Uma das consequências do forte acirramento da luta de classes, na abertura dos anos 2000, foi a relativa mudança no padrão das classes dominantes de se apropriarem da riqueza socialmente produzida depositada nos fundos públicos de União, estados e municípios. Ao lado da venda direta de empresas públicas, o recurso às concessões públicas para a exploração da iniciativa privada e a privatização da gestão pública de setores e serviços até então exclusivos da administração pública se intensificaram enormemente. Esse fenômeno veio acompanhado do surgimento de grupos, institutos e conglomerados de grandes empresas, com o intuito declarado de contribuir para a solução de grandes problemas nacionais. Tal como a já considerável bibliografia existente sobre a iniciativa do Todos pela Educação, nos parece ser este também o caso da recentíssima criação do Todos pela Saúde. Este estudo pretende contribuir com os esforços de deslindamento dos mecanismos atuais de apropriação privada da riqueza socialmente produzida, a partir da ação organizada da burguesia através dos seus aparelhos privados de hegemonia. Para tanto, serão imprescindíveis os estudos já realizados sobre o chamado Todos pela Educação.