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Juventude e tuberculose

Boletim lançado pela EPSJV traz dados sobre a doença entre os jovens em bairro do Rio de Janeiro
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 27/10/2020 12h46 - Atualizado em 01/07/2022 09h42

Foi lançado neste mês o Boletim sobre juventude e tuberculose no bairro do Caju. Produzido pela professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Bianca Leandro, e pelo geógrafo e bolsista da Escola, Reinaldo Lopes, o produto mostra o desenvolvimento da doença no bairro da zona norte carioca entre 2007 e 2019. Além de traçar o perfil dos acometidos nos últimos anos, o documento traz informações sobre a prevenção e o cuidado com os adoecidos e propõe uma reflexão sobre os diferentes fatores que influenciam no processo saúde-doença. “Trata-se de um esforço de utilizar os dados que são cotidianamente coletados pelos serviços de saúde, tentando, na medida do possível, traduzir a informação de um modo mais palatável para a população”, ressalta Bianca.

Reinaldo conta que o primeiro contato que teve com a temática da tuberculose aconteceu enquanto atuava como Agente Comunitário de Saúde (ACS) no bairro do Caju. “Foi aí que me chamou atenção a quantidade de pessoas adoecidas e, quando resolvi pesquisar mais a fundo, pude perceber que era mais grave do que eu pensava”, alerta. Segundo o documento, o Caju chama a atenção por apresentar, recentemente, uma taxa de incidência por tuberculose quase cinco vezes maior que a média nacional. “O aumento, a partir de 2011, dos casos no Caju, se deve também a revalorização da Atenção Básica através da Clínica da Família, que permitiu ao SUS identificar pessoas já adoecidas, mas que não tinham recebido tratamento”, diz um trecho do documento.

O boletim traz informações sobre a tuberculose como sintomas, formas de transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção. Também faz uma abordagem sobre o perfil das pessoas acometidas no bairro. O documento aponta que, dos 477 casos de Tuberculose registrados no bairro, entre 2007 e 2019, 270 (60%) eram homens e 177 mulheres (40%). Ainda de acordo com o levantamento, os jovens com idades entre 12 e 29 anos são um dos principais grupos etários que sofrem com o agravo, representando cerca de 36% dos casos. Já em relação à raça e cor, nota-se que a população negra identificada como “preta” e “parda” é a principal afligida por esse agravo, representando 59% dos adoecidos.

Da onde surgiu

O boletim é um dos produtos da pesquisa “A juventude e a tuberculose no Caju”, vinculada ao projeto de jovens investigadores denominado “Juventude em movimento - Percepções sobre as demandas contemporâneas de jovens para o campo da saúde”, que objetiva compreender quais as demandas de jovens, a partir de suas trajetórias e necessidades, podem ter influência no campo da saúde. Este projeto compõe a Agenda Jovem da Fiocruz.

Os indicadores apresentados no boletim foram feitos com base nos dados disponibilizados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) do município do Rio de Janeiro e foram acessados no dia 2 de dezembro de 2019.