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Escola Politécnica promove mostra online do Programa de Vocação Científica

Trabalhos dos estudantes do Provoc estão disponíveis no Portal EPSJV
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 13/01/2021 14h21 - Atualizado em 01/07/2022 09h42

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) está promovendo neste mês a XXXIII Jornada de Iniciação Científica e a XXV Semana do Programa de Vocação Científica (Provoc) da Fiocruz. Realizada anualmente, a Jornada reúne alunos da Etapa Iniciação, que apresentam seus trabalhos em forma de pôster. Já a Semana reúne os estudantes do 1° ano da Etapa Avançado, que apresentam pôsteres, e os concluintes do programa, que podem optar por apresentações orais para bancas examinadoras compostas por pesquisadores da Fiocruz e convidados de outras instituições de ensino e pesquisa do Rio de Janeiro. Neste ano, por conta da pandemia da Covid-19, a dinâmica foi um pouco diferente: a elaboração e as apresentações dos trabalhos ocorreram de forma remota, culminando na Mostra Online Provoc 2020. Ao todo, 112 trabalhos estão disponíveis no Portal EPSJV até fevereiro. 

O objetivo desses eventos é promover a exposição e discussão dos trabalhos dos estudantes, além do intercâmbio e compartilhamento de experiências e saberes entre eles mesmos, alunos e professores das escolas conveniadas, pesquisadores e demais profissionais da Fiocruz. Segundo a professora-pesquisadora da EPSJV e coordenadora-geral do Provoc e da etapa Avançado, Cristiane Braga, o mais interessante da proposta do programa, para os alunos, é justamente a relação teoria e prática, a vivência do trabalho do pesquisador nos locais de pesquisa. “A suspensão das atividades presenciais complicou muito esse processo. Como substituiríamos essas atividades práticas? Sugerimos que eles continuassem, à distância, a desenvolver seus projetos e pesquisas. Muitos tiveram contato com seus orientadores por videoconferências, por exemplo. Então, tivemos a ideia de promover uma mostra online para que todo o material produzido e a vivência que eles tiveram ficassem registrados para serem compartilhados com todos os interessados”, ressalta Cristiane. 

A ideia da mostra online era que os jovens gravassem um vídeo se apresentando e falando um pouco de seus trabalhos. Entretanto, esse novo formato trouxe alguns desafios a serem superados por estudantes e orientadores, como a falta de equipamentos eletrônicos, como celular ou computador. “Temos alunos com celulares de alta tecnologia e outros que não tinham acesso a um aparelho. Por isso, para aqueles com dificuldades, emprestamos alguns notebooks”, contou a coordenadora. 

A distância trazida pelo isolamento social também foi um fator negativo. Para Cristiane, é muito sofrido para quem trabalha com acompanhamento pedagógico não poder estar perto dos estudantes no dia a dia. “Mesmo tendo reuniões online, não é a mesma coisa. A gente gosta de abraçar, de aconselhar, trocar ideias. Diante desse cenário tão adverso com ataques à ciência, ver a garra, a determinação e o comprometimento dos jovens na produção desse conteúdo é emocionante”, comemora Cristiane, ressaltando a relevância desse processo: “Proporcionar aos jovens, através da participação no Programa, a compreensão crítica do processo de construção e divulgação do conhecimento científico contribui para a formação e o enriquecimento da cultura científica do estudante. Essa mostra online representa a culminância do processo vivenciado pelo estudante ao longo do Provoc, em especial, a superação das dificuldades e dos desafios impostos a nós pela pandemia”.

Na visão da professora-pesquisadora da Escola Politécnica, Telma Frutuoso, que coordena a etapa Iniciação do Provoc, manter os eventos no formato online é uma forma de não deixar os alunos desanimarem. “Tivemos alunos que queriam desistir do programa no meio da pandemia e esse movimento de aluno, coordenação e orientador serviu como um estímulo para todos nós. Fazer esse trabalho foi uma forma de motivação”, destaca, completando: “Quando a gente abre a página da Escola e vê esses trabalhos, a gente percebe que valeu muito a pena. Foi um trabalho conjunto para que tudo fosse feito”.

