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Agentes de vigilância em saúde vão desenvolver projetos de intervenção no Rio de Janeiro

Trabalhadores são alunos do Proformar-Rio e foram os vencedores de uma mostra realizada pela EPSJV e pela Secretaria Municipal de Saúde.
Cátia Guimarães - EPSJV/Fiocruz | 16/12/2011 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47

Dezenove comunidades do Rio de Janeiro deverão passar por projetos de intervenção relacionados à vigilância em saúde no próximo ano. Essas ações foram definidas a partir de uma metodologia de planejamento situacional, que prevê, entre outros passos, uma pesquisa sobre a história do território, um diagnóstico dos principais problemas e das potencialidades e o mapeamento das instituições (estatais e da sociedade civil) atuantes na localidade. E esse ‘caminho’ para a intervenção os trabalhadores envolvidos nesses projetos conheceram no Programa de Formação de Agentes Locais de Vigilância em Saúde (Proformar-Rio), desenvolvido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de janeiro (SMSDC-RJ). As iniciativas que serão implementadas foram selecionadas na ‘I Mostra de Projetos de Intervenção do Proformar-Rio’, Desenvolvidos a partir do trabalho de campo dos alunos, realizado nos locais de atuação dos agentes, eles serão financiados com recursos da Secretaria.



Os projetos passaram por três etapas de seleção. A primeira se deu no âmbito das próprias turmas do curso; em seguida, concorreram entre si os trabalhos selecionados que compunham uma mesma Área de Planejamento (AP) — divisão administrativa do sistema de saúde do município; por fim, a seleção final analisou trabalhos de toda a cidade do Rio de Janeiro. Nesta última etapa, que acaba de ser concluída, os alunos fizeram uma apresentação oral dos projetos. A avaliação da banca — constituída por representantes da SMSDC e da EPSJV — levou em conta seis critérios como a relevância do problema identificado para a comunidade; a qualidade do diagnóstico; a factibilidade da intervenção proposta; a articulação entre a vigilância em saúde e a atenção básica; a identificação de parceiros potenciais; e a abrangência e o impacto potencial da intervenção. Embora 19 trabalhos tenham sido selecionados para financiamento, todos os 47 classificados para a etapa municipal serão publicados na revista Saúde em Foco, como resumo expandido. Além disso, o projeto Comunidade do Guacha recebeu menção honrosa.



Selecionado como o melhor da Mostra, o projeto do território Casa Branca, desenvolvido pelos alunos Marcelo Moreira, Milton de Jesus e Roberto Teixeira, tem como objetivo contribuir para uma melhor interação entre os moradores do Complexo do Borel, que engloba as favelas do Borel, Casa Branca e Chácara do Céu. A falta de interação, de acordo com o diagnóstico feito pelos agentes, se deve ao fato de essas comunidades terem sido ‘dominadas’ por facções diferentes do tráfico de drogas até um passado recente — antes da instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Para isso, os autores apostam na criação do Dia da Interação, marcado por eventos e ações sociais que envolvam a população de todo o complexo. A parte do projeto que deverá ser financiada pela secretaria de saúde chama-se ‘Esporte é saúde’ e consiste na realização de um campeonato de futebol entre as três comunidades.



Formação dos agentes



Essa Mostra acontece após o encerramento do curso, que formou quase mil agentes de vigilância em saúde do município do Rio de Janeiro de agosto de 2010 até o fim de 2011. O objetivo principal, que se reflete nos trabalhos de campo, foi garantir que esses trabalhadores possam identificar problemas do território que tenham relação com as questões de saúde para, a partir daí, elaborar e participar de propostas de intervenção. As três unidades de aprendizagem, que totalizaram 400 horas, trataram dos temas ‘Vigilância em Saúde e novas práticas locais’, ‘Trabalho, condições de vida e situação de saúde’ e ‘Promoção e proteção da saúde’. “O diferencial do Proformar-Rio é o trabalho de articulação que será feito entre a Vigilância em Saúde e a Atenção Básica. No município, cada equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) terá um agente de vigilância em saúde, como preconiza o Ministério da Saúde”, observa o coordenador geral do Proformar-Rio pela EPSJV, Mauro Gomes.



Embora fosse de mais curta duração, esse curso foi pensado já na perspectiva de itinerário formativo, prevendo a possibilidade de ampliação da formação desses trabalhadores. E deu certo: a partir de 2012, a EPSJV, por meio da mesma parceria com a secretaria de saúde do Rio de Janeiro, vai oferecer o curso técnico de vigilância em saúde para dez turmas de trabalhadores do município. A ideia é que façam a formação técnica, neste momento, 300 agentes que atuam no município: 270 egressos do Proformar-Rio e 30 egressos do Proformar Nacional , que foi uma experiência anterior. O curso técnico completo terá 1600 horas, incluindo o aproveitamento das 400 que já foram cumpridas durante o Proformar-Rio.