A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) recebeu nesta semana uma delegação de Cabo Verde para a realização de uma oficina visando uma cooperação técnica para a formação de trabalhadores da Atenção Primária, prioritariamente Agentes Comunitários de Saúde e de Vigilância em Saúde. Representantes do Ministério da Saúde de Cabo Verde e do recém-criado Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) participaram, de 19 a 21 de junho, de uma oficina para discutir a possibilidade de uma cooperação técnica na área de formação geral e qualificação técnica dos trabalhadores de saúde de base comunitária. Participaram da oficina, a equipe da Coordenação de Cooperação Internacional da EPSJV e docentes dos cursos da área da Escola Politécnica. “Estamos buscando uma formação específica para esse trabalhador da Atenção Primária para que eles tenham um conhecimento de qualidade, sem ser empírico, com base apenas na prática, para que eles sejam o elo entre a comunidade e os serviços de saúde”, disse Jesele Aline do Rosário Martins, do Serviço de Gestão de Recursos Humanos do Ministério da Saúde de Cabo Verde.

Segundo ela, em Cabo Verde atuam 270 agentes sanitários, que exercem funções semelhantes aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no Brasil. “Nossos agentes são pessoas da comunidade, que atuam com médicos e enfermeiros, mas não recebem nenhuma formação específica”, explicou Jesele, que integrou a delegação juntamente com Felismino Thomás Silva, do INSP; Waldir Brito, da Direção Geral da Farmácia do Ministério da Saúde de Cabo Verde; e José Souza Santos, do Hospital Batista de Souza, em Cabo Verde.

Durante a oficina, a delegação de Cabo Verde expôs suas demandas para as ações de cooperação e também como funciona o sistema de saúde de Cabo Verde e a atuação dos trabalhadores de base comunitária. A equipe da Coordenação de Cooperação Internacional da EPSJV e os docentes da Escola falaram sobre o sistema de saúde brasileiro, as diretrizes da cooperação internacional na Escola e sobre a formação dos trabalhadores de base comunitária realizada pela EPSJV para Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), Agentes de Vigilância em Saúde (AVS) e Educação Popular em Saúde (EdPopSUS). “Agora vamos levar o que vimos aqui para nosso país e discutir nossas questões internas para dar continuidade ao processo de cooperação. Em Cabo Verde, a formação deve ser feita em parceria entre os ministérios da Saúde, Educação e Trabalho”, disse Jesele.

Em agosto de 2017, os grupos devem continuar as discussões sobre a formação, por meio de uma videoconferência, e, ainda em 2017, uma missão da EPSJV irá a Cabo Verde para conhecer melhor a realidade do sistema de saúde do país. A previsão é que a formação de formadores para o curso seja iniciada em 2018.

Segundo o coordenador de Cooperação Internacional da EPSJV, Geandro Pinheiro, essa missão retoma as relações entre a Escola e Cabo Verde, que vem gerando projetos conjuntos desde 2005, delineados no contexto de cooperação Fiocruz/Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no componente do Plano Estratégico de Cooperação em Saúde (PECS) de formação e desenvolvimento da força de trabalho em saúde nos Países Africanos de Língua Portuguesa (Palop). As últimas atividades aconteceram entre 2011 e 2012, no campo da formação técnica pós-secundária na área de biodiagnóstico e na qualificação de docentes cabo verdianos. No âmbito da Fiocruz, também existem ações de cooperação com Cabo Verde, como o apoio à instalação do recém-criado Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), que teve a colaboração de Félix Rosemberg, secretário-executivo da Rede de Institutos Nacionais de Saúde (RINS) – CPLP.

Durante a visita à EPSJV, a delegação de Cabo Verde também se reuniu com docentes das áreas de Gestão em Saúde e de Manutenção de Equipamentos, que também são áreas de interesse deles para possíveis ações de cooperação técnica.