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EPSJV conclui a formação de jovens moradores de assentamentos rurais

Curso de Qualificação Profissional em Cooperativismo, Agroecologia, Saúde e Ambiente foi financiado pelo Pronera
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 17/11/2016 11h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h45

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) concluiu, no dia 21 de outubro, a formação da turma de 20 alunos do Curso de Qualificação Profissional em Cooperativismo, Agroecologia, Saúde e Ambiente, que foi financiado pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera/INCRA).

No encerramento do curso, foi realizada uma sessão de pôsteres na EPSJV para a apresentação dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) dos alunos. Os trabalhos tinham como objetivo promover a iniciação científica nas escolas do campo, por meio de uma proposta de intervenção dos jovens nos territórios em que vivem. Nos trabalhos, os alunos escolherem temas como a organização de uma cooperativa de mulheres para a produção de artesanato e fitoterápicos, orientação para a criação de uma horta agroecológica, implantação de uma biblioteca para os jovens do assentamento, auto-organização dos jovens no assentamento, recuperação da memória do assentamento e discussão sobre a identidade das crianças do assentamento, entre outros temas. “Eles conseguiram se inserir no universo da pesquisa, que não fazia parte do cotidiano deles. E como era um projeto de intervenção, conseguiram discutir as dificuldades dos assentamentos”, disse Paula Cerruti da Costa, que fez parte da coordenação político-pedagógica do curso.

Para o aluno Jonathan Henrique de Souza Almeida, 22 anos, morador do Assentamento Campo Alegre, na Baixada Fluminense, o curso foi a oportunidade de se aproximar de forma mais orgânica da Fundação Oswaldo Cruz, além de conhecer companheiros de assentamentos de outras regiões do Rio de Janeiro. “São jovens dispostos a estudar e o curso foi importante para reafirmar nossa identidade como juventude rural”, observou ele, que fez um TCC com o tema “Juventude: conheça sua história, conheça sua força”, que promoveu encontros semanais com os jovens do assentamento para discutir sobre assuntos de interesse da juventude e questões atuais do Brasil.

“Esse foi um momento de incorporação das escolas do campo no Provoc. Formular propostas para atender à juventude do campo no que diz respeito à produção de conhecimento na área da saúde e meio ambiente tem sido o novo esforço assumido pelo Provoc”, ressaltou Márcio Rolo, coordenador geral do curso e professor-pesquisador da EPSJV, se referindo ao Programa de Vocação Científica (Provoc) da Fiocruz, que completou 30 anos de atividades em 2016.

Após a apresentação dos trabalhos, o grupo teatral “Ensaio Aberto” realizou uma atividade cultural com os alunos. Em seguida, houve o Ato de Encerramento do Curso e a realização do debate “Por que a Reforma Agrária Popular melhora a vida do morador da cidade?”, com Paulo Alentejano, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Marina Santos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Formação

O Curso de Qualificação Profissional em Cooperativismo, Agroecologia, Saúde e Ambiente, iniciado em maio de 2015, promoveu a formação de jovens moradores de assentamentos do Estado do Rio de Janeiro e foi realizado pela EPSJV em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera/INCRA), a Secretaria Nacional da Juventude (SNJ) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O curso foi financiado pelo edital Residência Agrária Jovem (RAJ), do Pronera, que tinha como objetivo financiar projetos nos assentamentos que incorporem a juventude para fortalecer a produção da vida nos assentamentos. O Pronera propõe e apoia projetos de educação voltados para o desenvolvimento das áreas de reforma agrária, voltados, principalmente para jovens e adultos moradores de assentamentos.

Os jovens, que receberam uma bolsa-auxílio para participarem do curso, são moradores do Assentamento Dandara dos Palmares e Acampamento Madre Cristina, em Campos dos Goytacazes (RJ); Assentamento Zumbi do Palmares, em São Francisco de Itabapoana (RJ); Assentamento Francisco Julião, em Cardoso Moreira (RJ); e Assentamento Campo Alegre, na Baixada Fluminense.

O curso foi realizado no regime de alternância entre tempo escola e tempo comunidade, promovendo uma articulação entre a teoria e a prática. Nos tempos comunidade, além das atividades encaminhadas pelos professores durante o tempo escola, como leituras e pesquisa sobre reconhecimento de território, os professores também foram até os assentamentos para dar aulas.

Entre as diversas atividades desenvolvidas ao longo do curso, a equipe de coordenação destacou uma viagem a Itapeva (SP) para conhecer um assentamento do MST que é organizado em núcleos e agrovilas e que possui diversas cooperativas em funcionamento (de plantas medicinais, grãos, horta agroecológica, leite e derivados, entre outras). “Em um dos tempos escola, os alunos receberam uma formação teórica sobre organização cooperativa e associativismo. Em seguida, no tempo comunidade, os alunos visitaram associações e cooperativas em seus territórios, na região Norte do estado do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense, e também fomos a Itapeva conhecer a forma de organização de outro assentamento”, contou Paula.

O conteúdo do curso se baseou em quatro componentes curriculares: Juventude, Identidade e Cultura; História, Trabalho e Cooperativismo; Território, Saúde e Pesquisa; e Fundamentos do Cooperativismo e Agroecologia. Além desses componentes, o curso teve ainda oficinas (Teatro do Oprimido; Mídias Alternativas; e Expressão e Comunicação) e tempo reservado para a auto-organização dos alunos e encaminhamentos da pesquisa para o TCC.

A coordenação político-pedagógica do curso foi de Paula Cerruti da Costa, Elisângela das Dores Carvalho, Jefferson Almeida Silva, Luana Carvalho Aguiar Leite, João Sávio Monção e Amanda Aparecida Matheus. As aulas foram ministradas por professores da EPSJV – Alexandre Pessoa, Rejane Gadelha, Eduardo Barcelos e Bianca Borges, entre outros - além de professores parceiros de outras instituições de ensino, como a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).