai diferentes clientelas, especialmente os mais jovens. “O importante, do ponto de vista da sociologia da educação e das políticas públicas do setor, é compreender as inovações pedagógicas e educacionais exigidas pela combinação explosiva entre aquelas demandas crescentes e as incríveis possibilidades de comunicação e interação a distância oferecidas pelo avanço técnico das TIC”, afirma.

“Nesse quadro de mudanças, já não se pode considerar a educação a distância apenas um meio para solucionar problemas emergenciais ou para remediar alguns fracassos do sistema educacional em dado momento de sua história”, ressalta Maria Luiza, lembrando que a modalidade tende a se tornar um elemento regular nos sistemas educativos, com um importante papel na educação dos adultos, principalmente por causa da crescente necessidade de formação contínua resultante da rápida obsolescência da tecnologia e da geração acelerada de novos conhecimentos.

Embora concorde que, em alguns casos, o uso da EaD se justifique, Marise Ramos, professora e pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), afirma que alguns aspectos não devem ser esquecidos quando se pensa em adotar o ensino a distância nos cursos de graduação e pós-graduação. “A democratização do acesso, de forma geral, e, em alguns casos específicos, a extensão territorial e a falta de professores para a educação básica, geralmente formados nos cursos de licenciatura, têm sido algumas das principais justificativas para o uso da EaD nos cursos de graduação. Nesse sentido, as possibilidades geradas pelas tecnologias são legítimas e devem ser consideradas, não como substitutivas da educação presencial, mas como complementares a ela”, pondera, completando: “A questão é que o uso da EaD na graduação e na pós-graduação incide sobre o conceito de Universidade, como espaço onde se reúne a multiplicidade da ciência e das artes e onde se tem acesso ao conhecimento ‘universal’, ou seja, em suas múltiplas dimensões e em diversas áreas”.

De acordo com Marise, a EaD não supre essa função da Universidade, que depende da presença física e das interações pessoais que ocorrem especialmente durante os cursos de graduação e pós-graduação. “Até que ponto os espaços virtuais criados nas experiências de EaD e os conhecimentos objetivados nos suportes eletrônicos, por exemplo, podem dar conta da cultura e de tudo mais que é produzido no âmbito das relações subjetivas, ou seja, da multiplicidade e da multidimensionalidade do conhecer, do fazer, do ser e do relacionar-se humano?”, pergunta.

Definindo EaD

“Educação a Distância (EaD) é um processo educacional em que a maior parte da comunicação é mediada por recursos tecnológicos que possibilitam superar a distância física.” (Rosa Maria Esteves da Costa, UERJ-Brasil)

“Educação a Distancia: modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos”. (Decreto Nº. 5.622/2005, regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Brasil)

“O ensino a distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal, na sala de aula, de professor e aluno, como meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização e tutoria que propiciam a aprendizagem independente e flexível dos alunos”. (Lorenzo Gracia Aretio, Uned-Espanha)

Em meio a essas e outras tantas concepções e visões, não é fácil definir exatamente o que seja a EaD, ainda que seja possível destacar alguns de seus elementos constitutivos, dentre os quais: a separação entre professor e aluno no espaço e/ou no tempo; a centralidade na aprendizagem (aluno) e não no ensino (professor); e a mediação tecnológica entre aluno/professor e entre alunos/alunos.

Essa dificuldade de se definir EaD acaba também causando certa confusão nas ações desenvolvidas sob esse rótulo, como explica Milta Torrez, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) que coordenou o Curso de Formação Pedagógica em Educação Profissional na Área da Saúde, no artigo ‘Educação à Distância e a formação em saúde: nem tanto, nem tão pouco’: “Essas ações abrangem desde processos formativos seriamente concebidos, implantados, avaliados e parcial ou totalmente midiatizados por recursos tecnológicos, até um conjunto extenso de atividades que só poderiam ser chamadas de educativas em um sentido extremamente lato e banalizado do termo”.

