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Mais um passo para a ampliação da radioterapia no SUS

EPSJV inicia em Salvador segunda turma do curso de Especialização Técnica de Nível Médio em Radioterapia com Ênfase em Aceleradores Lineares
André Antunes - EPSJV/Fiocruz | 23/08/2017 11h16 - Atualizado em 01/07/2022 09h45

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) iniciou nesta semana a segunda turma do Curso de Especialização Técnica de Nível Médio em Radioterapia com Ênfase em Aceleradores Lineares. Os alunos, técnicos e tecnólogos em radiologia vindos de oito estados do Brasil, terão aulas na Escola de Formação Técnica em Saúde Professor Jorge Novis (EFTS), em Salvador. Coordenado pela EPSJV, o curso é realizado por meio de cooperação técnica com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e a Secretaria de Gestão do Trabalho e de Educação na Saúde do Ministério da Saúde (Sgtes/MS).

A iniciativa, que faz parte do Plano de Expansão da Radioterapia no SUS, instituído pelo Ministério da Saúde em maio de 2012, tem o propósito de ampliar a oferta de serviços de radioterapia no SUS. Até o fim de 2018, o curso deverá formar 160 trabalhadores vinculados aos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) e Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) integrantes do Plano, por meio do qual o Ministério da Saúde adquiriu 80 aceleradores lineares — equipamentos utilizados no tratamento do câncer — para serem distribuídos por 63 municípios de 22 estados e no Distrito Federal. O professor-pesquisador da EPSJV Alexandre Moreno, coordenador geral do curso, revela que quatro aceleradores lineares já estão em funcionamento, e a previsão é de que até o fim do ano mais três máquinas estejam em operação. “Existem estados que sequer têm tratamento em oncologia”, ressaltou Alexandre, destacando a importância do curso coordenado pela EPSJV, que, além de Salvador, conta com uma turma em São Paulo, cujas aulas iniciaram em maio, e outras três turmas que iniciarão até o fim deste ano, em Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Fortaleza (CE). “Esse curso seria impossível sem as inúmeras parcerias que ajudaram a concretizá-lo. São essas parcerias que nos mostram o tamanho e a capacidade do SUS, que ele é possível e pode ser feito com qualidade, basta que se queira fazer”, iluminou Alexandre.

Novos casos

A subchefe da Radioterapia no Inca, Célia Viegas, revelou que, apenas em 2017, serão diagnosticados 596 mil novos casos de câncer no país. Segundo ela, 70% deles necessitam do tratamento com radioterapia. “Todos os estados estão aquém do número de aparelhos que necessitam”, frisou Célia. Embora mitigar esse déficit seja um dos objetivos do Plano de Expansão da Radioterapia no SUS — que, segundo a especialista, é um dos projetos mais ousados do mundo na área —, há muito mais a ser feito. “Mesmo com a distribuição dos 80 aparelhos, há muito a caminhar ainda. No Brasil, temos um número grande de aparelhos com mais de 20 anos de idade. A situação é um pouco mais complicada do que se imagina: o déficit de aparelhagem chega a 146. A estimativa é que 85 mil pacientes por ano ficam desassistidos, e a consequência disso são mais doentes crônicos e um maior custo para o Estado”, advertiu.

Além da subchefe da Radioterapia do Inca e do professor-pesquisador da EPSJV Alexandre Moreno, a cerimônia de abertura do curso de Especialização, realizada na segunda-feira (21), contou com a presença da coordenadora de Atenção Especializada da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, Maria de Fátima Rocha, da Superintendente de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, Maria do Rosário, e dos diretores da EFTS, Maria José Camarão, da EPSJV, Anakeila de Barros Stauffer, do 8º Conselho Regional de Técnicos em Radiologia, Maria do Amparo Rodrigues de Sousa, e do Hospital Aristides Maltez em Salvador, Humberto Luciano.

Aluno vêm de todo o país

A Especialização Técnica de Nível Médio em Radioterapia com Ênfase em Aceleradores Lineares está organizada em três eixos — Ciência, Saúde e Trabalho —, com carga horária de 900 horas. Todas as turmas têm cerca de seis meses de duração, no modelo concentração e dispersão. Ou seja, os alunos têm duas semanas de aulas teóricas, alternadas com seis semanas de prática profissional e acompanhamento online.  A previsão é que as aulas da turma iniciada esta semana, em Salvador, terminem no início de fevereiro de 2018.

A turma é composta por 31 alunos, vindos de dez cidades: Porto Velho (RO), Salvador (BA), Campo Mourão (PR), Bagé (RS), Maceió (AL), Pelotas (RS), Teixeira de Freitas (BA), Boa Vista (RR), Feira de Santana (BA) e Aracaju (SE). Todos são trabalhadores de hospitais que deverão receber os novos aceleradores lineares previstos no Plano de Expansão da Radioterapia no SUS. “Eu espero, com o curso, adquirir conhecimento suficiente para poder atingir as expectativas quando o serviço de radioterapia for introduzido na minha cidade”, revelou o técnico em radiologia da Santa Casa de Caridade de Bagé, Luciano Guaesque. Segundo ele, a falta do serviço na cidade faz com que muitos pacientes tenham que se deslocar até Pelotas, a cerca de 200 quilômetros de Bagé. “Vários pacientes têm que viajar muito debilitados para fazer radioterapia em Pelotas, é difícil”, relatou.

Já Caleu de Oliveira Dias, trabalhador do Instituto Oncológico de Pelotas, observou que a Especialização oferece uma oportunidade de formação para trabalhadores que, como ele, já trabalham com radioterapia. “Eu exerço a profissão, mas não tenho a habilitação, como 90% dos técnicos em radioterapia no país. A gente trabalha na área, mas não tem oportunidade de fazer um curso como esse. Não tinha como largar o serviço seis meses para ficar se mantendo em outra cidade fazendo um curso. Quando veio esse projeto, para nós, foi excelente, por conta dessa estrutura toda, com bolsa, com tudo”, avaliou.

A carência de profissionais é um desafio e um problema comum a vários estados. Roque Durval, técnico em radiologia do Hospital de Base de Porto Velho, em Rondônia, espera contribuir para suprir essa lacuna. “Meu objetivo é futuramente poder trabalhar com radioterapia em Porto Velho. A esperança é que tenhamos mais aparelhos para suprir a nossa necessidade. Tem muita gente com câncer em Porto Velho e em Rondônia”, contou Roque.

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