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MST e EPSJV/Fiocruz criam projeto com ênfase no direito à saúde da população LGBT

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), criaram o projeto “Saber Protege”, que tem como objetivo traçar um perfil sobre a situação em saúde da população LGBT do campo, além de oferecer formação sobre o direito à saúde.

A iniciativa será desenvolvida em duas frentes. Uma delas é justamente o diagnóstico da situação da saúde da população LGBT no campo, tendo em vista a necessidade de uma campanha de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Esta primeira etapa envolve a coleta de dados que podem servir de base para a formulação de políticas públicas.

Uma segunda etapa envolve a oferta de um curso presencial de formação para 60 agentes de saúde que atuarão em seus territórios a fim de garantir  a promoção da saúde para a população LGBT.

O curso, por ser presencial, deverá ocorrer, no entanto, somente após o fim da pandemia, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em São Paulo.

Nesses territórios, participarão do projeto moradores de assentamentos da reforma agrária e população LGBT que reside em outras comunidades de pequenos agricultores, quilombos e aldeias indígenas.

Com isso, a ideia é abranger diferentes realidades. Seguindo essa lógica, a estratégia de formar LGBTs que moram no campo é “importante para poder multiplicar os temas tratados por cada projeto em cada território”, segundo Thaís Paz, do Coletivo LGBT Sem Terra e integrante do projeto “Saber Protege”.

Para ela, uma questão “fundamental” identificada pelo projeto é “a importância de ações na área da saúde".

"Aqui a gente entende saúde como aquilo que nos possibilita lutar contra tudo aquilo que nos oprime. Sabemos que nós LGBTs ainda encontramos muita dificuldade em termos de orientação de saúde que não sejam cheias de preconceito”.

Segundo a integrante do projeto, é nesse sentido que o “Saber Protege” tem sido construído. Na mesma linha, Anakeila Stauffer, diretora da Escola Politécnica, o projeto visa justamente aprofundar a luta pela garantia do direito à saúde, contribuindo para o combate às desigualdades.

“Esta política busca incidir na determinação social da saúde, com vistas à redução das desigualdades sociais relacionadas a estes grupos sociais, contribuindo para o enfrentamento das iniquidades e para o pleno exercício do controle social, além de promover o respeito às especificidades de gênero, raça, etnia, orientação e práticas afetivas e sexuais”, afirma.

Segundo Stauffer, diversos estudos indicam que a população LGBT têm dificuldade para acessar os serviços de saúde, incluindo, por exemplo, tanto a realização de exames preventivos, como a prevalência de depressão, crises de ansiedade e pânico.

Por isso, ressalta a diretora, é fundamental a constituição de uma Política Nacional de Saúde Integral de LGBTs responsável.

“Desde 2015, o MST vem construindo um processo de organização dos LGBTs e debatendo sobre a diversidade sexual, já que a gente entende que essa é uma questão fundamental se a gente quer construir relações saudáveis no campo e também uma nova sociedade que supere todas as formas de exploração e opressão”, ressalta Thaís Paz, do Coletivo LGBT Sem Terra.

Edição: Leandro Melito

Por: Ana Paula Evangelista

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Repórter SUS