Uma primeira pista para se tentar desvelar esse universo é dada por Maria Luiza Belloni, no mesmo artigo citado anteriormente. De acordo com ela, é possível identificar dois grandes conceitos usados tanto como se fossem contraditórios quanto como se fossem sinônimos ou complementares: a ‘educação à distância’ e a ‘aprendizagem aberta’. “A educação a distância é um conceito que enfatiza a dimensão espacial, ou seja, a separação física entre o professor e o aluno, e a dimensão de massa da produção e distribuição de materiais. Já a aprendizagem aberta é um conceito que coloca a ênfase na adequabilidade de um processo de educação mais autônomo e flexível, de maior acessibilidade aos estudantes, o que significa, sobretudo, a expansão de novas modalidades de ensino e de novas regras de acesso e pré-requisitos de ingresso”, afirma, complementando: “Deve-se compreender a EaD como um tipo distinto de oferta educacional, que exige inovações ao mesmo tempo pedagógicas, didáticas e organizacionais. A aprendizagem aberta, por sua vez, é um modo de aprendizagem que requer um processo de ensino centrado no ‘aprendente’, considerado um ser autônomo, gestor de seu processo de aprendizagem”.

A flexibilidade e a liberdade do estudante – que pode aprender a qualquer hora, em qualquer lugar e num ritmo próprio – bem como a oferta voltada para os seus interesses – com flexibilização do acesso, dos procedimentos de ensino e de avaliação – são, segundo ela, as principais características da aprendizagem aberta.

Avaliação, evasão e tutoria: pontos a considerar

No que diz respeito à avaliação em EaD, a pesquisadora Liane Rockenbach Tarouco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acredita haver inúmeras razões para que um aluno da modalidade a distância não possa ser avaliado apenas por meio de estratégias comumente utilizadas na educação presencial – provas, testes e trabalhos. Nesse sentido, ela afirma a necessidade de se substituir a avaliação de enfoque tradicional por uma avaliação de enfoque progressista e ressalta a importância do estudo e do desenvolvimento de metodologias que, ao serem empregadas na avaliação à distância, possibilitem avaliações mais dinâmicas e interativas.

“Quando se pensa em avaliação na educação a distância, percebe-se claramente que um longo caminho ainda deve ser construído, pois outras perspectivas como a autoavaliação e os testes adaptativos (teste que se adaptam ao conhecimento do aluno) se tornam mais efetivos na educação de alunos mais críticos, criativos e com maior autonomia”, diz, sugerindo que a implementação de salas de bate-papo, listas de discussão e correio eletrônico podem proporcionar subsídios para o processo de avaliação via WEB, cujos objetivos devem ser os de identificar os pontos fortes e fracos e ajudar o aprendiz a aprender, entre outros.

Apesar de alguns considerarem que os altos índices de evasão – desistência definitiva do estudante em qualquer etapa do curso – nas iniciativas de EaD sejam um mito que vem sendo destruído por pesquisas recentes no setor, muitos ainda colocam a evasão como um dos desafios a serem superados pela educação à distância.

Com o intuito de buscar soluções para o problema, muitos estudos vêm buscando diagnosticar minuciosamente as causas da evasão, especialmente quando ela ocorre em cursos gratuitos, ofertados por instituições públicas, nos quais o fator econômico, representado pelo pagamento das mensalidades, pode ser descartado.

De acordo com pesquisas realizadas em várias instituições, as principais causas da evasão na EaD estão relacionadas à falta ou ao excesso de encontros presenciais, à duração dos cursos, à baixa adequação dos cursos às necessidades dos alunos, ao nível de complexidade e à quantidade de atividades propostas, à falta de tempo para o estudo, às condições deficientes de estudo no trabalho e em casa, à inabilidade no uso das tecnologias e às consequentes dificuldades em acompanhar as atividades propostas pelos cursos, como: receber e enviar e-mail, participar de chats, de grupos de discussão e fazer links sugeridos. A evasão também é atribuída a questões pessoais dos estudantes – doença na família e mudança ou perda de emprego, entre outros – e ao desempenho do tutor.

Nesse sentido, a qualidade do trabalho exercido pelos tutores e pelo serviço de gestão acadêmica, responsável, entre outras coisas, pelo controle das atividades e monitoramento dos alunos durante o curso, acaba sendo de fundamental importância para o sucesso de qualquer iniciativa na área.

Uma das particularidades da EaD com relação à educação convencional é a substituição da figura do professor – do latim professore, aquele que ensina – pela do tutor – também do latim tutore, aquele protege, ampara ou dirige.

