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Projetos de professoras-pesquisadoras da Escola Politécnica são aprovados em edital da Fiocruz

Pesquisas tem temas como Educação Profissional em Saúde e Racismo; Gestão em Saúde e Antirracismo e Matriz Avaliativa do Vínculo Longitudinal na Atenção Primária
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 14/03/2024 13h57 - Atualizado em 14/03/2024 15h42

Três projetos de professoras-pesquisadoras da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) foram aprovados no edital do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde (PMA), ligado à Vice-presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz.

A vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Escola Politécnica, Monica Vieira, comemorou a aprovação dos estudos da Escola em editais de fomento e parabenizou a comunidade que, na visão dela, tem aberto espaço no cotidiano institucional para reflexão e elaboração dos projetos de pesquisa e submissão. “Saudamos os pesquisadores que integram no fazer cotidiano mais esse desafio de coordenar complexos projetos de pesquisa e coloco a equipe da Vice-direção de Pesquisa disponível para acompanhar os processos, apoiar ações e responder demandas que as pesquisas identificam. Essa é uma experiência de aprendizado coletiva e institucional que nos instiga a seguir crescendo juntos e ampliando a nossa responsabilidade de construir referências no campo do trabalho, educação e saúde junto a uma rede de companheiros e instituições parceiras”, ressaltou Monica.

Educação Profissional em Saúde e Racismo

As professoras-pesquisadoras Carolina Dantas e Viviane Soares coordenam o projeto de pesquisa “Educação Profissional em Saúde e Racismo: conceitos, práticas e estratégias de formação”, que tem como objetivo analisar o fenômeno do racismo institucional no Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de narrativas profissionais de técnicos em saúde do SUS e de seus docentes - especialmente os vinculados a escolas técnicas públicas de saúde no Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA) e São Luís (MA).

“É uma pesquisa que conjuga teórico-metodologicamente a Análise de Discurso Materialista e a História Oral. Uma abordagem que, vale destacar, contribui para o fortalecimento da intersecção entre as Ciências Humanas, da Linguagem e da Saúde na sustentação do conceito ampliado de saúde”, ressaltou Viviane. “A partir das entrevistas, produziremos uma coleção digital com quatro ebooks concebidos a partir da utilização dos ’casos clínicos’; um glossário e três vídeos, todos de acesso livre e gratuito. Também está previsto um seminário com o objetivo de lançar esses produtos e, em especial, de promover debates sobre eles e seus possíveis usos e circulação com a equipe do projeto e seus interlocutores", completou Carolina.

Para Viviane, a resposta em relação ao que os técnicos em saúde do SUS e seus docentes, tomados como produtores de conhecimento, têm a dizer sobre o racismo institucional no SUS a partir de suas experiências formativas, cotidianas e no serviço vai na direção de aprofundar a compreensão do racismo institucional direcionado à população negra no campo da saúde, especialmente, no SUS. “E assim formular estratégias para o enfrentamento do racismo institucional no acesso e no cuidado em saúde pela população negra a partir do campo da Educação Profissional em Saúde; bem como formular metodologias de pesquisa e ensino antirracistas no campo da Educação Profissional em Saúde a partir de repertórios tecnológicos variados e ampliar a visibilidade sobre os princípios e diretrizes do SUS e da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, com ênfase na intersecção entre universalidade e equidade”, concluiu.

Gestão em Saúde e Antirracismo

Coordenada pelas professoras-pesquisadoras Letícia Batista e Regimarina Reis, a pesquisa “Gestão em Saúde e Antirracismo: possibilidades para o trabalho, cuidado e educação no contexto da Atenção Primária no SUS”, buscará analisar os mecanismos de reprodução do racismo institucional nos processos de gestão e planejamento em saúde e as suas influências no trabalho, cuidado e educação na Atenção Primária em Volta Redonda (RJ).

Segundo Letícia, Volta Redonda é um município que aderiu ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, e que está em fase de finalização do seu Plano Municipal de Igualdade Racial. “Com isso, surgem questões acerca do papel da gestão em saúde na incorporação desses compromissos no Planejamento em Saúde, visando impactar positivamente, dentre outras problemáticas, a organização do trabalho, a oferta do cuidado e os processos educacionais de trabalhadores, gestores e participação social do SUS na APS”, explicou. “Nossa ideia é desenvolver produtos e estratégias para subsidiar ações antirracistas no âmbito da gestão e do planejamento municipal do SUS”, acrescentou Regimarina.

Mavil na APS

O projeto “Matriz Avaliativa do Vínculo longitudinal (Mavil) na Atenção Primária à Saúde (APS) no SUS: método de avaliação para uso no nível local” é coordenado pela professora-pesquisadora Elenice Machado. O estudo, que envolve pesquisadores de diferentes áreas e instituições, é parte integrante de estudo de validação em desenvolvimento na Escola Politécnica há cerca de uma década.

Segundo Elenice, a Mavil é um método, em processo de validação, proposto para avaliar o atributo do vínculo longitudinal nos serviços de APS no SUS. “O conceito de vínculo longitudinal, construído a partir da minha tese de doutorado, envolve reconhecimento da equipe de APS e da unidade básica de saúde como fonte regular de cuidado, boa relação terapêutica entre profissionais de APS e o paciente, e a continuidade da informação sobre o paciente", explicou.
Como desdobramentos da pesquisa, espera-se estimar o perfil de vínculo longitudinal para o território; o desenvolvimento de novas funcionalidades da Comunidade Virtual da Mavil, que, de acordo com Elenice, embora em funcionamento, ainda carece de aperfeiçoamento; e a elaboração do manual do método. “A finalização de tais etapas possibilitará a disponibilização do método Mavil para uso no SUS”, afirmou Elenice.