Fomentar o protagonismo feminino por meio de práticas esportivas e destacar o conceito de saúde ampliada a partir dos determinantes sociais: esses são os objetivos do projeto ‘Mulheres em campo: livres, empoderadas e do rugby’, iniciativa inovadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), realizada em parceria com a Federação Fluminense de Rugby (FFRu). Aprovado no edital ‘ELAS nos Esportes – Uma Vitória Leva à Outra’, promivido pela Organização das Nações Unidas (ONU Mulheres) e pelo Comitê Olímpico Internacional, em conjunto com as organizações não governamentais Women Win e Empodera, o projeto consiste em aulas de rugby para 60 meninas com idades entre 15 e 18 anos, estudantes da EPSJV/Fiocruz, da FFRu e moradoras de Manguinhos, território onde está localizado o campus principal da a Fiocruz, na zona Norte do Rio de Janeiro. “Entendemos que a relevância desta iniciativa seja democratizar o acesso ao esporte pela perspectiva da emancipação feminina, bem como promover a interação afetiva, contribuindo para a autonomia e o desenvolvimento integral das jovens”, resume a professora-pesquisadora da EPSJV/Fiocruz Nathália Barros, que divide a coordenação do projeto com Deborah Ciarla, professora de Educação Física da FFRu.

Com práticas semelhantes ao Futebol Americano, o rugby é um esporte coletivo de intenso contato físico, que tem como objetivo final levar uma bola de formato oval com as mãos até o campo do adversário. Segundo Nathália, o rugby foi pensado no projeto pela potência da seleção brasileira feminina do esporte, que é a de maior expressão da América Latina mesmo com diversas dificuldades para o acesso desse esporte entre as mulheres. “Outro motivo é por estar no currículo de Educação Física das turmas de 1º ano do ensino médio integrado da EPSJV/Fiocruz e em diversas pesquisas de monografia da Escola”, acrescenta Nathalia, destacando ainda a parceria com a FFRu: “Desde 2016, eles oferecem cursos de formação docente e oficinas de rugby para os alunos nas Atividades Diversas  do  Politécnico”.  A professora, explica que a abordagem do esporte na escola deve se dar de forma ampla, envolvendo aspectos diversos: “O esporte na escola deve ser um elemento de análise para complexidade da sociedade capitalista, levando em conta a historicidade das práticas esportivas, os fatores que afetam o acesso a essa prática, os impactos fisiológicos para o organismo humano e um escopo para acessar as diferentes formas de expressão corporal”.

"O esporte traz autoconhecimento e nos empodera, porque nos faz abrir novos horizontes, enxergar o mundo com outros olhos, não nos limitarmos por discursos sexistas. Ele nos incentiva a mudar esse quadro de preconceito de gênero. Esse projeto é muito importante ainda mais para meninas como eu, que moram na beira de favela e têm direitos negados"

Joyce Rodrigues, estudante da EPSJV/Fiocruz

Joyce Rodrigues é estudante do 3° do ensino médio integrado à habilitação de Análises Clínicas da EPSJV/Fiocruz e vai participar das aulas de rugby. Para ela, o esporte é uma ferramenta de transformação de vidas e, no caso das mulheres, serve para quebrar o preconceito de discursos machistas. “O esporte traz autoconhecimento e nos empodera, porque nos faz abrir novos horizontes, enxergar o mundo com outros olhos, não nos limitarmos por discursos sexistas. Ele nos incentiva a mudar esse quadro de preconceito de gênero. Esse projeto é muito importante ainda mais para meninas como eu, que moram na beira de favela e têm direitos negados” , ressalta.

As inscrições para participar do projeto ainda estão abertas. Podem se inscrever estudantes  meninas com idade entre 15 e 18 anos da EPSJV/Fiocruz, atletas da Federação de Rugby do Rio de Janeiro e moradoras das comunidades de Manguinhos. Basta enviar um email para mulheres.epsjv.ffru@gmail.com. As aulas acontecerão às terças e quartas ou quartas e quintas, no horário de 14h às 17h, no Aterro do Flamengo e no campus da Fiocruz.

Da ONU para a Fiocruz

Desde 2017, a Ong Empodera oferece cursos de formação para professoras de Educação Física e organizações sociais.  Em 2019, foi lançado o fundo ‘ELAS nos Esportes’, tendo como pré-requisitos para as organizações oferecerem um espaço seguro para a prática esportiva das participantes e terem em sua coordenação e execução mulheres que participaram dos cursos de formação da Empodera, dentre outros. “Soube do edital e, em diálogo com a direção EPSJV/Fiocruz, fui buscar parcerias para implementar o projeto na Escola. Vamos ajudar a empoderar meninas e mulheres através do esporte”, comemora Nathália.