A Vice-Direção de Ensino da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) abraçou um projeto que parece estar dando certo. Investindo na política de oferecer iguais oportunidades de ensino para todos os seus alunos, a Escola tem promovido atividades extracurriculares de promoção da cultura para as turmas de adultos que estudam no turno da noite. Desde abril, os alunos já assistiram palestras, filmes, participaram de oficinas e visitaram teatros e lugares históricos. “Foi um meio que a Escola encontrou de oferecer uma formação mais ampla, na qual está previsto o acesso à cultura que normalmente é vetado a eles. A Escola encarou como sua a responsabilidade oferecer esse acesso a meios culturais que são fundamentais na formação humana”, afirma Anakeila Stauffer, assessora da Vice-Direção. A EPSJV tem hoje cerca de 400 alunos no horário noturno, divididos em dez turmas. São jovens e adultos trabalhadores que cursam o ensino fundamental, o ensino médio, pré-vestibular e o técnico de Biodiagnóstico.
Tudo começou com a ida das turmas do Ensino Médio à exposição “Impressões originais: a gravura desde o século XV”, no Centro Cultural Banco do Brasil, no dia 30 de abril. Desde então, outros eventos têm acontecido. No dia 23 de maio, por exemplo, foi a vez de os alunos do pré-vestibular assistirem e interagirem com o poeta André Santana, que trouxe à Escola fragmentos de seu show ‘Literário Musical’. A apresentação consistiu em performances com versos de autoria do próprio poeta, incluindo temas como amor, política, violência, terrorismo, preconceito e trechos de músicas. O espetáculo faz parte do projeto ‘Poemas e Canções’, de iniciativa do próprio poeta, que leva o teatro até a escola. Segundo o coordenador do curso de pré-vestibular, Rodrigo Lobo, a apresentação teve como objetivo proporcionar a interatividade dos alunos, que também recitaram poemas, tocaram violão e cantaram. “A Escola tem que ser um lugar para produção cultural”, defendeu. A opinião dos estudantes não foi diferente. “Essa aproximação com a cultura é muito válida, já que a vida de muitos é só estudar e trabalhar, sem conseguir ter acesso à cultura”, opinou o aluno Fábio César.
Uma semana depois, no dia 30 de maio, quando os professores do curso noturno se reuniam para a Reunião Pedagógica, professores-pesquisadores da Escola assistiram junto com os alunos do Ensino Fundamental, do Ensino Médio ao filme ‘Narradores de Javé’ e, em seguida, realizaram oito oficinas. Para trabalhar o tema "Narradores de Manguinhos", Anamaria Corbo utilizou câmeras de vídeo enquanto Ana Lúcia Pontes trabalhou a gravação em áudio; Ronaldo Travasso também lançou mão do vídeo na oficina ‘Os falantes’; Marco Antônio Santos tratou do tema ‘Com música também se conta história’; André Dantas trabalhou a reconstrução de textos na atividade intitulada ‘Recontando histórias: e a verdade, onde mora?’; José Roberto Reis entrou no terreno da História com a oficina ‘Uma coisa é o fato acontecido e outra o fato escrito: narradores, memória e história política brasileira'; Claudio Gomes abordou a ‘Relação entre poesia e história’; e, por fim, Verônica Soares promoveu a oficina ‘Você percebe que a inteligência coletiva é sempre muito maior que a inteligência individual’.
No dia 2 de junho, em comemoração ao dia do Meio Ambiente, os alunos visitaram o campus da Fiocruz em Jacarepaguá, onde aprenderam sobre o plantio de ervas medicinais e conheceram a parte histórica da Colônia Juliano Moreira.
Nos dias 14, 15 e 16 de junho, depois de uma palestra com a professora Maria Cecília Carvalho, do Grupo de Saúde Mental da EPSJV, os alunos assistiram à peça ‘Andanças – Vida e Obra de Arthur Bispo do Rosário’, no Centro Cultural da Justiça Federal.
Segundo Anakeila, os resultados dessas iniciativas aparecem logo no final de evento, “Pelo depoimento dos alunos, percebemos como isso os ajuda a rever suas vidas, a partir de outro ponto de vista, e como isso atinge até suas relações familiares. Enfim, percebemos que isso muda a vida deles”, conclui.