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Educação profissional tem papel estratégico para o avanço da Reforma Psiquiátrica

Livro organizado por pesquisadores da EPSJV e ENSP busca contribuir para a formação e capacitação dos trabalhadores de nível médio em saúde.
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 10/07/2014 08h45 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

 Ao deslocar o foco da atenção do hospital para os serviços de abordagem comunitária, o movimento da Reforma Psiquiátrica tem proporcionado, desde a década de 1980, uma série de avanços, mas também muitos desafios. Superar o aparato manicomial exige a consolidação de outras formas de lidar com o sofrimento psíquico. Exige, portanto, que os profissionais de saúde mental estejam preparados para oferecer um tipo de cuidado diferenciado. Entre esses profissionais, destaca-se o trabalhador de nível médio, que desempenha um papel de ligação fundamental entre o serviço, o paciente, sua família e a comunidade. Com o objetivo de contribuir para a formação e a capacitação desses trabalhadores, a Editora Fiocruz lança a coletânea Políticas e Cuidado em Saúde Mental: contribuições para a prática profissional, organizada por Marco Aurélio Soares Jorge, Maria Cecilia de Araujo Carvalho e Paulo Roberto Fagundes da Silva.

De acordo com os autores, levar adiante os ideais da Reforma Psiquiátrica requer profissionais aptos a atuarem nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), nos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e em outras estratégias de atenção em saúde mental. Porém, mais do que isso, é preciso que os profissionais disseminem a consciência de que os usuários desses serviços são sujeitos – e sujeitos plenos de direitos.

No lugar das antigas práticas psiquiátricas, que dominaram durante séculos, vêm sendo construídas novas abordagens, baseadas na não segregação e na manutenção dos vínculos familiares e sociais. Um importante marco nesse processo foi a Lei n. 10.216/2001, que redireciona o modelo de assistência em saúde mental e prevê que o tratamento deve ser oferecido, de preferência, em serviços comunitários.

“A partir da aprovação da Lei n. 10.216/2001, observa-se a implantação de uma rede de cuidados na comunidade e de políticas voltadas para trabalho, moradia, lazer e cultura”, destacam os organizadores. Habitação, trabalho e lazer são os eixos que compõem o processo de reabilitação psicossocial. Esta, juntamente com a psicoterapia e a farmacoterapia, é considerada um elemento fundamental para a eficácia da abordagem comunitária em saúde mental, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Bem diferente da internação nos antigos manicômios – marcados pelo confinamento e pelo martírio de suas práticas –, a abordagem comunitária visa a estimular o resgate da cidadania dos pacientes, sua autonomia, suas habilidades sociais e sua reintegração à sociedade. Implantar essa nova abordagem, porém, não é uma tarefa simples, pois necessita de uma profunda transformação e reorganização do trabalho, demandando o empenho e a dedicação de todos os envolvidos.

“Para continuar avançando é preciso, portanto, que a formação tenha garantido um papel tão importante quanto a implantação de novos equipamentos para a nova realidade que vem sendo desenhada”, defendem os organizadores. Segundo eles, a educação profissional ocupa lugar estratégico para a inovação das práticas em saúde mental. E esta foi a principal motivação para o livro.

Políticas e Cuidado em Saúde Mental é fruto de material pedagógico desenvolvido para o Curso de Especialização Técnica de Nível Médio em Saúde Mental, oferecido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). A coletânea também complementa e atualiza o volume Textos de Apoio em Saúde Mental, de 2003, outro título lançado em conjunto pela Editora Fiocruz e pela EPSJV/Fiocruz, hoje esgotado.

Os transtornos mentais são abordados em uma dimensão ampla ao longo dos 12 capítulos que compõem o livro Políticas e Cuidado em Saúde Mental. Reforma Psiquiátrica, políticas de saúde e de saúde mental no Brasil, saúde mental na atenção básica, estratégias de intervenção e terapêuticas estão entre os temas discutidos no livro. O uso prejudicial e a dependência de álcool e outras drogas também são analisados. A coletânea coloca em pauta, ainda, os transtornos mentais na infância, na adolescência e no envelhecimento.

Sobre os organizadores:

Marco Aurélio Soares Jorge: médico-psiquiatra, doutor em saúde pública, professor e pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

Maria Cecilia de Araujo Carvalho: médica-psiquiatra, doutora em ciências da saúde, professora e pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

Paulo Roberto Fagundes da Silva: médico, doutor em saúde pública, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).

Serviço:

Políticas e Cuidado em Saúde Mental: contribuições para a prática profissional

Marco Aurélio Soares Jorge, Maria Cecilia de Araujo Carvalho e Paulo Roberto Fagundes da Silva (orgs.)

Editora Fiocruz

Comentários

como faço para comprar esse livro?? Políticas e Cuidado em Saúde Mental: contribuições para a prática profissional.