Serviços 
O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

Professora cria jogo educativo sobre Imunologia

‘Imunoreal’ é um jogo de perguntas e respostas usado no curso de Análises Clínicas da EPSJV
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 24/05/2014 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47

 Qual a primeira imunoglobulina sintetizada pelo feto? Qual a única imunoglobulina capaz de passar pela placenta? Essas e outras perguntas fazem parte do jogo “Imunoreal’, criado pela professora-pesquisadora Flávia Ribeiro, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). O objetivo do jogo é estimular o processo de aprendizagem dos alunos do Curso Técnico de Nível Médio em Saúde na habilitação de Análises Clínicas. “Sempre me interessei em pesquisar e criar estratégias didáticas a fim de facilitar a aprendizagem desse conteúdo complexo. Criei o jogo porque, assim como faço nas aulas, tento fazer associações para facilitar o entendimento da matéria pelos alunos”, conta Flávia, que ministra a disciplina de Imunologia desde 2008.



O ‘Imunoreal’ é um jogo de perguntas e respostas, com 40 cartas que possuem uma questão e cinco opções de resposta, que visa revisar o conteúdo ministrado na disciplina de Imunologia, que estuda as células e os órgãos e sua interação no sistema imunológico. “O jogo tem o objetivo de propiciar o trabalho lúdico em equipe e provocar uma discussão entre os alunos sobre o conteúdo da disciplina”, observa Flávia.



O jogo é utilizado, desde 2010, com os alunos do terceiro ano do curso de Análises Clínicas, como uma revisão de todo o conteúdo da disciplina, antes da aplicação das provas. A turma é dividida em quatro equipes, que escolhem um nome para o time, como C3 Convertase, Ig Ótimos, Ostimócitos, Imunoglobinas Perspicazes e Inteligência Inata, entre outros relacionados ao conteúdo da disciplina. Após sortear a equipe que vai começar, um representante do grupo escolhe uma carta com uma pergunta. O aluno, então, diz se vai responder à pergunta sozinho ou com a ajuda da equipe. Após a resposta, a turma discute se a alternativa escolhida está correta ou não e, depois, Flávia explica qual é a resposta certa. “Ao mesmo tempo em que o aluno se sente desafiado a responder sozinho, o jogo estimula o trabalho em equipe e a competitividade”, diz a professora.



Todos os anos, após utilizar o jogo com os alunos, Flávia aplica um questionário para que eles digam, sem se identificar, suas impressões sobre a atividade. “Os alunos dizem que o jogo é dinâmico, interativo, divertido e criativo. E que, além de ajudar a revisar o conteúdo, permite verificar seu grau de conhecimento e funciona como uma auto-avaliação”, conta ela, acrescentando que os alunos dizem também que o jogo permite uma abordagem mais simplificada do conteúdo e os motiva a estudar os tópicos que eles percebem que têm menor domínio. “O jogo me ajudou muito a entender melhor a matéria. A dinâmica do jogo faz a gente gravar mais os conteúdos do que quando a gente só tem a aula teórica”, diz a aluna Adriana Oliveira, que sugere que também sejam usados jogos para a disciplina de Química, que também tem um conteúdo complexo.



Flávia destaca que, nessa faixa etária, os jovens estão sujeitos a um bombardeio de informações que desviam a atenção deles, por isso, é importante buscar alternativas didáticas que chamem a atenção desses alunos e facilitem a compreensão do conteúdo ministrado. “Os adolescentes estão saindo da fase de crianças e é difícil prender a atenção deles, eles estão no que é chamado por alguns autores de ‘tempo de dispersão’, então é um desafio grande conseguir atrai a atenção desses jovens”, ressalta a professora, acrescentando que na área de ciências as informações são atualizadas a todo momento, por isso, as atividades lúdicas, como os jogos, são uma estratégia interessante e permitem a assimilação mais fácil de conteúdos complexos. “Achei o jogo muito produtivo porque as alternativas de respostas das perguntas permitem que você chegue à resposta a partir dos conhecimentos que a gente já tem. É uma revisão de tudo que a gente aprendeu e ajuda a tirar as dúvidas”, diz a aluna Rayane Vitória.



Outros jogos



Além do Imunoreal, Flávia criou também o jogo ‘Úlserá?’, que tem regras semelhantes ao jogo de baralho Buraco, com cartas que representam células e outros elementos do sistema imunológico. Nesse jogo, os alunos devem formar trios e quintetos com as imagens correlacionadas.



Outro jogo que Flávia está desenvolvendo é um jogo multidisciplinar, que vai incluir o conteúdo de oito disciplinas do curso de Análises Clínicas – Hematologia, Biologia Molecular, Histologia, Parasitologia, Bacteriologia, Fluídos Corporais, Imunologia e Virologia, sempre no contexto da biossegurança. “A ideia é que este jogo seja usado em conjunto por todos os professores do curso como uma espécie de revisão, no último ano de formação, antes de os alunos entrarem no estágio”, explica Flávia, acrescentando que esse jogo será criado em conjunto por diversos professores do curso.



Monografia



O uso de jogos em sala de aula motivou Flávia a escolher o tema para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Especialização em Docência em Educação Profissional em Saúde da EPSJV. O trabalho de revisão bibliográfica intitulado ‘Jogos para adolescentes na área de Ciências Biológicas: uma estratégia didática’, concluído neste ano, teve como objetivo discutir as possibilidades de aplicação dos jogos em sala de aula, a fim de facilitar a compreensão do conteúdo pelo aluno.



Na pesquisa para a monografia, Flávia identificou, por meio da literatura, que o jogo é bem aceito pelos alunos adolescentes, que se sentem motivados a estudar mais e se interessam pelo assunto. “O jogo pode ser um importante instrumento para auxiliar o aluno na aprendizagem, servindo de revisão de seus próprios conhecimentos, instigando a busca por novos desafios, possibilitando as trocas entre colegas e permitindo ao professor observar e perceber se o conteúdo foi apreendido pelo aluno. A utilização dos jogos didáticos pode contribuir no processo de ensino-aprendizagem”, diz a professora em seu TCC.  



O estudo concluiu que o jogo pode auxiliar o processo de aprendizagem na revisão do conteúdo, na relação entre os alunos e na percepção do conteúdo apreendido. “E embora a relação entre o lúdico e a aprendizagem seja incerta, uma combinação entre eles favorece esse processo”, diz Flávia.



Respostas



Para quem ficou curioso em saber as respostas das perguntas do início da matéria, Flávia ensina: “As imunoglobulinas são os anticorpos e são nomeadas de acordo com suas formas e suas funções. A primeira imunoglobulina sintetizada pelo feto é a IgM e a única imunoglobulina capaz de passar pela placenta é a IgG. Para o profissional de saúde, ter conhecimento sobre essas imunoglobulinas é extremamente importante para o diagnóstico de doenças congênitas após o nascimento”.

Comentários

gostaria de saber como adquirir os jogos