Durante os dias 28 e 29 de novembro, aconteceu a 6ª edição do Seminário Discente do Programa de Pós-graduação em Educação Profissional em Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), que teve como tema “Trabalho, Educação e Saúde: construindo pontes para as diversidades no SUS”. Nesta edição, a proposta foi trazer a experiência dos eventos acadêmicos e a interlocução com outros programas de Pós-Graduação para pensar em caminhos para uma sociedade mais inclusiva e um Sistema Único de Saúde (SUS) mais acolhedor de diversidades.

Foram cerca de 20 trabalhos sobre diversos temas dentro da área da Educação Profissional em Saúde apresentados ao longo dos dois dias de Seminário, que aconteceu de forma híbrida, na Escola Politécnica e com transmissão via plataforma Zoom e também pelo canal no YouTube da EPSJV.

“A escolha do tema exprime o compromisso dos discentes do mestrado da EPSJV com o enfrentamento de uma cultura que precisa se adequar à Constituição Federal e aos princípios e diretrizes do SUS, fortalecendo o antirracismo e honrando as lutas das populações historicamente discriminadas pela garantia de todos os seus direitos”, explicou a professora-pesquisadora da EPSJV e coordenadora do Programa de Pós-Graduação da Escola, Ialê Falleiros, durante a mesa de abertura do evento, no dia 28. “Equidade é um dos princípios do SUS. Para atendê-lo, precisamos fortalecer as políticas sociais em geral e de saúde, em especial, que qualifiquem o respeito à diversidade e promovam a igualdade em um país ainda tão desigual”, completou Ialê.

A abertura do encontro também contou com a presença da diretora da Escola, Anamaria Corbo. “Estamos falando da equidade, de como garantimos estruturas e processos educativos que diminuam as desigualdades que estão colocadas historicamente na nossa formação social”, ressaltou Anamaria.

Em seguida, compuseram uma mesa de debates: a pesquisadora e representante da Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa) da Fiocruz, Roseli Rocha; o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Marcos Vinícius de Araújo; e a ex-estudante da EPSJV, Rafaela dos Santos, que fez parte da primeira turma de Qualificação Profissional de Doulas formada pela Escola.

Rafaela frisou como é necessário entender e respeitar a diversidade das pessoas surdas e também a importância da valorização do trabalho dos intérpretes de libras. “A saúde tem muitas faltas e também falta acessibilidade. Por isso, nós surdos continuamos lutando”, disse.

Roseli, por sua vez, explicou como a luta pela equidade é essencial para os profissionais da saúde, uma vez que é um dos princípios do SUS: “Quem atua na saúde tem a responsabilidade de defender a equidade de forma intransigente”.

Marcos Vinícius falou sobre a importância da presença de pessoas negras nos espaços decisórios e como isso tem consequências objetivas para as futuras gerações. “A luta para nós, que estamos nesse campo, não é uma opção, é uma necessidade objetiva. Nós não queremos apenas resistir, nós queremos também pautar as decisões centrais que estão neste país”, declarou o professor.

A discente do mestrado, que faz parte da Comissão Organizadora do Seminário Discente, Tarciane Ornelas, acredita que a diversidade é algo presente na própria estrutura da Pós-graduação da Escola Politécnica, o que enriquece o programa e torna possível o contato com realidades que antes não poderiam ser alcançadas. “Escolhemos a proposta temática de construir pontes entre as diversidades para que possamos integrar o modo de pensar a saúde de qualidade acessível a todas as pessoas. E esse caminho é através da saúde pública, é através do SUS”, disse ela. “Realizar um evento como o Seminário Discente nos ajuda a conhecer e expandir nosso modo de ver, ser e estar no mundo”, concluiu Tarciane.

Lançamento

No evento também aconteceu o lançamento do livro "Diálogos sobre Educação, Trabalho e Saúde diante da pandemia da covid-19: Seminários Discentes do Mestrado da EPSJV", um e-book que reúne trabalhos dos estudantes das turmas 2020 e 2021.

A mesa do lançamento foi composta pela então coordenação da Pós-graduação, Marcela Pronko e Anakeila Stauffer; e pelas discentes Verônica Alexandrino e Ingridh Lima, representantes das turmas de 2020 e 2021, respectivamente.

Em sua fala, Marcela falou sobre a importância do Seminário Discente, destacando o convívio, o acolhimento e a construção coletiva. “É um momento de auto-organização dos estudantes”, comentou. Anakeila completou: “Dessa urgência da atualidade, gerada pela covid-19, que os estudantes tiveram força e coragem para construir conosco esse e-book”.

Para Verônica, as reuniões para organizar os seminários foram espaços de trocas riquíssimas e um “respiro em meio ao caos da pandemia”. “O seminário é uma grande oportunidade para produzirmos ciência. É muito importante levarmos o conhecimento acadêmico para a prática. Não construímos conhecimento somente para ficar na estante. A ciência que produzimos precisa mudar a vida das pessoas”, afirmou. Ingridh corroborou: “O e-book é um compilado do que produzimos, muitas vezes, foram trabalhos que produzimos nas disciplinas. Foi um processo para entendermos qual é o nosso valor dentro da academia. As situações que vivenciamos como acadêmicos e trabalhadores são difíceis, mas é importante persistirmos na nossa jornada”.

Assista ao evento completo em https://www.youtube.com/watch?v=-6WTF-5HfDk&t=2s