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Gastão Wagner apresenta seminário na EPSJV

Gastão Wagner defendeu a importância da militância política a favor da saúde e da educação, visando reconstruir conceitos e reformular as políticas públicas destas áreas.
Gastão Wagner defendeu a importância da militância política
a favor da saúde e da educação, visando reconstruir conceitos
e reformular as políticas públicas destas áreas.
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ex-secretário executivo do Ministério da Saúde e professor doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Gastão Wagner, esteve na EPSJV, na manhã do dia 29 de setembro, apresentando o seminário de pesquisa 'O Processo Educativo e o Trabalho na Saúde'. O evento aconteceu às 10h, no auditório da Escola, e foi prestigiado por um público de 40 pessoas, dentre estudantes, professores e funcionários da instituição.

Gastão iniciou a exposição do tema falando sobre a importância da militância política a favor da saúde e da educação, visando reconstruir conceitos e reformular as políticas públicas destas áreas. Para ilustrar, mencionou a pesquisa que realizou sobre a idéia de Gestão Participativa, cuja metodologia é fundamentada no princípio da 'Paidéia', presente na democracia ateniense, cujo postulado é a educação como desenvolvimento intelectual contínuo do ser humano.

O professor explicou que este princípio se baseia em três diretrizes fundamentais e intrinsecamente ligadas: Cidadania, que neste caso se constitui no reconhecimento de saúde e educação como direitos universais; Ágora (nome da praça onde, na Grécia Antiga, aconteciam as assembléias de cidadãos), que se refere ao exercício da democracia, através da participação direta na gestão da saúde e discussão de assuntos relevantes para a sociedade; e, finalmente, a Paidéia, que é o aprendizado da participação na gestão, do respeito aos direitos e da luta para sua conquistá-los. Assim, segundo defendeu, a participação na gestão em saúde tem o princípio pedagógico de ensinar o cidadão a praticar a cidadania, na medida em que precisa eleger critérios para o funcionamento das políticas e órgãos públicos.

Além da democracia grega, o sanitarista citou o filósofo alemão Karl Marx para explicar a relação do homem com o trabalho. Segundo Marx, o ser humano trabalha simultaneamente para os outros, ao lhe prestar serviços, e para si próprio, visando a realização do desejo e satisfação pessoal. Como exemplo, Gastão citou o trabalhador do SUS, cuja necessidade de realização pessoal coexiste à de salvar vidas e controlar epidemias.

Ele afirmou, também, que o profissional deve ter o cuidado de construir a autonomia do paciente, aumentando-lhe a capacidade de autoconhecimento, pois ao compreender as suas limitações e potencialidades, o paciente irá entender sua relação com os outros e, assim, sua capacidade de agir sobre o mundo, tomar decisões e fazer escolhas. Essa intervenção do profissional poderá acontecer de três formas, conforme definiu: pela política (na reivindicação de direitos e necessidades sociais), pela gestão (que é a continuidade da política) e pelas práticas cotidianas (sendo o trabalho a principal delas).

Outra questão abordada pelo professor doutor Gastão Wagner no seminário foi o fortalecimento da interdisciplinariedade nos hospitais, que reúne profissionais como enfermeiros, pediatras e cirurgiões, dentre outros, na mesma equipe. Para ele, é preciso criar colegiados com poder deliberativo e formas de gestão democráticas nas gestões públicas de saúde, através de reformas institucionais e organizativas, que permitam decisões compartilhadas e melhor funcionamento das unidades de saúde.

'A base da metodologia da gestão participativa é a reconstrução das instituições de outras formas, já que a gente não vai viver fora da instituição', explica o professor doutor. 'Como eu posso reconstruir? Fazendo as reformas institucionais da universidade, da clínica. Posso reconstruir sem jogar fora o que havia', defende.

Ao final da apresentação, o público levantou questões relativas a temas como a clínica ampliada, a reativação da atenção primária e a importância da comunicação na saúde.