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EJA na EPSJV/Fiocruz e a resistência na pandemia

Antes de a pandemia de Covid-19 chegar ao Brasil, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, tinha cerca de 200 alunos matriculados na Educação de Jovens e Adultos, que funciona no turno da noite
Cátia Guimarães - EPSJV/Fiocruz | 22/11/2021 11h09 - Atualizado em 01/07/2022 09h40

Com as aulas presenciais suspensas em função da pandemia, de março a agosto de 2020, os professores produziram materiais próprios para cada disciplina, que foram organizados em apostilas e distribuídos junto com as cestas básicas que, desde o início da crise, a instituição garantiu a todos os seus estudantes. “A gente sabe que muitos dos nossos alunos fazem a sua melhor refeição na escola. Então, garantir que eles tivessem acesso às cestas foi um vínculo de permanência desses alunos que a escola acabou criando”, analisa Renata Sodré, uma das coordenadoras do curso. Em condições normais, fora da pandemia, esses estudantes lancham e jantam na escola, além de receberem um auxílio transporte para o deslocamento.

Na tentativa de manter o processo de ensino e aprendizagem, o contato para tirar dúvidas e dar retorno sobre as atividades foi mantido por whats app. “Muitos levavam a apostila e não faziam nada. Alguns alunos não conseguiam se dedicar sozinhos ao estudo, no tempo que tinham para acessar a escola acabavam ficando dedicados a fazer tarefas da casa”, conta Sodré. Diante disso, um esforço da equipe foi de conversar e tentar fortalecer os vínculos com os estudantes no momento de entrega das cestas, uma vez por mês.

A partir de agosto de 2020, teve início propriamente o ensino remoto. A instituição distribuiu um tablet e forneceu um pacote de dados para todos os alunos. Apesar dessa garantia de infraestrutura para manutenção dos estudos, e do esforço de produzir tutoriais e ajudar no acesso a todas as ferramentas, a “inclusão digital” desse público adulto não foi tarefa fácil. “Mesmo tentando não deixar ninguém para trás, a gente não tinha a possibilidade de fazer esse letramento [digital] tão rápido para que os estudantes pudessem acessar [as aulas]”, diz Sodré. E esse nem de longe era o único problema: “O estudante em casa tem uma atenção difusa, todo o tempo alguém demanda dele. Geralmente as nossas alunas são chefes de família, são mães trabalhadoras que estão ali cuidando dos seus filhos, fazendo jantar e assistindo aula”, conta.

Um ano depois, no final de agosto de 2021, num processo decidido coletivamente e embasado por um Plano de Convivência institucional que estabelece rígidos protocolos de segurança sanitária, as aulas presenciais de toda a escola, diurna e noturna, começaram gradualmente a voltar. Até o fechamento desta reportagem, de acordo com a coordenadora, o número de estudantes da EJA que voltou a frequentar as aulas presenciais aumentou muito em comparação aos que acompanhavam as aulas remotas. A taxa de evasão ainda não tinha sido calculada, mas contabilizavam-se apenas três pedidos formais de trancamento do curso.

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