Cátia Guimarães
No meio da pandemia, tinha um quilombo

“Em relação aos quilombolas, não há dado nenhum”. A denúncia é de Givânia Silva, pesquisadora e militante que integra a Coordenação Nacional das Comunidades Negras Quilombolas (Conaq), referindo-se às informações sobre contaminação e morte por Covid-19 entre as populações negras que vivem nos mais de 400 territórios oficialmente reconhecidos como quilombos no país. Em meio a uma pandemia que rapidamente se interiorizou, a solução foi produzir uma espécie de ‘sistema de informação paralelo’.
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O vírus do preconceito

Maria tinha 63 anos. Era obesa, hipertensa e diabética. Dormia no emprego, uma residência do bairro nobre do Leblon, onde trabalhava como doméstica. Foi a primeira vítima fatal do coronavírus no estado do Rio de Janeiro, um dos mais atingidos pela Covid-19. Sim, a notícia é velha. Mas muito mais antigo do que ela é o fenômeno que essa tragédia ajuda a ilustrar: o racismo estrutural como um determinante das condições de saúde e doença das pessoas. Talvez tenha passado despercebido, mas parece cada vez mais necessário não esquecer: Maria era negra.
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'Decifra-me ou te devoro'

Em 2018, 72% da população mundial confiava nos cientistas, enquanto, no Brasil, 35% das pessoas não achavam que a ciência merecia muito crédito. Os dados são do Wellcome Global Monitor, apresentado como “o maior estudo sobre atitudes globais em relação à ciência e à saúde”, que se baseou na análise de 140 mil entrevistas, entre elas mil feitas com brasileiros maiores de 15 anos.