A adoção desse termo busca reforçar a ideia de educação baseada no ‘caminhar junto’ e reforça o sentido de uma função docente centrada no processo de aprendizagem. Dentre as atividades desenvolvidas pelos tutores estão: o esclarecimento de dúvidas dos alunos a respeito do conteúdo, dos processos e dos materiais de curso, o acompanhamento da aprendizagem, a correção de trabalhos, a motivação dos estudantes e a avaliação de desempenho. Dessa forma, segundo os norte-americanos Mauri Collins e Zane Berge, os tutores devem estar preparados para exercer funções pedagógicas, gerenciais, técnicas e sociais, tendo sempre em mente que os alunos são agentes ativos do processo de construção do conhecimento, respeitando as experiências prévias e reconhecendo o progresso feito pelos estudantes.

A EaD e a Saúde Pública

Umas das grandes indagações entre aqueles que trabalham na área da educação e da formação em saúde é sobre a possibilidade de a EaD conseguir responder as demandas criadas no âmbito da saúde pública.

De alguns anos para cá, mais precisamente após a conferência de Alma-Ata (em 1978), a saúde pública vem enfrentando grandes mudanças, como explica o sanitarista e atual diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), Antonio Ivo de Carvalho, no texto ‘A Educação à Distância e a nova saúde pública’: “As mudanças programáticas e organizacionais propostas pela nova saúde pública, envolvendo a construção de um campo interdisciplinar de conhecimentos e intersetorial de práticas, assim como a emergência de novos atores e responsabilidades sociais, geram um conjunto de demandas educacionais de magnitude e perfil inéditos no campo sanitário”.

Na atualidade, segundo ele, no que diz respeito ao público alvo, não é mais possível pensar apenas na formação dos profissionais de saúde. Também é preciso considerar a necessidade de ‘capacitar’ cidadãos usuários, para que eles possam assumir seu papel na saúde pública, praticando o autocuidado e exercendo o controle social, entre outras coisas. Em termos de magnitude, ambos os casos acabam, na opinião de Antonio Ivo, demandando programas educacionais de “larguíssima escala”, até porque, no caso dos trabalhadores da saúde, as mudanças na saúde pública requerem tanto uma formação inicial de qualidade quanto uma formação continuada que dê conta do acelerado desenvolvimento das tecnologias e dos saberes envolvidos em suas práticas profissionais e sociais.

A educação permanente de profissionais que já atuam no sistema, sobretudo em países nos quais o conhecimento precisa chegar a um público disperso e muitas vezes localizado em áreas de difícil acesso, e a necessidade de formação massiva de determinados segmentos de trabalhadores – enfermeiros, agentes de saúde, entre outros – têm sido algumas das motivações para o uso da EaD na área da saúde. Seja em grandes projetos, como o de Profissionalização dos Trabalhadores da Área da Enfermagem (Profae), seja em pequenos cursos disponíveis gratuitamente na Internet, a modalidade vem se firmando e, gradativamente, gerando debates.

No último mês de novembro, especialistas de várias nacionalidades participaram de uma oficina organizada pelo London International Development Centre (LIDC) para discutir o uso da EaD na formação em saúde nos países em desenvolvimento.

Na ocasião, foram apresentadas experiências consideradas de sucesso, como programas de formação de enfermeiros no Quênia e na Índia. Também foram identificadas algumas potencialidades da modalidade, como o estímulo à criação das comunidades nacionais e internacionais de práticas – que vêm sendo consideradas ferramentas importantes para o fortalecimento dos sistemas –, e analisados alguns dos problemas mais recorrentes.

De acordo com Caroline Mbindyo, gerente do programa da Fundação Africana para a Medicina e Pesquisa (Amref, do inglês African Medical and Research Foundation) no Quênia, mais de 7 mil enfermeiros estão matriculados em 34 escolas e há 108 centros e-learning em todo o país, incluindo os centros que funcionam com energia solar, e isso já está trazendo ganhos para o sistema de saúde. Segundo ela, no início das atividades houve certa dificuldade no uso das tecnologias, mas que isso já está mudando. Também já está sendo pensado o incremento no uso dos telefones móveis para facilitar o acesso dos alunos.