Jovens cientistas

Aos 20 anos, a estudante Amanda Reyes é ex-aluna do Colégio Pedro II. Ela entrou no Provoc em 2017 e estagiou no Laboratório de Helmintos Parasitos de Peixes do Instituto Oswaldo Cruz (LHPP – IOC) até o ano passado, quando desenvolveu um subprojeto para a etapa Avançado, intitulado “Monogenoidea, Digenea e Nematoda parasitos de peixes Characiformes provenientes do rio Tocantins e afluentes, Estados do Maranhão e Tocantins”. “Durante esses três anos de Provoc, eu estudei a diversidade parasitária de peixes Characiformes do rio Tocantins com a finalidade de obter um maior conhecimento sobre a fauna helmintológica do Brasil”, explica a aluna, que contou com a ajuda da pesquisadora Melissa Querido Cardenas Rossas.

Apesar de ser um projeto com muito trabalho prático a partir de coleta e identificação dos parasitos, Amanda ressalta que não teve muita dificuldade de continuá-lo de forma remota, pois essa parte já havia sido concluída antes do início da pandemia. “Mas, infelizmente, eu ainda não tinha foto de todas as espécies de parasitos que eu encontrei, de forma que nem todos os meus resultados tiveram fotos do meu material. Sobre a parte teórica do projeto, que era escrever o relatório final e montar os slides para a apresentação remota, também não tive dificuldades, já que, graças aos avanços tecnológicos, eu podia sempre entrar em contato com as minhas orientadoras. Assim, eu recebi toda a ajuda necessária e conseguimos terminar tudo dentro do prazo”, conta.

Arquivo pessoalEm relação à importância do Provoc e da Iniciação Científica, Amanda afirma que foi influenciada de duas formas diferentes. “O programa confirmou minha paixão pela área de biomédicas, de forma que decidi cursar Medicina, e estou atualmente cursando um pré-vestibular para realizar esse sonho. E a segunda influência foi em relação a todas as pessoas que eu conheci durante esses três anos, que me receberam com tamanho carinho que é impossível dizer que foi apenas uma experiência profissional. Tenho muita gratidão pela oportunidade que recebi", conclui.

Assim como Amanda, a aluna do colégio São Vicente de Paulo, Carolina Lins e Silva Ney, de 17 anos, é só elogios quando fala do Provoc: “A Iniciação Científica, embora um desafio, foi extremamente benéfica. Eu presenciei situações que não seriam possíveis sem o programa e evoluí muito. Também melhorei o meu método de estudo e a minha habilidade de concentração. Sinto que aprendi mais sobre as dificuldades e os benefícios do trabalho de um pesquisador e de um historiador na prática”.

Carolina participou da etapa Iniciação nos anos de 2019 e 2020 e fez estágio na Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). Ela desenvolveu o trabalho 'Cartas do exílio: Correspondência e escrito de cientistas brasileiros durante a Ditadura militar (1964-1985)'. “Tendo o pesquisador Gilberto Hochman como meu orientador, pude aprender mais diretamente sobre a ditadura militar que ocorreu no Brasil, através de cartas trocadas entre os pesquisadores da Fiocruz que foram aposentados compulsoriamente nesse período. Também tive acesso a jornais antigos, arquivados na Biblioteca Nacional”, comenta a estudante, que disse ter passado todas as tardes de terça-feira pesquisando mais sobre esse período da história do Brasil. 

Com as idas à COC suspensas pela Covid-19, Carolina conta que passou a ter reuniões com o orientador através de aplicativos de celular. “Confesso que foi necessária uma certa adaptação aos novos meios de pesquisa, embora o meu trabalho com os jornais sempre tenha sido efetuado pela internet, consultando a hemeroteca da Biblioteca Nacional. Mas não pude mais ver as cartas, a fonte principal da minha pesquisa e do meu trabalho final, pessoalmente”, lamenta.


Provoc

O Programa de Vocação Científica (Provoc) é uma proposta educacional de Iniciação Científica (IC) na área da saúde para estudantes do Ensino Médio. O Programa foi criado em 1986 pela Fiocruz e, desde então, é coordenado pela EPSJV.

O Provoc é dividido em duas etapas: Iniciação e Avançado. Na Iniciação, com duração de um ano, os alunos se familiarizam com as principais técnicas e objetos de pesquisa de Ciência e Tecnologia em Saúde. Na etapa Avançado, com duração de dois anos, o estudante desenvolve um subprojeto de pesquisa com o seu orientador, passando por todas as etapas de execução de um projeto de pesquisa.

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