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Cooperação Brasil-Finlândia na Educação Profissional

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC financia ida de professores dos Institutos Federais para a Finlândia. Cooperação se baseia, principalmente, no aprendizado sobre novas práticas em sala de aula. 
Cátia Guimarães - EPSJV/Fiocruz | 31/05/2015 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47

Toda a população da Finlândia tem acesso igualitário à educação, as escolas têm as mesmas condições em todo o país, desde as cidades mais centrais até os lugarejos mais longínquos, o que faz com que o filho do Primeiro Ministro e o filho do agricultor estudem nas mesmas instituições. De acordo com as avaliações internacionais, a Finlândia tem, hoje, o melhor sistema de educação do mundo.

A descrição acima foi apresentada por Seija Mahlamäki-Kultanen, diretora de treinamento da na Universidade Hämeenlinna de Ciências Aplicada da Finlândia, que participou de uma mesa-redonda sobre cooperação no 3º Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica. O objetivo do debate era apresentar o programa ‘Professores de Treinamento e Educação Vocacional para o Futuro’, uma parceria entre o Ministério da Educação e o CNPq que leva docentes dos Institutos Federais para conhecer o sistema educacional finlandês e tentar “multiplicar” por aqui os bons resultados. Durante o evento, os 27 professores que participaram da primeira turma-piloto  receberam seus certificados e seis deles falaram ao público sobre a sua experiência. Chamou atenção, no entanto, como a descrição que abre esta matéria, e que mostra as opções políticas que normalmente são reconhecidas como justificativa para o bom desempenho da Finlândia na educação, ficaram limitadas a curto momento de apresentação e a poucos e isolados comentários ao longo do evento: na maior parte do tempo, os professores fizeram elogios a questões “culturais” e “comportamentais” como o que mais lhes chamou atenção durante a estadia internacional.

“Confiança”, “colaboração”, “autonomia” e “respeito” foram algumas das ‘palavras-chave’ associadas ao contexto finlandês e destacadas pela maioria dos professores que falaram de suas experiências durante a mesa-redonda. Aqui, couberam desde elogios mais amplos, como o reconhecimento de que “o finlandês tem respeito por tudo” até o espanto pelo fato de os alunos de uma escola não entenderem a pergunta sobre se ali havia “vandalismo”. “A gente foi à Finlândia não para ver inovação porque tudo que vimos lá a gente já conhecia. A questão é que lá as coisas funcionam”, disse um dos professores. Entre as “inovações” que a Finlândia aplica mas que não são novidades no Brasil estão, segundo os relatos, a metodologia baseada em projetos e uma redução dos conteúdos curriculares. Na descrição mais específica sobre a dinâmica das escolas e da sala de aula, foram destacados o grau de autonomia que os alunos têm – por exemplo, para desenvolver atividades em casa ou outros ambientes fora da sala, e para apresentar avaliações em formatos variados, que tenham mais a ver com o seu próprio perfil e interesse — e o quanto eles respondem positivamente a essa liberdade.

O relato da visita a uma escola de uma cidade pequena, de apenas 4 mil habitantes que tinha a mesma infraestrutura das escolas dos grandes centros e que apresentava nove opções de língua para os alunos aprenderem, e a identificação de que, nas ruas, a população não está aprovando o corte de orçamento que o governo finlandês acaba de fazer na educação foram dois momentos em que se abordou de forma mais direta as opções políticas que determinam a experiência exitosa do país. Na descrição do programa, não existe, no entanto, nenhum item de cooperação que vá além da formação do professor. Cientes de que não é possível aplicar por aqui um ‘pacote’ pronto, importado da Finlândia, os egressos do curso, entretanto, esperam contribuir com a melhoria da educação profissional e tecnológica brasileira implementando práticas inovadoras no tratamento dos conteúdos, na metodologia utilizada e na relação professor-aluno.

De acordo com a chamada pública da Setec/MEC (nº015/2014), o “valor global estimado” aplicado na parceria foi de R$ 3,9 milhões, com 60 vagas para financiamento de bolsas para 60 vagas. Neste momento, já existe uma segunda turma-piloto de professores da rede federal de educação profissional e tecnológica que está em formação na Finlândia.