Para Bimla Kapoor, diretor da Faculdade de Ciências da Saúde da Indira Gandhi National Open University (IGNOU), na Índia, o sucesso da iniciativa em seu país está diretamente relacionado ao fato de que o trabalho vem sendo realizado em estreita colaboração com as administrações de saúde nacionais e regionais, bem como hospitais e clínicas locais. Isso, segundo ele, torna possível atender cerca de três milhões de alunos e garante que os programas atendam prioridades locais.

Entre os problemas identificados, destacam-se além da baixa taxa de conclusão dos cursos e do uso excessivo de tecnologias, o que pode ser inadequado em certos contextos, a falta de avaliação dos programas de EaD em si e do impacto que o processo formativo realizado causa nos sistemas de saúde e na melhora das condições de saúde da população. Nesse sentido, a recomendação final da oficina foi de que a questão da avaliação, em todos os sentidos, esteja no centro dos programas, deixando de ser vista como uma ação final ou complementar.

O alerta final dos especialistas, no entanto, foi quanto à falsa crença de que o incremento da formação em saúde seja o único ou o melhor caminho para a melhoria dos sistemas. Segundo eles, o melhor desempenho profissional não depende apenas da formação, mas também das condições de trabalho e da política salarial, entre outras coisas.

Mercantilização da EaD: é possível lutar contra isso?

“A educação é um bem público e a EaD pode representar a desconstrução daquilo que sempre compreendemos por Ensino Superior. As relações horizontais, entre os alunos, e as relações verticais, entre alunos e professor, que se dão no ensino presencial, fazem com que a ‘turma’, o todo, seja muito mais do que a soma das partes. Isso tudo se perde no ensino a distância”. A declaração do ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Lessa, dada à Revista Radis, mostra que ainda há aqueles que se opõem à adoção indiscriminada da EaD e ficam preocupado com o quê isso pode representar, especialmente para as instituições públicas de ensino, uma vez que a EaD tem um cunho fortemente mercadológico.

Os que defendem a prática, por sua vez, argumentam que a EaD pode representar uma alternativa de democratização do ensino, uma vez que permite atender segmentos populacionais que não têm acesso a estudos presenciais de maneira contínua e sistemática.

Para muitos estudiosos, no entanto, ainda que o ensino a distância tenha vindo para ficar e que, além de ser praticamente impossível, possa ser improdutivo e até mesmo perigoso ignorá-lo, é preciso estar atento à sua forte tendência de mercantilização e aos resultados negativos que isso pode trazer para a sociedade.

A pesquisadora argentina Marta Susana Brovelli, por exemplo, alega que essa questão tem a ver com um dos grandes desafios da EaD: oferecer oportunidades reais de formação e educação de qualidade em todas as iniciativas. “Não há outro caminho senão buscar melhorar a qualidade na EaD, e para ele devem apontar todos os nossos esforços. Essa será também a forma de lutar contra a mercantilização dessa modalidade de educação e contra as ofertas rápidas e superficiais que atendem demandas artificiais e supérfluas e que são vistas pelos alunos como capacitações profissionais rápidas e fáceis ”, enfatiza.

O fato de, nas sociedades contemporâneas, a formação inicial tornar-se rapidamente insuficiente, gerando a necessidade de uma ‘educação ao longo da vida’ [lifelong education], mais integrada aos locais e demandas do trabalho, bem como às expectativas e necessidades dos indivíduos não implica, na opinião de Maria Luiza Belloni1, que a educação seja necessariamente orientada para as exigências do mercado. Segundo ela, em uma concepção ideal, a formação continuada deve visar à emancipação crescente do indivíduo, tornando-o capaz de agir politicamente, tanto como cidadão quanto como um profissional apto a atuar de modo competente em situações novas e complexas.

O alerta final, fica por conta de Milta Torrez. Ao advertir para o fato de que a banalização do processo educativo, que subjaz nas tão propaladas ‘facilidades’ da EaD, pode servir de alerta sobre a forte possibilidade de mercantilização dessa modalidade de ensino, cujas características proporcionadas pelas TIC – velocidade e ‘massividade’– tendem a favorecer esse processo, ela é incisiva: “Mais do que nunca, é preciso saber fazer escolhas a partir das respostas às perguntas que fizermos sobre a educação que queremos, para a formação de que necessitamos, em todos os níveis”.

A relação completa de todos os materiais consultados para a elaboração deste texto está disponível no site da RETS.