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Sociólogo francês apresenta colóquio sobre Formação, trabalho e identidades profissionais

O sociólogo francês Claude Dubar, da Universidade de Versailles, apresenta o colóquio Formação, trabalho e identidades profissionais na EPSJV
O sociólogo francês Claude Dubar, da Universidade de Versailles,
apresenta o colóquio Formação, trabalho e identidades
profissionais na EPSJV
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ormação, trabalho e identidades profissionais, estes foram os temas abordados pelo sociólogo francês Claude Dubar, da Universidade de Versailles, no dia 2 de setembro, no auditório da EPSJV. Traduzido pela doutora em Educação, Sociologia e Neolatinas (Universidade de Frankfurt) e Diretora do Instituto de Estudos da Cultura e Educação Continuada, Vanilda Paiva, o evento reuniu um público de quarenta pessoas e durou cerca de três horas. Após a exposição inicial do tema, o microfone foi aberto aos questionamentos do público, que se mostrou bastante participativo.

O sociólogo iniciou sua fala apresentando os resultados da pesquisa que realizou, a pedido do Ministério do Trabalho Francês, durante três anos (de 1986 a 1989), na Alemanha, Itália, Bélgica e França. O estudo, que envolveu assalariados de diferentes ramos dentro de seis grandes empresas em processo de modernização, tinha como objetivo avaliar os efeitos da formação dos trabalhadores e suas identidades profissionais, num contexto de aumento da produção e crescimento econômico sustentável - após vinte anos de estagnação. Com o conjunto das entrevistas realizadas, os pesquisadores agruparam as principais formas de reação dos trabalhadores à introdução dessas mudanças em quatro tipos de discursos, na tentativa de entender os desafios da formação.

Segundo o expositor, no primeiro grupo estavam os assalariados com formação exclusivamente prática e instrumental. Com dependência em relação à empresa, os trabalhadores não se interessaram pela formação por não considerá-la importante, já que não traria benefícios salariais. Além disso, suas ações foram movidas pelo medo e ameaça de exclusão conseqüente da modernização. Em contraponto a este pensamento, o segundo grupo - composto por profissionais com formação integrada e dotados de forte desejo de evolução, de promoção interna - aderiu maciçamente a todas as possibilidades de qualificação.

No terceiro grupo, considerado pelo sociólogo como o mais doloroso, foram reunidos os trabalhadores com formação técnica e profissão específica, que buscavam por meio delas sua ascensão. Eram profissionais muito críticos e conflituosos, que participavam das atividades de formação, mas eram descrentes quanto à sua eficácia, por considerarem importante apenas a técnica utilizada diretamente no seu trabalho.

As ações do último grupo, por fim, foram classificadas pelos pesquisadores como uma busca pela autonomia e mobilidade externa. Para ele, esses assalariados - jovens diplomados, com mais tempo de escolaridade, que apesar de muito estudo, não tinham conseguido emprego em nível superior - não tinham interesse em se manter na empresa por muito tempo e interessavam-se somente pela formação teórica.

Como conclusão da pesquisa, Dubar acredita que estes diferentes tipos de discurso coexistem e que os empresários devem aprender a lidar com eles. 'A grande dificuldade é levar aos dirigentes a idéia de que todas as formas identitárias têm o direito de conviver. O que não impede que se procure converter uma na outra, mas sabendo-se que apenas uma minoria fará esta mudança', explica.

Após o colóquio, o público propôs discussões como atualidade dos resultados da pesquisa, identidade de rede, conhecimento X identidades profissionais e relações de trabalho no espaço educacional, dentre outras.